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Capital

Embriaguez, imprudência e "brincadeira" mataram 72 no trânsito da Capital

Números representam histórias de vidas perdidas no ano em que os acidentes só aumentaram

Dayene Paz | 01/01/2022 11:11
Embriaguez, imprudência e "brincadeira" mataram 72 no trânsito da Capital
Juciara de Oliveira Batista morta após ser atingida por um caminhão quando trafegava de moto, no dia 30 de agosto, no Bairro Pioneiros, em Campo Grande (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

Minha mãe era uma mulher de muita garra e determinação. Falamos dela como se ainda estivesse viva, às vezes, pensamos até que está viajando e que logo volta. Mas sabemos que isso não vai acontecer, ela está viva só em nossos corações, memórias e lembranças. Aquele abraço, não temos mais".

A frase é de Julivania Maria Batista da Silva, 37 anos, filha de Juciara de Oliveira Batista, morta após ser atingida por um caminhão quando trafegava de moto, no dia 30 de agosto, no Bairro Pioneiros, em Campo Grande.

O motorista fugiu do local do acidente sem prestar socorro. Imprudência que causou a morte de Juciara, estudante, trabalhadora, mãe, filha e amiga, uma das 72 mortes no trânsito da cidade, segundo levantamento da BPMTran (Batalhão de Polícia Militar de Trânsito).

"Valorizem seus pais enquanto estão vivos, visitem enquanto podem, abracem, falem o quanto eles são importantes para vocês, pois um dia esses momentos irão fazer falta. Hoje, por conta de um erro, uma falta de atenção, tiraram a vida da minha mãe, mas esperamos que a justiça seja feita e que esse homem pague pelo crime que cometeu", finaliza.

A dor de Julivania é a de todos que perderam familiares e amigos no trânsito. Em alguns casos, a imprudência vem de "brincadeira" que causa danos irreversíveis, como na morte de Mariana Vitória Vieira Lima, 19 anos.

Em 15 de maio, Mariana morreu atropelada pelo namorado, Rafael de Souza, 19 anos, durante uma "brincadeira", ao subir no capô do veículo em movimento na Avenida Arquiteto Rubens Gil de Camillo, no Bairro Santa Fé.

Embriaguez, imprudência e "brincadeira" mataram 72 no trânsito da Capital
Funerária no local onde o corpo de Mariana foi encontrado após o acidente. (Foto: Kísie Ainoã)

Já em agosto, a digital influencer, Juliana dos Santos Machado Ferreira, de 38 anos, morreu depois de pular do carro em movimento, segundo o namorado Bruno Ferreira Segava, de 32 anos. Análise preliminar da imagem indica, segundo a polícia, que ela abriu a porta, pulou, correu ao lado do veículo e, depois, sofreu uma queda. O caso ainda está sob investigação da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

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Ju Petronas era conhecida nas redes sociais por fazer manobras com motocileta. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A imprudência acontece, principalmente, após a ingestão de bebidas alcoólicas e a consequente baixa de atenção.

No dia 19 de julho, Cristian Lucas Lopes, 23 anos, e Márcia Cristina Marques Gomes, 45, morreram depois do rapaz perder o controle da direção ao fazer uma rotatória na entrada do Jardim Tijuca. Depois, o carro bateu em um muro. Os dois teriam se conhecido momentos antes do acidente, em uma tabacaria na região. Testemunhas também falaram que ele teria sido expulso por estar embriagado.

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Carro de Cristian destruído depois da colisão no Tijuca. (Foto: Direto das Ruas)

No dia anterior, 18 de julho, Leandro Gomes Loureiro, de 36 anos, perdeu o controle da direção do Citroën C4 sozinho e colidiu em uma árvore na Rua Eduardo Pérez, na Vila Nhanhá. A suspeita era de que o motorista estivesse sob efeito de drogas.

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Equipe da Polícia Militar no local do acidente, onde Leandro Gomes morreu. (Foto: Marcos Maluf)

Menos de um mês depois, no dia 16 de agosto, o motociclista Thiago Miranda de Moura, de 18 anos, morreu depois de perder o controle da direção da Yamaha Fazer e bater no muro de uma residência, no Jardim Jockey Club. De acordo com a polícia, ele estava em alta velocidade. O capacete de Thiago chegou a se soltar com a força da batida.

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Moto foi parar em muro de residência e Thiago morreu na hora. (Foto: Henrique Kawaminami)

Em abril, Jackeline da Silva Lima, de 27 anos, morreu na manhã de uma segunda-feira. Ela conduzia uma moto, quando colidiu com um carro na esquina da Avenida Mato Grosso com a Rua Bahia. Câmeras de segurança registraram o momento em que ela ultrapassou o sinal vermelho. Jackeline deixou um filho de apenas três anos.

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Moto de Jackeline foi jogada a metros do local da colisão. (Foto: Kísie Ainoã)

A morte do mochileiro Tiago Scarcell Bohrer, de 32 anos, comoveu a cidade. O rapaz estava em uma motocicleta com a namorada, quando foi atingido por outro motociclista que fazia ultrapassagem. As duas motos foram atingidas por caminhão na BR-060, entre Paraíso das Águas e o distrito de Bela Alvorada. Clovis Zolet, que conduzia uma BMW 1.200, morreu no local. O mochileiro chegou a ser socorrido e levado para a Santa Casa de Campo Grande, mas não resistiu.

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Motocicleta de Thiago Scarcell destruída depois de acidente na BR-060. (Foto: BNC Notícias)

No fim do ano - A véspera de Natal foi de luto para a família de Bruno Luiz Rodrigues Vieira, 16 anos. Ele estava em motocicleta e morreu em acidente na tarde daquela sexta-feira, na rua Aladin, no Conjunto Estrela do Sul. O rapaz perdeu o controle do veículo e bateu em poste.

No dia 26 deste ano, Hiury Alfredo Vilalba Dedino, de 21 anos, perdeu a vida, também em acidente envolvendo moto. Ele guiava uma motocicleta morreu no início da tarde daquele domingo, após acidente com um caminhão de coleta de lixo da Solurb. A colisão ocorreu no cruzamento das avenidas Tamandaré e Padre João Falco, no Seminário, região norte de Campo Grande.

Números - De acordo com o levantamento do BPMTran, houve aumento de acidentes em 2021 se comparado ao ano de 2020. Durante todo o ano passado, foram 9.291 acidentes registrados, sendo 9.784 este ano. Vale ressaltar que os dados deste ano foram contabilizados até 17 de dezembro.

Ano passado foram registradas 77 mortes no trânsito de Campo Grande, sendo que em 2021, são 72 óbitos. Os números são referentes aos óbitos no local, quando a polícia é acionada, e também no hospital, até 30 dias depois do acidente.

Levantamento do órgão, realizado entre os dias 1º de janeiro e 18 de novembro, mostra que a Avenida Guaicurus é a campeã em número de mortes por acidentes de trânsito este ano na Capital, com 3 óbitos, seguida da Avenida das Bandeiras, com 2, enquanto o restante das fatalidades ocorreram em diferentes localidades da cidade.

De acordo com o comandante do BPTran, tenente-coronel Wellington Klimpel, o estudo também aponta que as vias mais perigosas em relação a acidentes são, em primeiro, a Avenida Afonso Pena, com 333 notificações, seguida pela Avenida Duque de Caxias, com 202 casos e Avenida Mato Grosso, com 166, sucessivamente.

Fatores como falta de atenção - o principal deles, com 59 registros - e desobediência à sinalização, além de ingestão de álcool, contribuem para a elevação dos índices.

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