No Noroeste, basta pouca chuva para pessoas ficarem quase ilhadas
Instabilidades, comuns no Verão, causam transtornos em bairro sem asfalto
Basta o céu fechar para os moradores do Bairro Noroeste, na região leste de Campo Grande, se prepararem para praticamente não sair de casa. O principal motivo é o lamaçal que se forma nas ruas sem pavimentação. Quem precisa se locomover enfrenta risco de atolar o carro ou escorregar no caminho até o ponto de ônibus. Debaixo da lona de barracos, há famílias ainda mais vulneráveis aos transtornos provocados pela chuva.
O que deveria ser motivo de alegria em época de seca, se torna sinônimo de triste para os moradores da região. Há anos, eles enfrentam problemas com a vinda das chuvas. A dona de casa Natanielly dos Anjos, 22 anos, mora na região há três anos e, neste período, já perdeu de tudo nas enxurradas de lama, de comida a geladeira.
O barraco em que mora não protege muita coisa. Parte da varanda de lona caiu com a chuva desta terça-feira. A estrutura acabou de ruir com rajada de vento no início desta tarde. “O problema é que a mesmo que chuva venha fraca, ela vem sempre acompanhada de ventos fortes”, relata.
Mãe de duas crianças, ela afirma que além das goteiras, as enxurradas trazem insetos e animais de todo tipo para dentro da casa. O barraco em que vive faz não protege muita coisa e deveria ser algo provisória, já que a dona de casa afirma estar inscritas em programas habitacionais. “Tenho a esperança de conseguir uma casa”.

Há pouco tempo no bairro, a dona de casa, Ana Carolina de Oliveira, 21 anos, já sente os efeitos da temporada de chuva. “É sempre muito ruim andar por aqui por conta dos buracos e quando chove fica ainda pior. Não adianta ter carro, porque você não consegue andar tranquilamente pelas ruas”, explica. Ela ressalta a necessidade de cuidado com as crianças para não correram no barro ou caírem em poças de água.
Comerciante, a Renata Ventura, 39 anos, afirma que basta começar a chover para os clientes sumirem do estabelecimento que mantém na Avenida Marechal Mallet. “A rua alaga e vira um rio de lama”. A situação compromete até mesmo o abastecimento do comércio. “Uma vez o menino teve descarregar nos braços as garrafas de refrigerante que tinha encomendado”, relembra.

Quem precisa sair de casa em dias de chuva, corre o risco de chegar de roupa suja no trabalho. A secretária, Adriana Vieira, 35 anos, enfrenta com cautela o trajeto entre sua casa, na Rua Andrade Neves, e o ponto de ônibus, localizado na Rua Barbacena. “É sempre horrível sair de casa em dias de chuva, porque a cada nova chuva os buracos aumentam”, relata.
Às vezes, ela precisa subir no ponto de ônibus para se proteger das chuvas. “A prefeitura veio no bairro mexeu em ruas próximas e não fez nada em ruas onde passam os ônibus. Isto só dificulta”, explica.
Para a aposentada, Doralice Pereira, 69 anos, o jeito em não sair nem na calçada em dia de muita chuva. Os buracos na Rua Corinta são tão grandes que impedem até mesmo as pessoas de passarem de carro.
No último sábado, um veículo chegou a atolar, por ficar duas rodas dentro uma cratera. Com problemas de visão e uma queda na lama, ela prefere não se arriscar no lamaçal. “Esta situação faz a gente ficar desconfortável”.
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