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Sabor

No São Lourenço, terapia contra depressão e o luto viraram sushi requintado

Adriano Fernandes | 25/01/2016 06:12
Hondashi Sushi tem do rodízio ao "combinado" de sushis. (Foto: Fernando Antunes)
Hondashi Sushi tem do rodízio ao "combinado" de sushis. (Foto: Fernando Antunes)

Dos arranjos do salão principal até a disposição das mesas e a iluminação, cada detalhe de um dos mais novos sushis de Campo Grande impressiona pelo bom gosto. No cardápio, os risotos ou o filé grelhado, também ficam como opção ao lado das iguarias clássicas da culinária oriental.

As mais de dez sugestões de drinks completam os ares de sofisticação no Hondashi Sushi Bar, aberto desde dezembro no Jardim São Lourenço. A responsável por tanta dedicação é a hoje empresária, Sandra Nantes, que viu no mais novo desafio, uma forma de superar a dor da perda, o luto e um princípio de depressão.

Sandra via no negócio uma forma de vencer o luto e recomeçar de novo após a aposentadoria.(Foto: Fernando Antunes)
Sandra via no negócio uma forma de vencer o luto e recomeçar de novo após a aposentadoria.(Foto: Fernando Antunes)

De um sorriso e simpatia que encantam, Sandra define a trajetória dos últimos dois anos de sua vida, como no mínimo, difícil. “Não gosto de me lembrar como um período triste, mas eu diria que até a abertura do restaurante, minha vida passou por um momento,´diferente'”, ela conta.

Depois de 36 anos trabalhando como funcionária pública, se lembrar do que motivou a aposentadoria, ainda gera emoção. Era o final do ano de 2014 e sua irmã, Izildinha Nantes na época aos 56 anos de idade, retornava para o Brasil depois de passados três anos entre o tempo em que viveu em São Paulo, se casou e foi morar em Miami.

“A previsão era de que ela viesse para ficar por pelo menos uns 30 dias. Ela disse que ia vir ver nossa mãe e também me buscar”, ela ri. Sandra ainda se recorda que o dia 10 de dezembro daquele ano, era para quando estava marcada a viagem de retorno, que nunca ocorreu.

O diagnóstico das frequentes dores nas costas de Izildinha, durante o tempo que ainda estava em Campo Grande, foi o de um tumor maligno de 12 centímetros em uma das glândulas dos rins. Daí em diante, a aposentadoria que até então era uma escolha, se tornou uma necessidade.

Muito ligada a Izildinha, Sandra conta que não mediu esforços na tentativa de melhorar o quadro de saúde da irmã. Entre dezenas de terapias e complicações da doença, o tratamento que teve início em Campo Grande foi transferido para São Paulo. E Sandra, sempre ao seu lado.

“A partir da descoberta da doença, houve um desespero. O marido queria levar ela de volta para os Estados Unidos, mas eu fiz questão de manter ela aqui no Brasil e acompanhá-la de perto”, explica.

A decoração do ambiente foi inspirada em bares e restaurantes badalados de São Paulo.
A decoração do ambiente foi inspirada em bares e restaurantes badalados de São Paulo.
As taças dão um toque ainda mais sofisticado e clássico. (Fotos: Fernando Antunes)
As taças dão um toque ainda mais sofisticado e clássico. (Fotos: Fernando Antunes)

Foram aproximadamente cinco meses dentre o tratamento em Campo Grande e São Paulo, mas sem resultados positivos. “Saímos de Campo Grande e por quatro meses, fiquei ao lado dela. Mas voltei com ela dentro de um caixão”, se emociona. Sandra detalha o quanto era próxima da irmã, como quem tenta expressar o tamanho daquela perda em sua vida.

Muito divertida, ela se recorda dos “agitos” que fazia ao lado da irmã em visitas durante as férias, no Brasil e também no exterior. Conta que mesmo opostas uma da outra, na forma de agir ou pensar, o carinho de irmãs sempre prevalecia.

“Ela era evangélica, mais contida e eu, muito falante, brincalhona e festeira. Mas sempre nos demos muito bem, desde criança”, ela ri. Após a morte de Izildinha, o sentimento era de saudade, mas também de impotência.

“Fiquei trastornada, completamente arrasada. Eu sempre trabalhei, sempre fui muito ativa e me vi em uma situação onde eu havia perdido uma pessoa muito importante para mim e recém aposentada. A depressão estava sendo uma consequência, então eu precisava me ocupar de alguma forma”, se queixa.

A calda do sushi filadélfia é a base de abacaxi e pimenta. (Foto: Fernando Antunes)
A calda do sushi filadélfia é a base de abacaxi e pimenta. (Foto: Fernando Antunes)
Só de olhar já dá água na boca. (Foto: Fenando Antunes)
Só de olhar já dá água na boca. (Foto: Fenando Antunes)

Sandra brinca que se tornou até sindica do condomínio do filho, o administrador de empresas Wilson Nantes, de 25 anos, em busca de uma ocupação. Foi quando ela decidiu abrir um sushi bar, ao lado dele, que havia recém se formado.

Ela surgiu com a ideia e Wilson com o conhecimento de mercado e a ousadia de investir em um empreendimento num bairro, ao invés da região central.

“Eu fiz uma pesquisa sobre o local e constatei que pelo bairro, não havia um restaurante com a mesma proposta que a nossa, em um lugar de fluxo tão intenso”, comenta Wilson. Em seguida mãe e filho e agora também sócios, foram em busca de um ponto comercial.

No endereço onde hoje fica o espaço intimista do Handoshi, antes era uma academia e até loja de roupas, segundo Sandra. Ela detalha que ao todo, foram aproximadamente quatro meses de reformas e que cada melhoria do prédio, foi planejado e acompanhado por ela. Hiperativa que só, ela conta que desde a cor das paredes, até os móveis, tudo foi ela quem escolheu e foi adaptando.

A decoração foi inspirada em conceituados pontos da noite paulistana, como o Mori Restaurante e o bar Charles Edward. Dividido em dois ambientes que integram a cozinha e o bar, o clássico dos móveis e das taças sobre a mesa, contrasta com detalhes mais contemporâneos. Da iluminação em tom avermelhado, até as mesas ou os móveis feitos com madeira de demolição.

“Já que eu ia abrir um negócio, queria fazer algo bem feito e bem planejado. Não queria montar um restaurante que fosse só mais um sushi, em um ponto um pouco mais distante do centro da cidade. Então esse desafio foi o que mais me motivou”, diz.

A beleza das cores nos drinks são um show a parte. (Foto: Fernando Antunes)
A beleza das cores nos drinks são um show a parte. (Foto: Fernando Antunes)
A cada drink, o segundo fica por conta da casa.(Foto: Fernando Antunes)
A cada drink, o segundo fica por conta da casa.(Foto: Fernando Antunes)

Na cozinha, a equipe chefiada pelo sushi man Diogo Rachid fica responsável pelos pratos que só de imaginar, dão água na boca. Dentre os especiais, são pelo menos quatro variedades de ceviches do peruano ao de frutos do mar. Destaque para o famoso sushi Filadélfia, com calda agridoce de abacaxi com pimenta.

Além do tradicional rodízio completo a R$ 49,90, o “combinado” da casa permite ao cliente escolher os sushis de sua preferência em um mesmo prato, por um preço mais barato. Para quebrar a rotina e agradar também quem não se dá com a culinária oriental, o filé mignon grelhado ou os risotos de salmão ou filé com legumes, são outras opções.

Os drinks também merecem destaque, com variedades e cores que dão um show a parte. O manjericão dá um toque mais marcante ao Soft Drink de morango. Os espumantes, são as estrelas principais do Aperol Spritz e o Belline, à base de suco de pêssego. E a cada pedido do cliente, o segundo fica por conta da casa.

Mesmo com o empreendimento sendo recente, Sandra já comemora o andamento do negócio. O sushi bar que começou por influência do filho, também representou o seu recomeço após a aposentadoria e o luto. “Foi o meu tratamento, minha terapia, uma espécie de fuga diante de tudo que eu passei”, conclui.

O Hondashi Suhi Bar fica na Rua Marquês de Lavradio, 359 e abre de terça-feira a domingo, das 19h até as 23h30. O local aceita reservas e passa cartões de crédito e débito.

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Para quem não é adepto da culinária oriental, o risoto de salmão do Hondashi é uma delicia de opção. (Foto: Fernando Antunes)
Para quem não é adepto da culinária oriental, o risoto de salmão do Hondashi é uma delicia de opção. (Foto: Fernando Antunes)
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