Dá para ter coelho sem condenar o bicho a viver dentro de uma gaiola
Família mostra que coelhos podem viver saudáveis e soltos em espaços adequados, longe da tortura das gaiolas
Se você não é adepto da tortura disfarçada de fofura, aquela de trancar um bicho em uma gaiola para que ele enfeite sua sala, esta matéria é para você. Porque, convenhamos, decidir que um coelho deve passar a vida inteira confinado só para satisfazer seu olhar parece sim uma forma sutil (e peluda) de crueldade.
Os comentaristas do MiAuNews voltaram ao tema para mostrar que é possível criar coelhos livres, felizes e seguros, correndo pela casa, brincando com os donos e sem virar fugitivo no parque da cidade. Para quem ainda acha que liberdade é sinônimo de bagunça ou destruição, o time traz dicas práticas que ajudam a tornar essa convivência possível, mesmo para quem ainda acha que coelho é enfeite de Páscoa e não um ser vivo com vontade própria.
“Lugar de coelhos criados em casa é no quintal e longe de gaiolas”. Esse é o recado da Amora e do Limão. Os dois fazem parte do time pets da editoria do Campo Grande News, que coloca na rua uma turma de jornAUlistas, coMIAUtaristas e até COELHOnistas para mostrar a realidade de quem vive com eles e assuntos relacionados. Nessa brincadeira, a gente finge que consegue traduzir os "pensamentos" de cães, gatos, coelhos e quem mais quiser chegar.
Na casa da família Morel, quem dita o ritmo são dois coelhos. Para ela, criar eles soltos é proporcionar bem-estar e saúde, e sempre foi assim. A mais velha, Amora, de oito anos, chegou para os donos Lúcia e Bruno em 2018. Depois, o irmão Limão, de cinco, apareceu - fruto de abandono após a Páscoa - para completar a família.
“Bruno sempre gostou de animal e eu nunca tive pet antes deles. Ele sempre teve a ideia de que gaiola é maltratar, é sofrimento e castigo. Eu comprei essa ideia, tanto que hoje eu acho que é isso mesmo. O ônus é que, por exemplo, eles ficam um pouquinho mais ariscos com a gente. Como eles têm toda essa liberdade, eles não querem, não têm essa coisa. Eles não ficam no colo facilmente. Criar solto é um pouco mais fácil, eles têm liberdade, são mais alegres, exploram e aprendem o ambiente”.
Apesar de agirem como animais livres, ou seja, sem tanto apego com o ser humano, Amora e Limão sentem o afeto e se juntam à família quando querem. Lucia conta que, antes de ganhar o segundo filho, ela fazia piquenique com a mais velha, Sara Rebeca, no quintal, e eles sempre estavam por perto, não apenas pela comida, mas próximos delas.
Para limitar os coelhos nas áreas perigosas ou inapropriadas, Lucia colocou pequenos portões e dá dicas de como não deixar que eles comam o que não devem por aí.
“Eles roem muita coisa e se machucam com facilidade, principalmente na coluna, porque eles pulam muito alto. É importante que, se a pessoa for criar eles na área externa, ela cuide para que não tenha coisas fáceis deles roerem, como mangueira de jardim, coisas de plástico. Aqui, a mangueira está sempre enroladinha para eles não terem acesso e presa no alto”.
Além disso, ela explica que não pode ter fio de energia ou extensões em locais acessíveis devido ao risco de eles se ferirem. Então, é preciso ter esses cuidados para o caso os bichinhos subam em alguma coisa, escalem ou mordam e não deixar no chão materiais que possam fazer mal para o intestino deles.
Sobre as formas de “educar” os orelhudos a identificarem o espaço específico deles, Lucia conta que colocava um portãozinho nas entradas da varanda que fica mais próxima do interior da casa para eles não entrarem.
“Por que isso? Eles fazem xixi e cocô para tudo que é lado. Aí, hoje, a gente tem uma barreira na lavanderia para eles não irem muito para lá. E como a casa tem umas muretas, a gente achava que elas iriam segurar eles, mas não, eles pulam. Mesmo assim, eles se disciplinam e só fazem necessidades do lado de fora”, comenta. Outra forma de ajudá-los é colocando água, comida e feno num local determinado. “A casinha, onde eles dormem, tem tudo. Eles são criados na área livre, mas têm que ter um espaço para se cobrir da chuva, de um tempo mais frio. A gente separou um espacinho em um cômodo do lado externo para eles, com feno e tudo que precisam”.
A tutora acrescenta que chegou a comprar uma casinha específica para eles, mas preferiu deixá-los em um cômodo na área externa.
“Pra mim, esse é o benefício. É o bem-estar do animal, é a alegria do bichinho. Eu acho que é mais saudável emocionalmente para eles manter assim, e eles ficam felizes”.
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