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Comportamento

Sem saber que estava doente, Hugo precisou do rim da irmã para viver

Mecânico viu a vida mudar de uma hora para outra quando o órgão parou de funcionar repentinamente

Por Natália Olliver | 29/04/2025 13:36
Sem saber que estava doente, Hugo precisou do rim da irmã para viver
Mecânico paraguaio foi salvo por irmã após receber novo rim (Foto: Arquivo pessoal)

"Nunca imaginei que algo assim pudesse acontecer comigo". A aparência de Hugo Villalba, de 44 anos, não anunciava o que acontecia dentro do corpo do paraguaio. Morador de Ponta Porã, fronteira entre o Brasil e o país vizinho, o mecânico viu a vida mudar de uma hora para outra quando os rins pararam de funcionar repentinamente.

A situação foi emergencial e não houve tempo de aguardar na fila de espera por um novo rim. O jeito foi recorrer à família para tentar ser salvo. Por sorte, uma das irmãs era compatível e conseguiu doar um dos órgãos para ele. Caso a cirurgia desse certo, ela prometeu que iria distribuir cachorro-quente para a comunidade.

Sem histórico de qualquer doença que justificasse o quadro, ele foi pego de surpresa após o trabalho, em um dia comum.

“Naquele dia, cheguei do trabalho por volta das 12h para almoçar, como sempre fazia. Mas comecei a me sentir mal de repente e o cheiro da comida me incomodava. Eu não conseguia comer nada. Fui para o quarto, me deitei e, 10 minutos depois, levantei para vomitar bastante.” O sucesso do transplante foi comemorado por toda família.

Quando acordou às 13h30, Hugo comeu duas bananas e voltou ao trabalho. Às 18 horas, o vômito voltou com tudo e a pressão subiu para 18. Naquele mesmo dia ele foi até o hospital da cidade e após exames, foi constatado que o órgão não estava conseguindo trabalhar mais.

“Eu fui lá, consultei com um nefrologista [especialista no diagnóstico e tratamento de doenças nos rins], subi na balança e eu tinha 58 kg. O doutor fez um cálculo e depois  me falou que eu tinha que fazer urgente o transplante ou hemodiálise. Não acreditei, não sentia que estava doente. Depois fiz de novo os exames e saiu a mesma coisa, que o meu rim estava funcionando 30%”.

Com medo, Hugo começou o tratamento e colocou uma fístula, uma pequena cirurgia de conexão entre veia e artéria. Isso facilita o acesso vascular durante o tratamento de hemodiálise.

“Não foi fácil não, mas graças a Deus deu tudo certo. A minha família nunca me deixou sozinho. Os meus irmãos fizeram as provas de compatibilidade para eu poder fazer o meu transplante”.

Sem saber que estava doente, Hugo precisou do rim da irmã para viver
Sem tempo para esperar na fila, Sônia Villalba doou um rim para o irmão (Foto: Arquivo pessoal)

De nove irmãos do mecânico, quatro estavam aptos para fazer o transplante. Porém, a pessoa mais indicada para a cirurgia era Sônia Villalba, de 55 anos. Ela explica que a operação foi um sucesso.

“Estou me recuperando. Foi alegria total. Meus parentes, irmãos e a comunidade me recepcionaram. Estou muito feliz pelo meu irmão, por ter doado, porque não tinha mais jeito. Tenho três filhos e três netinhas. Estou muito contente. Ele ainda está se recuperando no hospital, mas a cirurgia foi um sucesso”.

O procedimento foi feito em São Paulo, mas Sônia tratou de voltar logo para a fronteira para cumprir uma promessa especial: distribuir 500 cachorros-quentes para as crianças e pessoas da comunidade. A atitude é uma maneira de retribuir o carinho e apoio de todos durante o processo.

“Cachorro-quente é o nosso agradecimento com a criançada, com Deus pela bênção que recebemos. Por isso vamos doar aqui no bairro".

Quem comemora o final feliz que a história de Sônia e Hugo teve é uma das irmãs, Irma Villalba.

“Eu corria atrás para conseguir isso. Falava daqui e de lá, procurava recurso até que a gente conseguiu. Dos nove filhos, quatro eram compatíveis com o Hugo. Uma tinha problema do coração, outra estava grávida, e a Sônia era a mais saudável e boa para doar. Deu tudo certo.” Ela explica que a família nasceu no Paraguai, mas que está há 13 anos em Ponta Porã.

Após todo o susto, o que Hugo mais quer é voltar à rotina e ao trabalho, que por sinal era uma das paixões dele.

“Agora eu não posso, mas meu sonho é voltar a trabalhar de novo, fazer as coisas que eu mais amo, que é arrumar os carros.”

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