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Capital

Julgamento de réus do PCC terá jurados incomunicáveis em hotel

A segurança do Fórum será reforçada para o julgamento, com início às 8 horas desta quarta-feira (12)

Viviane Oliveira | 11/02/2020 12:13
John Hudson, conhecido como "John John" foi sequestrado e morto decapitado por fazer parte da facção rival, Comando Vermelho. (Foto: Arquivo Pessoal)
John Hudson, conhecido como "John John" foi sequestrado e morto decapitado por fazer parte da facção rival, Comando Vermelho. (Foto: Arquivo Pessoal)

O julgamento dos cinco réus integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), acusados de sequestrar e decapitar John Hudson dos Santos Marques, o “John John”,  será realizado em dois dias, no Tribunal do Júri, em Campo Grande. O corpo da vítima, condenada à morte no "Tribunal do Crime", foi encontrado em uma estrada vicinal, no município de Terenos, em março de 2018. A segurança do Fórum será reforçada para o julgamento, com início às 13h desta quarta-feira (12). Os jurados ficarão incomunicáveis em hotel.  

Em razão do grande número de réus, o julgamento pode durar de dois a três dias e, por essa razão, a 2ª Vara do Tribunal do Júri iniciou, com antecedência, os preparativos para o julgamento, que exigirá a pernoite dos jurados em um hotel reservado pelo Tribunal de Justiça, permanecendo incomunicáveis durante o período. 

O último julgamento com essa complexidade operacional, que durou dois dias consecutivos, foi da ex-médica Neide Mota Machado e os seus funcionários, acusados de ter praticado aborto em quase 10 mil mulheres numa clínica da Capital. 

Segundo o juiz Aluízio Pereira dos Santos, nos casos em que vários acusados sentam ao mesmo tempo no banco dos réus, o julgamento se prolonga em razão da liturgia própria das sessões, como a oitiva de testemunhas e interrogatórios. "Além disso, o tempo destinado a fala da acusação e da defesa é ampliado, podendo chegar a 17 horas, o que torna a sessão cansativa, principalmente aos jurados", explicou.

Conforme o juiz, há mais processos envolvendo acusados de facções criminosas para serem julgados neste ano, cujos crimes são marcados por sequestro das vítimas, cárcere privado (cativeiros), seguidos de torturas por vários dias nas residências, com chamadas por videoconferência para os mandantes dos crimes que estão dentro ou fora dos presídios - crimes estes praticados por desacertos entre facções rivais e tráfico de drogas. 

Em Campo Grande, a exemplo de outras capitais e grandes centros, cada vez mais aumenta o número de processos de crimes complexos, até então inexistentes nos tribunais do júri, com por exemplo, o caso de Luiz Alves Martins Filho, o Nando, conhecido como serial killer, condenado a mais de 138 anos de cadeia. 

Mackson (à esquerda) e Wellington (à direita) durante julgamento realizado em setembro do ano passado (Foto: Henrique Kawaminami)
Mackson (à esquerda) e Wellington (à direita) durante julgamento realizado em setembro do ano passado (Foto: Henrique Kawaminami)

Denunciados - Sete pessoas foram denunciadas pelo crime: Gabriel Rondon da Silva, 22 anos, “Biel” ou “BMW”; Maycon Ferreira dos Santos, 31 anos, o “De Menor”; Tiago Rodrigues de Souza, 37 anos, conhecido como “Neguinho”, “Botucatu” ou “Sawary”; Elionai Oliveira Emiliano, 28 anos, o “Nai” ou “Nay”; Leonardo Caio dos Santos Costa, 32 anos, “Apolo”; Wellington Felipe dos Santos Silva, 24 anos, o “Piranha” e Mackson Ferreira dos Santos, 29 anos, “Dentinho” ou “Bugue”.

Wellington Felipe e Mackson Ferreira foram julgados em agosto do ano passado. Wellington foi condenado a 17 anos e 10 meses de prisão. Mackson foi inocentado do crime. 

Denúncia - Consta na denúncia que, no dia 13 de fevereiro de 2018, “John John” foi sequestrado por Gabriel, Tiago, Wellington e Leonardo e levado para um barraco no bairro Mário Covas que pertencia a Mackson, irmão de Maycon.

“John John” era acusado de envolvimento com o CV (Comando Vermelho), crime em que a sentença recorrente é a morte. Não foi diferente no caso, que teve deliberação em “conferências” por telefone com lideranças do PCC. Contra ele, pesavam evidências como fotos em que fazia sinal de V com a mão, em viagem ao Rio de Janeiro, marca da facção fluminense.

Na noite de 14 de fevereiro, “John John” foi levado a estrada vicinal, na saída para Terenos, na BR-262. Foi morto com dois tiros na cabeça, desferidos por Gabriel Rondon e Tiago Rodrigues. Elionai, usando faca fornecida por Maycon, decapitou “John John”. Wellington teria filmado toda a ação, supervisionada por Leonardo.

Os integrantes do “Tribunal do Crime” foram identificados no decorrer do processo, presos entre os meses de abril e junho de 2018. A defesa dos réus pedia pela impronúncia, ou seja, que não fossem levados a julgamento ou absolvição sumária, já que Elionai teria assumido a culpa do crime. Segundo consta nas argumentações, ele teria discutido com “JohnJohn”. Os dois, acompanhados de Maycon, foram até a estrada vicinal, onde Elionai atirou e decapitou a vítima, sem consentimento de Maycon. Matéria editadas às 8h15 do dia 12 de fevereiro para correção do horário do julgamento. 

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