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Comportamento

Roberto saiu da Venezuela para virar chapeiro e sonha em conquistar o Brasil

De passagem pela Capital, ele contou que ganhou o emprego em Porto Alegre e quer virar empresário dos brasileiros

Alana Portela | 22/01/2020 08:48
Com sorriso no rosto, Roberto Israel Ruiz conta que conseguiu emprego  (Foto: Henrique Kawaminami)
Com sorriso no rosto, Roberto Israel Ruiz conta que conseguiu emprego (Foto: Henrique Kawaminami)

Em busca de um futuro melhor, Roberto Israel Ruiz saiu da Venezuela para virar chapeiro no Brasil. Com sorriso no rosto e muito carismático, ele recebeu o Lado B na Casa de Passagem da Cruz Vermelha ontem, durante sua estadia na Capital e comentou que está em terras brasileiras há dois anos.

“Quis sair do meu país porque quero crescer, trabalhar. Vim com meu pai, que trabalha fazendo ações solidárias. Tinha 15 anos quando cheguei, não sabia fazer nada porque na Venezuela eu só estudava”, conta.

Quando finalmente chegou na fronteira do Brasil com a Venezuela, na cidade de Pacaraima, em Roraima, enxergou uma luz no fim do túnel e mesmo sem entender uma palavra de português, Roberto estava disposto a tentar. “Foi complicado no começo, mas quem quer aprende e hoje arrisco o 'portunhol'. O que diferencia aqui de lá é a cultura e também porque no Brasil tem mais pessoas legais”.

Na Casa de Passagem da Cruz Vermelha as crianças venezuelanas brincam para passar o tempo (Foto: Henrique Kawaminami)
Na Casa de Passagem da Cruz Vermelha as crianças venezuelanas brincam para passar o tempo (Foto: Henrique Kawaminami)
Os venezuelanos se reuniram para conversar e distrair lembrando do passado e das famílias (Foto: Henrique Kawaminami)
Os venezuelanos se reuniram para conversar e distrair lembrando do passado e das famílias (Foto: Henrique Kawaminami)

Não demorou muito e Roberto conseguiu arrumar alguns bicos e trabalhou com forros, manutenção de ar condicionado e foi chapeiro em Roraima. “Trouxe minha mãe e irmã pra ficar com a gente. Agora, surgiu essa oportunidade de trabalhar em Porto Alegre, devo chegar lá em alguns dias e estou ansioso porque é um lugar novo”.

O rapaz recebeu apoio da Operação Acolhida em Roraima até ser transferido para o sul do país, mas antes passou por Campo Grande até receber a passagem de ida para Porto Alegre.

Apesar da felicidade de ter conseguido um emprego, Roberto não desgruda do celular para matar a saudade da família que continua em Roraima. Contudo, ele sabe que no início nada é fácil, mas não teme. “Começar do zero é difícil, porém a vida é assim. Não tenho medo, vou lutar para ser alguém na vida. Quero ser empresário, ter 10 empresas e a primeira vai ser de lanches”, diz ele todo faceira e esperançoso.

Daqui uns dias, a carteira assinada vai comprovar que Roberto está trabalhando e não correrá mais risco de ser deportado para Venezuela. Ele é apenas um exemplo de vários outros venezuelanos que precisam de apoio neste momento e na Cruz Vermelha de Campo Grande, os moradores podem se tornar voluntários da Casa de Passagem ou fazer doações de alimentos, produto de higiene pessoal e até brinquedos para distrair as crianças.

Os imigrantes são acolhidos na casa, onde recebem alimentos, atendimentos de primeiros socorros, acompanhamento psicológico se necessário e descansar num alojamento. O abrigo é apenas uma ponte para receber os venezuelanos que saem de Roraima com destino a outras cidades e estados.

Os voluntários trabalhando na cozinha para preparar o alimento (Foto: Henrique Kawaminami)
Os voluntários trabalhando na cozinha para preparar o alimento (Foto: Henrique Kawaminami)

Por serem estrangeiros, existe três opções de interiorização para que não sejam deportados. Após comprovar ser um imigrante, eles precisam ter algum vínculo empregatício como Roberto, restabelecer laços familiares ou ser "adotado" por alguma família brasileira, o chamado restabelecimento social. 

“O restabelecimento familiar é quando o pai ou filho já está trabalhando num local e quer levar a família e a missão acolhida faz o transporte. O restabelecimento social é quando uma entidade ou família aceita acolher um venezuelano, mas assina um termo de responsabilidade por um ano”, explica Tácito Nogueira, presidente da Cruz Vermelha.

Os que sempre gostam de ajudar o próximo e estão abertos a receber um venezuelano em casa podem ir até a Cruz Vermelha, localizada na rua Barão de Melgaço, nº 58 - Centro, para fazer o cadastro e obter mais informações.

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