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Capital

Afastado do HC, Siufi é dono de clínica onde houve 3 mortes na Santa Casa

Aline dos Santos | 18/07/2014 12:20

Denunciado na operação Sangue Frio, que investiga a Máfia do Câncer, o médico Adalberto Abrão Siufi é um dos proprietários do Centro de Oncologia e Hematologia de Mato Grosso do Sul, empresa terceirizada que presta serviços de quimioterapia da Santa Casa de Campo Grande. Três pacientes submetidas ao tratamento morreram neste mês. Os casos foram denunciado à Polícia Civil.

A clínica também tem como proprietários Arlete Delfina Marques Maia, Eva Glória Abrão Siufi do Amaral e José Maria Nossa Ascenço. A assessoria de imprensa da Santa Casa informou que os dados, incluindo o nome da terceirizada, só serão repassado em entrevista coletiva à tarde. Já José Maria Ascenço preferiu não comentar sobre as mortes porque estão em investigação. “Foi formada uma comissão na Santa Casa sobre isso”, disse. O nome da empresa aparece na lista dos contratos ativos mantidos pelo hospital.

Com a Sangue Frio, realizada em março de 2013 pela PF (Polícia Federal), o nome de Adalberto Siufi ganhou projeção em outro segmento da oncologia: a radioterapia. Até então ele era diretor do Hospital do Câncer Alfredo Abrão e proprietário da clínica Neorad, os únicos locais que ofereciam tratamento de radioterapia pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em Campo Grande.

A Santa Casa foi habilitada para ofertar o tratamento desde 2011, quando foi classificada como Unacon (Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia) pelo Ministério da Saúde. No entanto, em 12 de janeiro de 2012, foi anunciado que o serviço seria terceirizado para a clínica particular. Até março deste ano, a terceirização estava mantida. Neste espaço de tempo, a Neorad mudou nome e de donos.

Logo após o escândalo, Adalberto Siufi vendeu a clínica para o grupo Oncoclínicas do Brasil Serviços Médicos S.A., de Belo Horizonte (Minas Gerais). Em seguida, a empresa mineira oficializou a venda para um grupo de 24 médicos de Campo Grande por R$ 3,8 milhões. A Neorad foi rebatizada de Radius. Passado mais de um ano, a oferta de radioterapia pela rede pública segue inalterada na Capital.

Outro alvo da PF foi o HU (Hospital Universitário) de Campo Grande, onde Adalberto Siufi foi chefe do serviço de oncologia. Em outubro de 2012, o médico foi denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) à Justiça. A investigação apontou que Siufi atuou para desativar o serviço de radioterapia do HU.

A ação civil pública denuncia “sombrio movimento de longa data fundado exclusivamente em interesses econômicos privados para sucateamento do Hospital Universitário e encerramento das atividades de diagnóstico e tratamento de câncer e, em especial, dos serviços de radioterapia”. Ou seja, o grupo, mais tarde denominado Máfia do Câncer, atuou no desmonte da rede pública para beneficiar as clínicas particulares.

Neste mês, o MPF e o MPE (Ministério Público Estadual) denunciaram Adalberto Siufi e outras cinco pessoas por improbidade administrativa. O prejuízo para ressarcimento é calculado em R$ 102 milhões. O advogado Renê Siufi, que atua na defesa do médico, disse não saber se Adalberto se mantém no quadro societário do Centro de Oncologia e Hematologia de Mato Grosso do Sul e pediu que a reportagem entrasse em contato à tarde.

Investigadas – Neste mês, três mulheres morreram após receberem quimioterapia na Santa Casa. Carmen Insfran Bernard, 48 anos, e Norotilde Araújo Greco, 72 anos. Ambas realizaram sessões entre os dias 24 e 28 de junho.

Carmen apresentou reação adversa e morreu no dia 10 de julho. Norotilde veio a óbito no dia seguinte. Maria Glória Guimarães, 61 anos, morreu no dia 12. As famílias das três pacientes cobram esclarecimentos sobre as mortes.

Por meio de nota, divulgada ontem, a Santa Casa informou que suspendeu o medicamento usado nas pacientes. O hospital ministra, atualmente, atendimento oncológico a mais de 600 pacientes, 200 deles submetidos a quimioterapia e 400 a hormonoterapia. A unidade de saúde segue rigorosamente todas as normas e protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde e Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que já foi notificada a respeito dos óbitos registrados.

A Anvisa informou que está ciente dos casos, porém, antes de iniciar qualquer ação ou tomar alguma medida é necessário o término das investigações pela autoridade local.

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