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Meio Ambiente

Onça que matou Jorginho teve de ser retirada do Estado por receio de vingança

Evento na Capital reuniu ambientalistas e debateu casos de avistamentos e ataques de felinos no Pantanal

Por Judson Marinho | 27/08/2025 18:30
Onça que matou Jorginho teve de ser retirada do Estado por receio de vingança
Onça-pintada que atacou caseiro sendo levada para o CRAS, no mês de abril (Foto: Saul Schramm/Governo de MS)

Capturada após ataque fatal a caseiro, a onça responsável pela morte de Jorge Ávalo foi transferida para outro Estado para prevenir possíveis retaliações vingativas que levassem à morte do felino.

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A onça-pintada responsável pela morte do caseiro Jorge Ávalo foi transferida para outro estado devido ao receio de retaliações. Segundo o secretário-adjunto da Semadesc, Arthur Falcette, a decisão visou proteger o animal de possíveis ataques por parte de pessoas contrárias à sua captura. O caso ocorreu em abril, quando o caseiro foi atacado em um pesqueiro na região do Touro Morto. A onça foi capturada e levada ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, sendo posteriormente transferida para o Instituto Ampara Animal, em São Paulo, após confirmação do DNA da vítima em suas fezes.

A decisão sobre a transferência do animal foi detalhada durante evento na Capital, realizado nesta quarta-feira (27), para discutir ações em torno de conflitos com grandes felinos.

Em sua participação no debate, o secretário-adjunto da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Arthur Falcette, contou que o Governo do Estado previa que, se mantivesse o animal em Mato Grosso do Sul, comoções contrárias à decisão poderiam causar um atentado contra a vida da onça.

"Muita gente criticou a captura e, depois, a transferência da onça para outra região. Porém, o animal tinha uma simbologia muito forte, e a gente [Governo do Estado] sabia que meia dúzia de indivíduos ignorantes que estão espalhados por aí reagiriam a esse episódio", disse o secretário-adjunto durante o evento.

De acordo com Falcette, era importante que o Governo do Estado mantivesse o foco em esclarecer o episódio, para demonstrar o porquê o ataque aconteceu e que não é comum ocorrerem ataques de onça contra humanos.

"A gente queria eliminar qualquer chance de animosidade. Se esse animal ficasse no Estado, no Pantanal ou em um recinto, poderia representar um risco ao animal e dificuldade nossa [Governo do Estado] de gerir este ambiente do ponto de vista da reação das pessoas com esse tema", pontuou.

Diante da análise da situação do caso Jorginho, Arthur Falcette relatou no workshop que é necessário o diálogo com os produtores rurais que vivem próximos aos felinos, porque em casos como este é difícil identificar como o 'homem do campo' vai se comportar diante de um incidente deste tipo.

"As decisões são complexas, às vezes não temos muito tempo para decidir, e são difíceis de tomar. Avaliar a decisão depois que foi feita pode ser um erro muito grande, porque você não tem mais o cenário e o contexto de quando a decisão foi tomada", complementou Falcette sobre as críticas de como o Governo lidou com o caso.

Onça que matou Jorginho teve de ser retirada do Estado por receio de vingança
Workshop do evento Conflitos com Grandes Felinos realizado na Famasul (Foto: Osmar Veiga)

Relembre o caso - O caseiro Jorge Ávalo foi atacado por uma onça-pintada em um pesqueiro da região do Touro Morto, nas primeiras horas do dia 21 de abril.

Na data do ocorrido, um guia de pesca local foi até o local para comprar mel, como costumava fazer, e estranhou a ausência do caseiro. O guia acionou as autoridades após encontrar vestígios de sangue e pegadas de um animal de grande porte.

Equipes da PMA (Polícia Militar Ambiental) de Corumbá, Miranda e Aquidauana foram até o local que é acessível apenas por embarcação; na mata, os policiais encontraram os vestígios do homem e acionaram o GPA (Grupamento Aéreo da Polícia Militar) e a perícia da Polícia Civil.

A onça-pintada que atacou o caseiro foi capturada e removida do local pela PMA (Polícia Militar Ambiental) na madrugada do dia 24 e levada para o Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres).

No dia quatro de maio, a Polícia Científica de Mato Grosso do Sul confirmou que fragmentos de DNA de Jorge Ávalo foram encontrados nas fezes da onça capturada no Pantanal.

A reabilitação da onça-pintada, que passou por tratamento veterinário, foi finalizada na primeira quinzena de maio, quando o felino foi transferido para o Instituto Ampara Animal, que é um centro especializado em fauna silvestre no interior de São Paulo.

Aparecimento de onças em Corumbá - No Workshop "Conflitos com Grandes Felinos, Riscos, Causas e Soluções" também foram discutidas as ações da Prefeitura de Corumbá diante do aparecimento de diversas onças em bairros localizados no perímetro urbano da cidade.

Conforme o Campo Grande News informou em reportagens, moradores de Corumbá se depararam no mês de junho com várias aparições de onças-pintadas registradas através de câmaras de segurança.

A bióloga Marina Daibert, da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, órgão vinculado à Prefeitura de Corumbá, relatou que, desde que os casos foram relatados, a fundação realizou estratégias integradas para a coexistência de grandes felinos.

Segundo Daibert, existem históricos de avistamento e captura de onças na cidade desde 2009, sendo que os mais recentes ocorreram neste ano nos bairros Cervejaria, Generoso e na Rodovia Ramón Gomes.

Em contato com os moradores desta região, a Fundação foi informada sobre perdas de animais domésticos e de criações, como galinhas, caçados pelos felinos, além de os locais apresentarem descarte inadequado de resíduos que pudessem atrair os predadores pelo cheiro.

Dentro desta realidade, a fundação vem elaborando protocolos de prevenção a conflitos com os felinos, instituindo um programa municipal sobre essas relações e investindo em equipamentos e capacitação para responder rapidamente a casos de avistamento ou possíveis ataques.

Confira a galeria de imagens:

  • Arthur Falcette - Secretário Adjunto da Semadesc (Foto: Osmar Veiga)
  • Imagens do evento Workshop Conflito com Grandes Felinos (Foto: Osmar Veiga)
  • Imagens do evento Workshop Conflito com Grandes Felinos (Foto: Osmar Veiga)
  • Imagens do evento Workshop Conflito com Grandes Felinos (Foto: Osmar Veiga)
  • Imagens do evento Workshop Conflito com Grandes Felinos (Foto: Osmar Veiga)
  • Imagens do evento Workshop Conflito com Grandes Felinos (Foto: Osmar Veiga)
  • Imagens do evento Workshop Conflito com Grandes Felinos (Foto: Osmar Veiga)
  • Imagens do evento Workshop Conflito com Grandes Felinos (Foto: Osmar Veiga)