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Meio Ambiente

Pantanal inaugura base inédita para resgate de fauna em desastres ambientais

Unidade instalada na Serra do Amolar amplia capacidade de resposta a incêndios e outras emergências

Por Jhefferson Gamarra | 15/10/2025 17:58
Pantanal inaugura base inédita para resgate de fauna em desastres ambientais
Ninho de tuiuiús resgatados no Pantanal (Foto: Divulgação/IHP)

O Pantanal passa a contar, a partir de outubro de 2025, com a primeira unidade médico-veterinária avançada em área remota do Brasil voltada exclusivamente ao atendimento de animais silvestres em situações de desastre ambiental, como incêndios florestais. Localizada na RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural) Acurizal, na Serra do Amolar, a Barta (Base de Resgate Técnico Animal) foi implantada pelo IHP (Instituto Homem Pantaneiro), com apoio de parceiros nacionais e internacionais.

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O Pantanal receberá, em outubro de 2025, a primeira unidade médico-veterinária avançada em área remota do Brasil dedicada ao atendimento de animais silvestres em desastres ambientais. A Base de Resgate Técnico Animal (Barta), localizada na Serra do Amolar, foi implementada pelo Instituto Homem Pantaneiro em resposta aos incêndios de 2020.A estrutura, licenciada pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul, contará com equipe multidisciplinar e equipamentos especializados para atendimento emergencial. A base também desenvolverá ações preventivas, incluindo treinamentos e educação ambiental para profissionais e comunidades locais.

A Barta é uma estrutura fixa e licenciada pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) para atuar no Pantanal sul-mato-grossense. A instalação é estratégica: está situada em uma região de difícil acesso no Alto Pantanal, onde o socorro à fauna é historicamente desafiador. O monitoramento contínuo do IHP já identificou mais de uma centena de espécies no território, incluindo mais de dez com algum grau de ameaça.

A criação da base é resultado direto das lições deixadas pelos incêndios de 2020. Naquele ano, o Pantanal viveu uma das maiores tragédias ambientais de sua história, com milhões de hectares queimados e milhares de animais mortos ou feridos. A partir dessa experiência, instituições científicas que integram o Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal) e a organização internacional WAP (World Animal Protection) uniram esforços para desenvolver uma resposta permanente e qualificada.

“A Barta nasceu da dor e da urgência dos incêndios de 2020, quando o Instituto Homem Pantaneiro, junto com o Gretap e outros parceiros, entenderam que era preciso uma resposta permanente à altura dos desafios da região. Hoje, ela representa esperança, compromisso e cuidado com a vida no coração do Pantanal. Poderá ser oferecida uma resposta rápida e qualificada à fauna afetada por desastres ambientais e sua principal função é realizar o atendimento emergencial e a estabilização clínica de animais silvestres e domésticos em situação de risco, garantindo socorro imediato dentro do próprio bioma, algo inédito no país, aumentando as chances de sobrevivência até o encaminhamento seguro Cras de Campo Grande, quando necessitam de cuidados prolongados”, explica Franciele Oliveira, analista ambiental e responsável técnica pela unidade.

Em casos de emergência, as equipes do IHP realizam buscas ativas em áreas afetadas, seguindo protocolos de resgate, contenção e estabilização clínica de animais silvestres e domésticos. Os atendimentos são registrados e reportados aos órgãos ambientais para garantir a legalidade e a transparência das ações.

Além do resgate emergencial, a Barta desempenha papel importante na prevenção. A base apoia ações de saúde única, integrando o cuidado com fauna, ambiente e comunidades locais. Também promove treinamentos práticos de resgate técnico animal e atividades de educação ambiental voltadas a médicos-veterinários, biólogos, brigadistas, escolas ribeirinhas e comunidades indígenas.

Pantanal inaugura base inédita para resgate de fauna em desastres ambientais
Sede do Barta, instalada no Pantanal de MS (Foto: Divulgação)

Entre as principais atividades estão:

  • Treinamentos e capacitações para profissionais e brigadistas;
  • Ações de educação ambiental com comunidades locais;
  • Monitoramento contínuo da fauna realizado pelo IHP;
  • Apoio a iniciativas que integram bem-estar animal, humano e ambiental.

Para garantir eficiência no atendimento, a Barta conta com uma equipe multidisciplinar formada por médicos-veterinários (responsáveis pelos atendimentos), biólogos (para manejo, identificação e monitoramento das espécies), brigadistas e técnicos ambientais (que atuam no suporte operacional, captura e transporte dos animais).

“A Barta representa um marco histórico na conservação e no cuidado com a fauna do Pantanal. Antes dessa unidade estar regulamentada, os resgates dependiam de longos deslocamentos até centros urbanos, o que reduzia drasticamente as chances de sobrevivência dos animais. Além de salvar vidas, a base fortalece o trabalho integrado entre resgate, ciência e educação ambiental”, destaca Franciele Oliveira.

A estrutura da base inclui área de preparo e assepsia, sala de procedimentos e estabilização, almoxarifado veterinário, setor de esterilização e suporte técnico. Entre os equipamentos disponíveis estão mesa de procedimento, foco cirúrgico, autoclave, refrigerador, cilindro de oxigênio, projetor de dardos, zarabatana, cambões, redes, macas, caixas de transporte e kits de contenção.

Com a instalação da Barta, o Brasil dá um passo inédito no enfrentamento de desastres ambientais que afetam a fauna pantaneira. A base combina ciência, logística e comprometimento para garantir resposta rápida e eficaz em uma das regiões mais biodiversas e remotas do país.

A expectativa é que a iniciativa fortaleça as ações de conservação e sirva de modelo para outras áreas sensíveis do território nacional, onde a fauna enfrenta ameaças crescentes decorrentes de queimadas, mudanças climáticas e expansão de atividades humanas.