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Capital

Com receio, maioria dos "dogueiros" desaprova licitação e nova mudança

Luciana Brazil | 08/07/2012 10:21
Comerciantes estão receosos com licitação e mais uma mudança de local. (Fotos:Simão Nogueira)
Comerciantes estão receosos com licitação e mais uma mudança de local. (Fotos:Simão Nogueira)

O receio tem tomado conta dos dogueiros em Campo Grande. Presos ao sistema “para onde iremos?”, os proprietários de trailers que estão instalados, agora, no antigo terminal rodoviário, já se sentem desconfortáveis com a licitação pública por qual deverão passar, além da mudança de local, que deverá acontecer mais uma vez.

“Será uma briga contra aqueles que têm ‘cacife’. Já foi difícil chegar até aqui e agora vão nos tirar de novo e ainda teremos que passar por licitação?” indagou descontente o comerciante Paulo Cézar Leite, 56 anos, há oito anos no ramo.

Poucos acreditam que a licitação valorizará o ofício dos “lancheiros” e a decisão da prefeitura não tem agradado. “Passaremos a ter o alvará, mas só quem conseguir passar pela licitação. E o que adianta?”, questionam.

O drama começou com a revitalização da avenida Afonso Pena. Com o fim do estacionamento no canteiro da via, os trailers foram retirados do local e, depois de muitas especulações, os dogueiros foram instalados no prédio onde funcionava o terminal rodoviário da cidade.

A clientela que precisou se acostumar com a antiga rodoviária (sem contar com os clientes que deixaram de frequentar os trailers), terá ainda que enfrentar uma nova mudança. A prefeitura prevê a construção de um espaço para os donos dos carrinhos de lanches, que deverá ser erguido na Orla Ferroviária.

Porém, os que estiverem dispostos a sucumbir ao novo local, deverão passar por uma licitação, procedimento administrativo para contratação de serviços pela administração pública.

E exatamente esse ponto tem preocupado os comerciantes que já deram a vida pela profissão. Para Eugênio Spíndola, 53 anos, a licitação será apenas para envolver as grandes empresas.

“Isso já é carta marcada. Nós não temos condições para competir. Não temos dinheiro para isso. O certo é fazer um ‘lanchódromo’, sem essa história de licitação. Nós vamos acabar tendo que competir com empresários fortes e a gente não têm dinheiro para isso”, explicou Spíndola.

“Em Campo Grande a gente não fica abandonado, a prefeitura se preocupa, mas o que estão querendo fazer não dá”.

Eugênio acredita que licitação será "carta marcada".
Eugênio acredita que licitação será "carta marcada".
Família aprova o lugar atual e diz que chuva agora é passado.
Família aprova o lugar atual e diz que chuva agora é passado.

Segundo ele, quando os trailers foram retirados da Afonso Pena a clientela sumiu e com o tempo acabaram “descobrindo” o terminal odoviário. “No começo foi difícil, mas agora está bom. As pessoas estão gostando daqui”, completou Eugênio Spíndola.

Ser devorado pelos “fortões” é o temor de King Yuk Yue Gomes Kong, dono de um dos carrinhos. “Poderemos ser engolido por empresas grandes, que é muito difícil de concorrer”.

Kong atendia em frente ao colégio Joaquim Murtinho, na Afonso Pena e, segundo ele, hoje 90% da clientela é nova. “Alguns até conseguiram manter os clientes, mas no meu caso foi diferente”.

A instabilidade dos comerciantes é fato, pois o local ainda precisa ser definido. Sobre a licitação, os dogueiros afirmam que o desinteresse vem também diante do número de vagas disponíveis no processo de licitação.

“São apenas oito vagas e somos 14 dogueiros”, disse o Paulo Cezar Leite.

Exceção da regra: Conhecido como baiano, Dilson da Silva, 46 anos, trabalha há 20 anos com Vanda de lanches. A valorização da categoria é o que motiva baiano, já que a prefeitura irá liberar o alvará para os comerciantes.

Apesar de ainda não terem informações sobre as regras e disposições da licitação, Dilson diz que poderá trabalhar na formalidade. “Vou poder registrar os meus funcionários, que hoje são três”, diz satisfeito.

Frequentadores: Antes na Afonso Pena e agora na rodoviária desativada. A família de Cleosvaldo Cícero Vieira, 45 anos, é assídua na hora de comer saborear os sanduíches. Longe da chuva, que antes atrapalhava a refeição, agora a comodidade é maior.

"Ficou muito bom. Não tem chuva, sereno. Está bom demais aqui", disse a dona de casa, Vilma Rita de Oliveira, 54 anos.

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