Cansados de promessas, moradores dão 'jeitinho' para amenizar buraqueira
Restos de construção são jogados em valas para que pedestres e motoristas consigam chegar em suas casas
Dizendo-se cansados de promessas, moradores do bairro Nova Lima, um dos maiores na região norte de Campo Grande, improvisam para fechar valas e buracos que abrem nas ruas com ou sem asfalto. Durante uma volta rápida pelo local na manhã desta quinta-feira (6), a reportagem ouviu da vizinhança que quem vive ali está cansado da situação e resolveram se ajeitar.
As ruas são conhecidas por ter grandes valas. Na Alberto da Veiga, o aposentado Severino José Fonseca, 66 anos, conta com ajuda de restos de entulho para conseguir amenizar os problemas do pavimento e entrar em casa. Conta com um amigo caçambeiro que leva restos de construção a ele.
"Moro nesta rua há 26 anos. É a que mais tem vala e sempre foi assim. Todo ano tem eleição e prometem cascalhar e asfaltar, mas nunca sai da promessa. Um amigo me traz entulho de construção e só assim consigo entrar em casa", ressalta.
A situação não muda em outras ruas do bairros. Na Padre Antônio Franco, moradores disseram que a última vez que passaram cascalho tem mais de 10 anos e, quando chove, a água leva toda terra para a Avenida Marques de Herval. No encontro entre a avenida asfaltada e a rua sem pavimentação, acumula muita terra e formam-se poças.
Morando há 22 anos no bairro, Lúcia de Aparecida Gomes, 35 anos, reclama que a Rua Jerônimo de Albuquerque era asfaltada, mas com a falta de manutenção e chuvas, sobrou uma camada fina da pavimentação.
"Em fevereiro de 2016 foi muito forte a chuva e arrancou o asfalto da rua. Sobrou uma casca de ovo. São dois extremos, quando chove vira uma lagoa e quando está sol, é poeira. Meu pai tem 76 anos e sofre muito com a poeira, já tive que levar para o posto várias vezes. Quando chove da para pescar", reclama.
Ela ressalta que chegou a falar com o prefeito, Marquinhos Trad (PSD), e se organizou com outros moradores para fazer um bolo de aniversário pelo dano da rua. "Ele veio aqui e prometeu que até março ia resolver o problema, mas até agora nada. Sempre é assim".
Quem também está cansada das promessa é Maria do Carmo, 42 anos. Ela mora no bairro tem seis anos e ainda aguarda uma solução para as ruas do bairros. "Na última eleição prometeram passar máquina e asfaltar, mas nada ainda. Outro problema é a falta de iluminação, raramente as luzes dos postes ascendem. Quando ascendem é por 30 minutos e depois apaga", reclamou.
Asfalto - A assessoria de imprensa da Prefeitura de Campo Grande foi procurada pela reportagem sobre possível manutenção nas ruas sem pavimentação ou de asfalto no bairro. Informou que o bairro todo será asfaltado em três etapas e, independente disto, a Sisep está organizando para recuperar vias não pavimentadas, como forma de oferecer melhores condições de trafegabilidade enquanto a pavimentação não é implantada.