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Pintura tirou guarda da depressão e levou suas telas até a Alemanha

Artista aprendeu sozinho e se reconhece no estilo impressionista inspirado em pintor francês

Por Natália Olliver | 21/11/2025 07:00
Pintura tirou guarda da depressão e levou suas telas até a Alemanha
Hemerson José da Silva é guarda municipal e achou na pintura o remédio para depressão (Foto: Arquivo pessoal)

Desde criança, Hemerson José da Silva, hoje com 48 anos, viveu entre o Pantanal de Miranda e a cidade. O cenário inspirou tanto que, apesar de ter seguido carreira como guarda civil, começou a pintar para resgatar essas lembranças e mostrar o amor pela natureza, casas antigas e pela cultura do homem boiadeiro do mato. A arte foi o que salvou o guarda da depressão. Hoje ele tem quadros até na Alemanha.

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Hemerson José da Silva, guarda civil de 48 anos residente em Bonito (MS), encontrou na pintura uma forma de superar a depressão. Inspirado por suas raízes pantaneiras e pela obra do impressionista Claude Monet, ele desenvolve uma técnica única utilizando apenas espátula, sem solventes. Suas obras, que retratam o bioma pantaneiro e sua ancestralidade indígena e negra, já alcançaram reconhecimento internacional, com quadros expostos na Alemanha, Estados Unidos e Holanda. Uma de suas telas, "Boiada Pantaneira", foi comercializada por R$ 4 mil.

Nascido em Campo Grande, mas vivendo em Bonito desde 1998, ele começou sozinho. Em 2014 o processo começou com o pincel, durou dois anos e depois foi para a espátula. Inclusive, Hemerson se orgulha em dizer que hoje a técnica feita é apenas na espátula. Para ele, o estilo na arte que faz é o impressionista.

A inspiração é o pintor francês Oscar-Claude Monet, mais conhecido como Claude Monet. O diferencial do trabalho feito pelo guarda é que ele, além de usar 100% a espátula, não usa solvente.

“Sou autodidata, comecei por motivos de depressão e a cura encontrei na pintura. É onde me encontro com minhas raízes, minha alma pantaneira. Desde criança via as comitivas do Pantanal, os pés de ipês nos corixos, os boiadeiros. Canalizei toda essa experiência. Achei na minha arte uma maneira de expressar através. Entre natureza e civismo pulsa o mesmo coração”.

Segundo ele, outra inspiração é a ancestralidade da família, os avós indígenas e negros, temas frequentes nos quadros de Hemerson. Inclusive, em alusão ao Dia da Consciência Negra, lembrado em 20 de novembro, ele até fez exposições chamadas “Corpo-Luz: Libertar pela Arte”.

Pintura tirou guarda da depressão e levou suas telas até a Alemanha
Pintura tirou guarda da depressão e levou suas telas até a Alemanha
Artista se classifica com estilo impressionista inspirado por pintor frânces (Foto: Arquivo pessoal)

As telas estavam em escolas e instituições de Bonito, cidade onde mora. O objetivo foi provocar reflexão sensível sobre a luta pela liberdade e a resistência do povo negro.

“Retrato a minha ancestralidade, a origem da avó materna indígena e avós paternos negros. Tudo isso canalizei pra desenvolver meu estilo de pintura. A exposição surgiu desta ideia de expressar e transformar, através da arte, pensamentos racistas que ainda existem em nossos dias. Levantei a bandeira desse tema tão delicado em nossos dias. Surgiu dessa necessidade”, comenta.

A carreira nas artes não interfere no ofício como guarda municipal. Para Hemerson, a carreira chegou primeiro. Ele usa a arte como resposta ao dia a dia mais rígido e muitas vezes preconceituoso.

Confira a galeria de imagens:

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“Uso como inspiração o choque de dois mundos tão antagônicos, muitas vezes até preconceitos pela função que desempenho como funcionário público. Transformo como mola propulsora para expressar, através da arte, a minha identidade. Entrei em dois mundos do trabalho: de dia, disciplina, aplicação das leis, hierarquia. Transformei isso e canalizei”.

Pintura tirou guarda da depressão e levou suas telas até a Alemanha
Pintura tirou guarda da depressão e levou suas telas até a Alemanha
Pantanal, homem boiadeiro, ipês, indígenas são temas que Hemerson mais pinta (Foto: Arquivo pessoal)

O artista comenta que o que mais gosta de pintar são as belezas do bioma pantaneiro e, em especial, os ipês-amarelos que fazem parte do Cerrado. Sobre as obras, Hemerson fala com alegria sobre as telas que chegaram do outro lado do mundo. Algumas estão na Alemanha, Estados Unidos e Holanda. Uma custou R$ 4 mil e foi batizada de “Boiada Pantaneira”. Outra que está no exterior é a tela intitulada “Majestade Ancestral”, que retrata um indígena.

As encomendas de quadros são feitos direto para o artista pelo número (67) 9203-9729.

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