ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
SETEMBRO, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 35º

Cidades

Indignado, juiz aposentado cobra escolta para ir ao médico e ao salão

Com dois pedidos de segurança 24 horas negados, ex-magistrado solicita agora o serviço três vezes por semana

Por Lucia Morel | 19/09/2025 14:08

Há seis anos sem escolta policial, o juiz federal, Odilon de Oliveira, aposentado desde 2019, foi instado e lembrou da briga na Justiça para conseguir segurança ao menos três vezes por semana. O tema voltou à tona com a execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, na última segunda-feira (15).

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

O juiz federal aposentado Odilon de Oliveira manifesta indignação pela ausência de escolta policial há seis anos. O magistrado, que atuou por duas décadas contra o crime organizado em Ponta Porã, busca proteção para atividades rotineiras, como consultas médicas, através de processos no Conselho Nacional de Justiça e no Tribunal Regional Federal da 3ª Região.Durante sua carreira, Oliveira ganhou notoriedade nacional por condenações expressivas, incluindo a do traficante Fernandinho Beira-Mar. Apesar de documentar ameaças e um atentado sofrido, teve a escolta suspensa em 2019, após sua aposentadoria. Dois projetos de lei em tramitação no Congresso visam garantir proteção a servidores que combatem o crime organizado.

Em entrevista à GloboNews, Odilon criticou a falta de amparo após a aposentadoria e chamou a atenção pela sinceridade ao dizer que gostaria de segurança para tarefas rotineiras, como "ir ao médico, ao salão (de beleza)". Desde que perdeu a escolta, o ex-juiz já foi candidato a governador, senador e vereador, mas nunca venceu e, apesar da exposição, nunca foi alvo de qualquer agressão pública.

“A gente trabalha a vida inteira nesse Brasil. Renuncia à liberdade, renuncia à vida e a família fica presa dentro de casa. Quando se aposenta, o Brasil joga o juiz no lixo. E ele fica fragilizado à disposição da criminalidade que combateu a vida inteira”, disse.

Ao Campo Grande News, afirmou que dois pedidos de escolta ainda tramitam: um no CNJ (Conselho Nacional de Justiça), de caráter administrativo, e outro no TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), com jurisdição em Mato Grosso do Sul e São Paulo. Em ambos, não solicita segurança integral, mas o acompanhamento por seis horas, três vezes por semana. “Isso para os momentos que eu estiver fora de casa”, explicou.

A luta por proteção começou em 2014, antes mesmo da aposentadoria. O primeiro pedido foi negado pelo CNJ em 2018. Depois, buscou a Justiça comum no TRF3, pedindo escolta 24 horas, mas o pedido também foi indeferido. A partir daí, apresentou novas petições, reduzindo o tempo solicitado. O pedido mais recente ao CNJ, de 2018, já recebeu parecer favorável do setor de segurança interno do conselho. O processo no TRF3 ainda não tem decisão.

"Aposentei-me em outubro de 2017 e, em agosto de 2018, ainda com escolta, o CNJ indeferiu meu pedido, ao fundamento de não existirem fatos atuais (da época da decisão) demonstrando a necessidade de segurança", disse.

Indignado, em julho de 2019, "Voltei ao CNJ com pedido de reexame, juntando centenas de documentos oficiais provando ameaças e plano de morte em atividade, o que projetaria, para o futuro, risco de vingança. O CNJ respondeu ser incabível o pedido de revisão e, portanto, não examinou a vasta documentação", lamentou.

Fim da escolta – Durante 20 anos, Odilon contou com seguranças e escolta da Polícia Federal, principalmente enquanto atuava na comarca de Ponta Porã, onde ganhou projeção nacional pelas condenações contra o crime organizado, entre elas a do megatraficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Jurado de morte por facções criminosas, viveu sob vigilância permanente desde 1998. A proteção foi suspensa em fevereiro de 2019, um ano e meio após a aposentadoria.

À GloboNews, relatou ter reunido cerca de 3 kg de documentos que comprovam ameaças, planos de morte e até um atentado de que foi vítima em Ponta Porã.

Atualmente, dois projetos de lei em tramitação no Congresso preveem proteção a servidores que combatem o crime organizado. O PL Antimáfia prevê manutenção da escolta mesmo após a aposentadoria. Já o PL 1307/2023 estabelece escolta para profissionais que atuam em regiões de fronteira.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.