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Múltiplas linguagens: aprendizagens singulares

Por Mayra Arantes de Oliveira (*) | 25/03/2018 08:43

Para refletir acerca da educação dos infantis é necessário pensar no plural, na multiplicidade de sentidos que são intrínsecos à criança.

Conceber a criança em sua totalidade, considerando as múltiplas linguagens que a permeia, é compreender que os aspectos cognitivos, motores, sociais e afetivos são indissociáveis. Para tanto, faz-se necessária a concepção de que são sujeitos que se expressam por meio de metáforas e representações, que nem sempre são inteligíveis ao adulto e, sobretudo à escola. Nesse sentido, cabe à instituição educadora o reconhecimento e promoção da multiplicidade das expressões infantis.

Por meio de um currículo que contemple as múltiplas linguagens é possível que a construção de conhecimentos aconteça de forma significativa e, sobretudo, de inúmeras maneiras. Faz-se necessário compreender o modo com que a criança sente, vivencia e significa o processo de aprendizagem e, fundamentado nesse percurso, promova o desenvolvimento de suas potencialidades.

Nessa perspectiva, o currículo não só é pensado para a criança, mas também é constituído por ela, contemplando os saberes prévios e aquilo que ela anseia por aprender, considerando, assim, os infantis como sujeitos ativos e capazes de produzir culturas e conhecimentos.

Dessa forma, não há a supervalorização de uma linguagem em detrimento de outras, o conhecimento não acontece de maneira fragmentada, mas por meio da música, do movimento, da arte, da dança, da literatura, enfim, de uma multiplicidade de linguagens, por meio das quais a criança amplia seu modo de conhecer e (re) significar o mundo.

Assim, aprende no diálogo e contato com o outro, levantando e testando hipóteses, sentindo cheiros, sabores, sensações, apreciando músicas, obras artísticas, ouvindo e criando narrativas, explorando materiais, expressões, movimentos corporais, brincando!

Torna-se essencial o entendimento de que as linguagens estão emaranhadas, sem hierarquias entre elas. Nesse sentido, é necessária a superação do conceito de que o processo educativo deva privilegiar somente a linguagem oral e escrita. Romper com esse paradigma é compreender que as práticas de leitura e escrita estão atreladas a um uso social e que, atualmente há uma multiplicidade de elementos envolvendo tais práticas, bem como inúmeras possibilidades de interpretação e sentidos. Além de conhecer o código da escrita, é fundamental que o educando seja capaz de ler e interpretar o mundo por meio das múltiplas linguagens sejam elas visuais, gestuais, sonoras ou escritas, conseguindo perceber intencionalidades e até mesmo aquilo que não está escrito. Compreendendo, dessa forma, que os conhecimentos bem como as informações não são prontos, acabados, mas estão sempre em processo de (re) construção e transpõem os muros institucionais.

Para tanto, a abordagem educacional pautada nas múltiplas linguagens é fundamental, proporcionando aprendizagens singulares ao fomentar experiências nas quais todos os sentidos são estimulados e as crianças incentivadas a explorar e se expressar por meio das cem linguagens das quais dispõem.

(*) Mayra Arantes de Oliveira é professora regente da Educação Infantil no Colégio Marista Champagnat do Grupo Marista, em Ribeirão Preto (SP).

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