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DEZEMBRO, QUINTA  12    CAMPO GRANDE 22º

Conversa de Arquiteto

A arquitetura que guarda o passado e o Museu da Cidade, que nunca foi construído

Angelo Arruda | 25/05/2016 06:25
Museu de Arte Contemporânea – Marco
Museu de Arte Contemporânea – Marco

Há muito tempo venho construindo idéias para escrever essa página de hoje: A arquitetura dos Museus em nossa cidade.

Antes da construção do Museu de Arte Contemporânea – o Marco -, projeto do arquiteto Emmanuel de Oliveira, do início dos anos 90, havia muito pouco material para se falar do assunto. Afinal, poucos espaços existiam na cidade e comentar acerca deles e de sua arquitetura era ainda incipiente.

Lembro aos meus leitores que, em outubro de 2000, quando escrevia uma página Arquitetura & Cidade no Jornal de Domingo, me referia à retomada das obras do Marco (Museu de Arte Contemporânea) naquele mês, tal a importância que dedico ao assunto. Hoje ele é um dos principais espaços museológicos de nossa capital, localizado no Parque das Nações, com acesso pela Rua Antônio Maria Coelho, com intensa programação.

Museu da Cidade, que nunca foi construído.
Museu da Cidade, que nunca foi construído.

Entretanto, posso afirmar que, apesar do esforço governamental municipal e estadual, ainda temos muito chão para caminhar, muitos espaços para erguer ou estruturar ou ainda, muitas idéias para concretizar.

A pergunta que fica no ar: se já tivemos a pintora Lídia Baís no passado, conectada com a produção do eixo Rio- São Paulo, se temos hoje Humberto Espíndola, que desde os anos 60 nos conecta com o mundo das artes fora de Campo Grande, A e se temos mais de 200 bons artistas em todas as áreas, o que nos falta? Qual a arquitetura que nos falta erguer ou reformar para nossos Museus? Onde está o Museu da Cidade, o do Estado, o do Homem, dos Migrantes? Onde estão guardadas nossas memórias e onde se expõem nossas arquiteturas?

Falando em Museu da Cidade, quase ele existe. No ano do centenário de Campo Grande, em 1999, um prédio foi motivo de concurso público, ganho pelo famoso arquiteto mineiro já falecido Éolo Maia (foto abaixo) mas que, por problemas no concurso, o projeto atrasou demais e a obra foi suspensa. O terreno escolhido, em frente ao Shopping Campo Grande, onde se encontra o Parque das Águas, na avenida Afonso Pena.

Museu das Culturas Dom Bosco
Museu das Culturas Dom Bosco

Para começar, vamos falar do que temos e depois, falarmos do que precisamos.

De acordo com o Perfil Sócio Econômico de Campo Grande, temos diversos museus, dentre eles: o da Aviação de Busca e Salvamento, localizado na Base Aérea; o da FEB – Força Expedicionária Brasileira, no antigo Quartel da Afonso Pena; o MIS – Museu da Imagem e do Som, no Memorial da Cultura; o do Telefone, na antiga Telems, atual Vivo, no bairro Monte Carlo; o Museu das Culturas, antigo Museu do Índio, o Dom Bosco, no Parque das Nações Indígenas; o José Antônio Pereira, na antiga Fazenda Bálsamo, Avenida Guaicurus, saída para São Paulo; o Lídia Baís, na Morada dos Baís, na Avenida Afonso Pena; o Museu Arqueológico da UFMS, coordenado pelo professor Gilson Martins, também no Memorial da Cultura e o MARCO, no Parque dos Poderes.

Memorial da cultura indígena no bairro Tirandentes
Memorial da cultura indígena no bairro Tirandentes

Em visita recente às obras do Museu Dom Bosco da História das Culturas, antigo Museu do Índio, pude admirar a arquitetura daquele prédio projetado pelos arquitetos Élvio Garabini e Eduardo Fachini nos anos 90 e inaugurado pelo Governo do Estado, em parceria com a Universidade Católica Dom Bosco.

De todos esses prédios, podemos notar que alguns deles funcionam em importantes prédios históricos de nossa cidade, como a antiga Fazenda Bálsamo, onde residia o irmão do nosso fundador; o Quartel da Afonso Pena; os demais funcionam em prédios administrativos e apenas um deles, o MARCO, se constitui em prédio projetado e construído com tal finalidade, embora ainda inconcluso, pois, a parte da Bienal não foi finalizada.

Memorial contém o Museu da Arquelogia no primeiro andar.
Memorial contém o Museu da Arquelogia no primeiro andar.

Esse conjunto de espaços, ainda carentes de uma política estadual, são estruturados com baixos investimentos público e privado e nos priva de visita a exposições e acesso a informações.

Nesses anos últimos, uma coisa na política de museus mudou muito: deixam de ser apenas espaços para guardar e expor e passam, também, a ser espaços de pesquisa e de produção cultural. Com isso, abrem-se as perspectivas de um novo tempo para as diversas atividades culturais em Mato Grosso do Sul.

No tempo presente, o que precisamos, além de uma política concreta e de sua execução, são espaços que definam os contornos da cultura e do patrimônio a ser preservado e exposto e, com isso, possibilitar o surgimento de novos espaços museológicos em Campo Grande.

Exemplo dessa afirmativa é o Museu Ferroviário de Campo Grande que a ONG Ferroviva batalhou pela sua implantação e que hoje, apesar de tudo e do aval do município, ainda não foi efetivado. No mais, museus para guardar e expor nossas artes e memórias são sempre muito bem vindos pois animam nossa cidade e aumentam nossa autoestima.

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