Pichações para ‘mandar recado’ chocam moradores do Aero Rancho

Na sexta-feira (16), 11 comércios e residências da avenida Raquel de Queiroz, no bairro Aero Rancho – sul de Campo Grande –, amanheceram pichados. Para moradores, que consideram a vizinhança tranquila, e donos de lojas foi um choque ver os palavrões escritos nos portões e muros. Mas, além da revolta, o “trabalho” do vândalo deu margem para muita especulação.

“Picharam primeiro o portão da vizinha ali do Pet Shop e depois os outros. Para mim isso é coisa de traição”, afirmou uma moradora, que pediu para ter a identidade preservada sobre a primeira pichação, de quarta para quinta-feira.

A dona da primeira casa escolhida pelos pichadores também chegou a acreditar que as palavras “vadia”, “biscate” e “vagabunda” seriam para ela. “Eu até tinha uma suspeita, mas depois no outro dia picharam as outras casas, os comércios e não picharam o meu portão de novo. Eu já tinha pintado, então acho que se fosse algo para mim, teriam feito aqui de novo. Querem mandar um recado, mas não sabem onde a pessoa mora, só pode ser”.

A primeira vítima, que também não quis dar o nome, chegou a procura a polícia, mas foi orientada a buscar mais evidências antes de registrar o fato. “Por enquanto, vou deixar para lá”.

Mistério – Para outros, o motivo de “tanta raiva” é um mistério. “Essa pessoa estava muito brava e resolveu extravasar assim. Tem duas semanas que eu montei o salão aqui, já ia pintar mesmo, se fosse um grafite eu até liberava minha parede, mas esse tipo de coisa é desnecessária”, opinou o cabeleireiro David Lopes, 43.

Já Luzia Gonçalves, 65, acha que “é coisa de moleque”, mas diz ter ficado chateada com o que escreveram na parede externa da casa dela. “Parece que é para mim não é? Moro aqui há 30 anos, nunca tive problema com vizinho nenhum, é bem chato isso”.

Rastro – O pichador deixou rastro no mercadinho, no salão de beleza e não poupou nem a porta da igreja evangélica.

“Cheguei a pensar: será que isso é para a candidata que eu apoio? Mas, acho que é coisa de quem não tem o que fazer mesmo”, afirmou José Alves Ferreira, 53, dono da vidraçaria da Raquel de Queiroz e presidente da associação de moradores do Jardim Aero Rancho 1. “Vou pedir providências para a polícia, mas não sei se resolve”, completou.

Sandra Oliveira, 33, foi à Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do bairro Piratininga, mas também não registrou ocorrência porque no fim das contas achou que seria em vão. “Não tem como descobrir quem é. A câmeras não pegaram”.

Dois comércios da rua têm câmeras de segurança, mas quem fez as pichações soube desviar o flagrante.

Por enquanto, moradores e comerciantes ficaram só com o prejuízo. “Nem vou pintar ainda. Vou esperar para ver se não vão pichar de novo”, disse Luzia.

“Já apaguei, porque são palavras muito feias”, mostrou o dono da vidraçaria. “A gente acorda já esperando qual vai ser a próxima”, comentou a primeira vítima.

Matéria editada às 14h56 para correção de informação.