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Consumo

Haja bolso para ir às Festas Juninas das escolas da criançada

O “arraiá” em algumas escolas virou espécie de evento VIP, onde até o aluno paga

Por Clayton Neves | 10/06/2025 17:18
Haja bolso para ir às Festas Juninas das escolas da criançada
Quadrilhas são atrações das festas e animam a criançada nas escolas de Campo Grande. (Foto: Paulo Francis)

As comidas típicas e bandeirolas ainda dão o tom das festas juninas escolares, mas o que na essência é uma celebração simples e comunitária virou, para muitas famílias, um gasto que tem pesado no bolso. Em Campo Grande, o “arraiá” nas escolas particulares virou  espécie de evento VIP, com ingressos, passaportes para atrações e pratos a preços que estão na mira de reclamações até de quem tem dinheiro "sobrando".

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Festas juninas escolares em Campo Grande têm gerado debate entre pais devido aos altos custos. O que antes era uma celebração simples, agora se assemelha a um evento VIP, com cobranças de ingressos, passaportes para atrações e preços elevados em comidas e bebidas. Em algumas instituições, até mesmo os alunos, que são as principais atrações das quadrilhas, precisam pagar para participar. A cobrança de ingressos para pais que desejam assistir aos filhos se apresenta como um dos pontos mais questionados. Embora algumas escolas isentem os alunos da taxa de entrada, a cobrança para os pais que desejam prestigiá-los na quadrilha é comum. Apesar das reclamações, especialistas em direito do consumidor afirmam que a cobrança é legal, desde que a natureza extracurricular e facultativa das festas seja transparente e previamente informada aos pais. A polêmica reside no contraste entre a tradição comunitária das festas juninas e a crescente comercialização desses eventos escolares.

Nem mesmo os próprios estudantes têm escapado da ‘taxação’ de alguns colégios, onde eles são as atrações principais, ou pelo menos deveriam ser. Com a realidade imposta, dançar quadrilha agora exige planejamento financeiro de amigos e familiares para garantir um lugar na plateia.

No Colégio Osvaldo Tognini, por exemplo, alunos tiveram de pagar o ingresso de R$ 15 como qualquer convidado, e ainda precisaram comprar o uniforme exigido para dançar. “O mais louco é que até o aluno paga. Mais louco ainda é que as escolas recebem patrocínio e cobram porcentagem da venda das barracas”, critica um pai, que preferiu não se identificar.

Além de pagar pela entrada, os pais ainda bancam comidas, bebidas, pescaria a R$ 15, maçã do amor a R$ 10, e até passaporte de brinquedos por R$ 50, por isso, ele acrescenta: “É um grande negócio onde seu filho dança não mais pela comemoração, mas pela importância comercial do evento”.

Haja bolso para ir às Festas Juninas das escolas da criançada
Anúncio com valores das entradas em uma escola de Campo Grande. (Foto: Divulgação)

No arraial do Colégio Refferencial aluno também paga, só que um pouco mais barato, R$ 15. Para convidados o valor é R$ 25 antecipado e R$ 30 na portaria. A escola informou que os valores pagam os custos com montagem e funcionários, e o valor arrecadado ajuda na formatura dos estudantes.

Na Escola Harmonia, os convites custaram de R$ 50 a R$ 100 dependendo do lote, e mesas com 8 lugares saíam por R$ 300, valor que não incluía nenhuma consumação. Já a tabela de preços da festa tinha desde espetinhos a R$ 25 até hambúrguer a R$ 30. Para beber, água a R$ 5 e cervejas por até R$ 15.

Já no Colégio Status, a entrada custou R$ 30 antecipada ou R$ 40 na hora. No entanto, crianças até 7 anos e os alunos não pagavam, mas os pais, que queriam ver os filhos na quadrilha, precisavam comprar ingresso.

Haja bolso para ir às Festas Juninas das escolas da criançada
Mesas com oito cadeiras chegam a custar R$ 900. (Foto: Divulgação)

“Eu entendo que a escola oferece uma estrutura, oferece atrações, mas, particularmente, eu como mãe vou para ver meu filho dançar. Além disso, na festa já cobram a comida, a bebida, os brinquedos, então acho que pelo menos o convite dos pais deveria estar incluso junto com o do aluno. Eu só fui ver meu filho dançar e depois fui embora. Ao todo devo ter ficado uma hora na festa.”, conta a mãe Ketlen Gomes, de 30 anos.

No Colégio Marista Alexander Fleming, o ingresso individual está no 3° lote por R$ 75 e a mesa com oito lugares sai a R$ 900 pelo mesmo lote e dá direito a um espaço mais reservado. No anúncio, a escola informou que todo valor arrecadado será destinado à reforma dos banheiros do Instituto Misericordes, no Bairro Parque do Lageado.

Mesmo com críticas, a cobrança é legal, desde que transparente. O advogado Thiago Novaes Sahib, especialista em direito do consumidor, explica que, por serem atividades extracurriculares e facultativas, as festas podem sim ter cobrança, “desde que isso esteja claro no contrato ou seja previamente informado aos pais”.

Haja bolso para ir às Festas Juninas das escolas da criançada

Ele lembra que não pode haver prejuízo para quem não participa, e que os eventos “não contam como hora-aula nem devem ser usados como critério de nota”.

“Em alguns casos, escolas fazem homenagens simples, como no Dia das Mães, dentro da rotina, sem cobrança. Mas se houver estrutura de show, praça de alimentação e atrações externas, o custo é permitido”, detalha Sahib.

Procuradas pela reportagem do Lado B, as escolas Osvaldo Tognini, Status e Harmonia não se manifestaram até o fechamento desta reportagem.

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