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Política

Mandetta nega reunião sobre pivô de processo contra Witzel: "Nem sei o que é"

Ex-secretário de Saúde do Rio teria desistido de punir instituiçao após reunião com o ex-ministro:"Não tenho noção do que é Iabas"

Silvia Frias | 14/01/2021 10:40
Luiz Henrique Mandetta foi ministro da Saúde de janeiro de 2019 a abril de 2020 (Foto: Marcelo Casall-Agência Brasil)
Luiz Henrique Mandetta foi ministro da Saúde de janeiro de 2019 a abril de 2020 (Foto: Marcelo Casall-Agência Brasil)

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, negou que tivesse discutido em qualquer reunião a manutenção do contrato da Iabas na gestão dos hospitais de campanha no Rio de Janeiro, empresa pivô no processo de impeachment do governador afastado, Wilson Witzel (PSC). “Eu nem sei o que é Iabas, não tenho noção”, afirmou.

Reportagem divulgada ontem pelo jornal Folha de S. Paulo divulgou depoimento do pastor e empresário Edson Torres no processo de impeachment. O Iabas (Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde) assinou contrato com governo, mesmo após erros contratuais graves cometidos aos cofres da prefeitura do Rio.

Torres, que confessou ter participado dos desvios de recursos da Saúde no Rio de Janeiro, disse que o ex-secretário estadual da pasta, Edmar Santos, desistiu de punir a Iabas após reunião em Brasília, com o advogado da entidade, Roberto Bertholdo e o então ministro Mandetta.

Mandetta foi ministro da Saúde do governo Jair Bolsonaro de  1º de janeiro de 2019 e 16 de abril de 2020. “Nunca teve na minha agenda nada específico sobre Iabas”, afirmou Mandetta, que disse já ter recebido em reunião vários secretários de saúde por conta das estratégicas de combate da pandemia da covid-19. “Conheci o Edmar [Santos, secretário estadual do RJ], me pareceu comprometido”. Sobre Bertholdo, diz que o viu uma vez em Brasília.

O ex-ministro diz que o contato com Rio de Janeiro era mais frequente com integrantes do Executivo municipal e que o estado era foco de preocupação por conta da “saúde pública calamitosa”.

Segundo depoimento de Torres, a reunião teria ocorrido no início de 2019, quando já se falava da incapacidade de gestão da Iabas, a instituição contratada pelo governo do RJ para montagem e gestão de hospitais de campanha.

“Edmar voltou de uma reunião em Brasília com o [ex-]ministro Mandetta. Ele disse que lá, no gabinete do Mandetta, foi apresentado ao [Roberto] Bertholdo, e que pediu para poder fazer uma gestão para manter o Iabas”, diz o pastor, conforme reportagem da Folha.

Mandetta disse que tomou conhecimento das declarações pela reportagem e não foi acionado para prestar depoimento sobre qualquer fato relacionado a Iabas. “Me pareceu um ‘ouvi dizer que ouvi dizer’, não me diz nada, vou esperar para ver o que é”.

A Iabas foi contratada para gerir os hospitais, apesar de série de irregularidades cometidas em gestões de unidades de saúde no Rio. O advogado Roberto Berholdo, segundo investigações, seria o verdadeiro dono da instituição e já havia sido preso em operação policial, a Tris In Idem.

o Iabas já havia sido proibido pela Prefeitura do Rio de Janeiro de participar de licitações para gestão de unidades de saúde em razão de erros administrativos graves em contratos, gerando danos aos cofres públicos.

Ainda assim, a instituição foi escolhida sem licitação para gerir sete hospitais de campanha inicialmente por R$ 835,8 milhões. Witzel é acusado de ter responsabilidade nas fraudes para a contratação do Iabas. O governador afastado ainda receberia parte dos cerca de R$ 50 milhões recolhidos pelo esquema de desvios de dinheiro, entre 2019 e início de 2020.

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