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Capital

Mais uma vez, serial killer diz que se defendeu e matou em briga por terreno

"Pedreiro Assino" alega legítima defesa, assim como nos outros júris que passou

Dayene Paz e Bruna Marques | 20/07/2022 10:27
Cleber sendo interrogado em seu quinto júri por assassinatos na Capital. (Foto: Henrique Kawaminami)
Cleber sendo interrogado em seu quinto júri por assassinatos na Capital. (Foto: Henrique Kawaminami)

Assim como nos outros quatro julgamentos, o "Pedreiro Assassino" Cleber de Souza Carvalho, de 45 anos, alegou que agiu em legítima defesa quando matou José Jesus de Souza, de 45 anos, por uma briga de terreno em Campo Grande. Cleber ficou conhecido por assassinatos em série, na Capital, e foi preso em 2020, confessando todas as mortes. Ele enfrenta o sexto júri nesta quarta-feira (20).

Interrogado, Cleber detalhou que conheceu José Jesus em obras que trabalharam juntos. "Conhecia ele há um ano e três meses antes de acontecer o caso. Já tinha empreitado três serviços para ele, o primeiro foi no final de 2018", lembra.

Sobre o assassinato, ele afirma: "Matei. Em uma luta trocamos socos e aconteceu esse crime". Em sua defesa, conta que tudo aconteceu após briga por terrenos, assim como nos outros crimes. "Eu tinha três terrenos na Rua Picas e levei ele para fazer orçamento. Já tinha mudado mas faltava aterrar, então levei ele lá para fazer a lateral do muro que caiu".

Foi então que começou uma negociação entre os dois. "Perguntou se eu queria fazer rolo no terreno com a casa dele, respondi que o meu estava em processo de usucapião. Expliquei que era área de invasão, mas aí trocamos", afirma. "Ele pediu 60 dias para construir no terreno e sair da casa dele", complementa.

Cleber diz que José Jesus não começava a obra e como queria mudar para a casa, começou a "apertar ele". "Mas vi que tinha três pessoas brigando pelo terreno dele, aí eu falei 'Zé o terreno que você me falou não é nada do que você tinha falado'. Então pedi para destrocar".

No entanto, conforme o relato de Cleber, o colega já não podia destrocar, porque havia vendido o terreno por R$ 40 mil e investido o dinheiro em outro negócio, na cidade de Aquidauana. "Ele falou fica com esse terreno cheio de B.O por R$ 20 mil, eu passo esse carro e essa moto pra você", lembra. Segundo o pedreiro, o documento dos veículos estavam atrasados, os motores estragados. "Desse jeito não quero", respondeu ao colega.

Cleber afirmou que dois depois aceitou pegar moto e carro por R$ 10 mil, sendo que queria os outros R$ 10 mil em dinheiro. "Perguntou se podia ser parcelado, falei que podia, mas queria receber por semana". Negócio fechado.

No entanto, a briga começou após serviços no valor a receber de outra obra. "Falei 'Zé vou te pagar esses dois dias 300, mas os 400 vou pegar para descontar'. Começamos discussão de boca", detalha. A discussão ficou mais quente, foi quando começaram a trocar socos. "Ele é mais forte, eu não aguentei e caí. Ele pegou casco de coca quebrado e passou nas minhas costas. Passei a mão e senti o sangue".

Um pedaço de árvore seca foi usado para atingir a vítima. "Então corri, peguei o galho e dei duas pauladas. Na segunda ele caiu e não se mexeu mais", descreve. Depois, Cleber enterrou o corpo de José Jesus em uma cova rasa. "Abri buraco raso, joguei ele com a terra e os capim em cima. Falei a máquina vai jogar terra mesmo. E foi isso que aconteceu".

Sobre os veículos, afirmou que trocou o carro, que já estava com ele e pegou a moto de José Jesus. "Depois, o Astra eu dei uma ajeitada. Entrei em um grupo de carro bob, vi uma camionetinha,  gostei e fiz rolo. A moto vendi por R$ 1,8 mil".

Histórico - O serial killer, que ficou conhecido como "Pedreiro assassino" foi preso em 2020 e na época, sob investigação da DEH (Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes de Homicídio), foram feitas escavações, sendo que sete vítimas foram encontradas.

José Leonel Ferreira Santos, de 61 anos, Timótio Pontes Roman, de 62, José Jesus de Souza, 45 anos, Roberto Geraldo Clariano, 50, Hélio Taíra, 74, Claudionor Longo Xavier, de 47 anos, e Flávio Pereira Cece, de 34 anos.

Cleber sempre agia pensando em ficar com algo das vítimas, sejam imóveis ou outros bens materiais, como veículos.

Júris - Ele começou a ser julgado este ano e já foi condenado por quatro assassinatos, sendo a 15 anos de prisão no primeiro júri pela morte de Roberto Geraldo e 18 anos no segundo júri, pela morte de Timóteo Pontes. Dias depois, a justiça acabou reduzindo a pena do homicídio de Timóteo em três anos, sendo fixada em 15 anos de prisão.

No terceiro julgamento, foi condenado a 15 anos de prisão pelo assassinato e ocultação de cadáver do próprio primo, Flávio Pereira. No quarto, Cleber foi condenado a uma pena de 15 anos de prisão pela morte de Claudionor Longo Xavier, de 47 anos, em abril de 2019. Somadas, as penas chegaram a 78 anos de prisão.

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