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Política

Extorsão contra vereador envolve 2 meninas e pagamento de R$ 100 mil

Aline dos Santos | 18/04/2015 11:57
Alceu Bueno denunciou chantagem à polícia. (Foto: Câmara Municipal)
Alceu Bueno denunciou chantagem à polícia. (Foto: Câmara Municipal)

O flagrante de extorsão contra o vereador José Alceu Padilha Bueno (PSL), que levou à prisão do ex-vereador Robson Martins, 52 anos, e do empresário Luciano Roberto Pageu, 40 anos, tem como pano de fundo denúncia de sexo com adolescentes de 15 anos e pagamento de R$ 100 mil.

Conforme inquérito policial anexado ao processo, uma pessoa – identificada como Fabiano Viana Otero, conhecido como Fábio - teria induzido as duas adolescentes a saírem com diversas pessoas, incluindo o vereador. O detalhe era de que uma micro-câmera deveria ser levada nos encontros.

Alceu Bueno procurou a DPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) na manhã de quinta-feira, dia 16 de abril, e acusou Robson e Luciano de extorsão. O parlamentar disse já ter pago R$ 100 mil e o motivo foi de que uma cafetina teria vídeos de Alceu mantendo relações sexuais com as menores de idade. Porém, o vereador desconfiava que a cafetina fosse fictícia, ou seja, de que a chantagem era orquestrada por Robson e Luciano.

No mesmo dia, a polícia preparou o flagrante, prendendo o ex-vereador e o empresário. Após as prisões, Alceu prestou depoimento e disse que foi procurado, primeiro por telefone, em 23 de março de 2015 por Luciano. O assunto seria algo grave e Luciano foi ao encontro de Alceu.

Luciano, que é dono da agência de publicidade Grupo Altar, invocou Deus para dizer ao parlamentar, que é evangélico, que tinha trazido ajuda. “Deus te blindou. Caíram umas meninas que iriam te extorquir, mas por acaso essas meninas estavam hospedadas na casa de um funcionário meu”. A frase foi dita por Luciano ao vereador.

O vereador respondeu que as moças eram “de maior” e tinham filhos. Mas Luciano manteve a informação de que se tratavam de adolescentes. Então, conforme Alceu, começou uma série de cobranças. Primeiro, Luciano disse que ia recorrer a Robson Martins, que é advogado e tinha passado por situação semelhante.

No dia seguinte, em uma lanchonete, a conversa foi a três. Robson alertou o estrago que a denúncia poderia fazer na vida de Bueno. Em seguida, ligou para Fabiano e começou a negociação para recuperar o celular com as imagens.

Num processo que classifica como “lavagem cerebral”, o vereador disse que foi convencido a entregar R$ 100 mil, quantia que obteve por meio de empréstimo com amigos. O dinheiro foi entregue aos dois no quarto de Alceu, no dia 26 de março.

Porém, a chantagem continuou, pois Fabiano mandou avisar que queria mais R$ 50 mil. O parlamentar também pagou R$ 850 pela viagem para que os R$ 100 mil fossem levados a Fabiano.
Depois, a dupla pediu R$ 24 mil para uma mulher em Coxim que saberia da denúncia. O parlamentar emprestou um carro para que ela fosse deixada em Minas Gerais. Já sem recursos, Bueno decidiu procurar a polícia.

Preso, Luciano Pageu afirmou que soube por Fabiano, que teria sido preso por “estar” com a namorada e uma amigas, ambas adolescentes, sobre os vídeos de sexo com menores de idade. A cafetina estaria irritada por ser investigada e prometia entregar todos.

Luciano pediu as imagens e a cafetina mandou as fotos. Uma delas tinha as duas adolescentes nuas e o vereador. Ele conta que reconheceu Alceu de imediato e levou as imagens para o parlamentar. A cafetina teria pedido R$ 27 mil. Contudo, ele nunca conseguiu fazer contato com a mulher, pois somente ela ligava e não atendia as chamadas de Luciano. Na quinta-feira, ele atendeu a um chamado do vereador, que prometeu entregar parte do pagamento para a cafetina.

No depoimento, Robson Martins conta que foi procurado pelo empresário, que se apresentou em nome do vereador. Depois, houve encontro com Alceu. Segundo Robson, ele relatou o episódio com as menores de idade, pediu ajuda e não mencionou extorsão.

O ex-vereador disse que orientou Alceu a esperar ser citado pela polícia. Na quinta-feira, dia da prisão, foi ao encontro do vereador porque recebeu chamado de Luciano. No momento do flagrante, no estacionamento do hipermercado Walmart, disse que caminhava atrás de Luciano e Alceu e não viu quando o primeiro pegou o envelope com R$ 15 mil. Em seguida, a polícia chegou.

A prisão em flagrante por crime de extorsão foi convertida em preventiva pelo juiz da 5ª Vara Criminal, Waldir Peixoto Barbosa. Conforme o magistrado, o caso tem conexão com um processo que tramita sob sigilo na 7ª Vara Criminal.

De acordo com o titular da DPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), Paulo Sérgio Lauretto, mais informações sobre o caso só serão divulgadas na quarta ou quinta-feira, após o feriadão de Tiradentes. O delegado não revela o número de envolvidos, mas promete revelar todos os nomes. "Não vamos acobertar ninguém", garantiu.

Escândalo - Em 2003, Martins, que ainda exercia mandato de vereador, foi denunciado por exploração sexual infantil e renunciou. Ele foi absolvido pela TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), mas teve a carreira política fragilizada, não conseguindo novo mandato.

Luciano Roberto Pageu tem uma agência de publicidade em Campo Grande, cujo nome fantasia é Grupo Altar. A defesa entrou com pedido de liberdade provisória para os presos. O Campo Grande News procurou o advogado Ramão Sobral, que assina os dois pedidos, porém não conseguiu contato.

Na manhã deste sábado, Alceu Bueno confirmou ter feito a denúncia de extorsão. Segundo ele, tentaram extorquir um homem de bem. O vereador não confirmou que a extorsão envolvia exploração sexual infantil.

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