Em 1º de julho, 2 usinas de MS entram em esquema contra escassez hídrica
Na crise da água, governo manda reduzir vazão e hidrelétrica tem 4º pior volume
Com a maior crise hídrica em 91 anos na bacia do Rio Paraná, o segundo maior da América do Sul e onde estão três usinas hidrelétricas em Mato Grosso do Sul, o governo federal ordenou a redução da vazão nas usinas Jupiá (Três Lagoas) e Porto Primavera (Batayporã). Desta forma, vai diminuir o fluxo de água no rio.
Já o reservatório da hidrelétrica de Ilha Solteira, em Selvíria, registra o quarto pior volume desde 1991. O dado foi divulgado pela ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), que no começo do mês oficializou situação crítica de escassez quantitativa de recursos hídricos da região hidrográfica do Paraná até 30 de novembro.
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Das três usinas, somente Ilha Solteira represa água em grande reservatório para a geração de energia. Jupiá e Porto Primavera são usinas a fio d’água. Ou seja, o volume que entra, sai. Sem reservatório que acumule volume significativo.
Conforme a Rio Paraná Energia, do Grupo CTG Brasil, o nível do reservatório da Usina Ilha Solteira estava na cota de 325,54 metros na data de ontem (dia 17). O total corresponde ao volume útil armazenado de 48,63%. No ano passado, neste mesmo período, o volume útil era de 62,24%.
Concluída em 1978, a usina fica localizada entre os municípios de Ilha Solteira (São Paulo) e Selvíria. A barragem tem 5.605 metros de comprimento e o reservatório tem 1.195 quilômetros quadrados de extensão. Em conjunto com Jupiá, compõe o sexto maior complexo hidrelétrico do mundo.
Também administrada pela Rio Paraná Energia, a usina Jupiá (Engenheiro Souza Dias) tem barragem de 5.495 metros de comprimento, com reservatório de 330 quilômetros quadrados.
Com modelo de operação fio d’água, sem grande volume acumulado, o reservatório tinha ontem, a cota de 279,40 metros, bem próximo ao mesmo período do ano passado, quando o nível do reservatório encontrava-se em 279,12 metros.
A Cesp (Companhia Energética de São Paulo) informa que a usina Porto Primavera (Engenheiro Sérgio Motta )opera em regime fio d’água e, por este motivo, mesmo com a recente crise hídrica, o seu reservatório permanece em seu nível nominal, que é a cota 257,30 metros. O valor é equivalente ao observado há um ano.
Com 10,2 quilômetros de comprimento, a barragem de Porto Primavera é a mais extensa do Brasil.
Vazão – Com a crise hídrica, o Ministério de Minas e Energia determinou a redução da vazão nas usinas de Jupiá e Porto Primavera. A medida foi oficializada por meio da Portaria 524, publicada em edição extra do Diário Oficial da União.
Conforme o documento, a hidrelétrica Jupiá deverá iniciar imediatamente a realização de testes de redução de defluência mínima até atingir o valor de 2.300 m³/s (metros por segundo) a partir de primeiro de julho.
“A Rio Paraná Energia vem adotando medidas para dar cumprimento a todas as determinações recebidas pelos órgãos competentes e colaborando com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e demais instituições para que seja mantida a governabilidade das cascatas hidráulicas na bacia do rio Paraná”, informa a empresa.
Já a concessionário titular de Porto Primavera deverá iniciar imediatamente a realização de testes de redução de defluência mínima até atingir o valor de 2.700 m³/s, também a partir de primeiro de julho.
“Os testes que estão em curso na usina, conforme determinado pela Portaria nº 524/2021 do Ministério de Minas e Energia, preveem a redução da vazão defluente, o que tende a diminuir o nível de água no curso do rio Paraná abaixo da usina. A determinação, consequência da maior crise hídrica dos últimos 91 anos, é parte de uma forma emergencial de mitigar os efeitos da seca nas demais usinas que compõem o sistema”, informa a Cesp.
Impactos - Conforme a ANA, diversos locais da região hidrográfica do Paraná registraram vazões baixas a extremamente baixas tanto em 2019 quanto no período chuvoso de 2020/2021. Em Porto Primavera, as vazões afluentes em maio de 2021 foram as menores de todo o histórico de 91 anos.
A crise hídrica já repercute no bolso. No mês de junho, a energia elétrica ficou mais cara em todo o País. Conforme divulgado pela Aneel (Agência Nacional d Energia Elétrica), a bandeira tarifária é vermelha, patamar 2, com custo de R$6,243 para cada 100kWh consumidos.

A Sanesul (Empresa de Saneamento Básico de Mato Grosso do Sul) emitiu nota solicitando o uso consciente da água pela população. Em Campo Grande, a Águas Guariroba, concessionária do serviço de saneamento, recorre a perfuração de noves postos para minimizar os efeitos. Quatro estão prontos e mais cinco entram em operação no mês de julho.
No ano passado, a cidade flertou com a crise hídrica no mês de setembro. Na ocasião, com consumo em 22% acima da média, bairros da cidade ficaram com as torneiras secas e foi preciso recorrer à captação de água no Balneário Atlântico.