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Capital

Santa Casa precisa de R$ 8 milhões para acertar salários e evitar greve

Após notificação extrajudicial, prefeitura diz que vai repassar cerca de R$ 1 mi, o que não é suficiente conforme a entidade

Ronie Cruz | 25/06/2019 15:07
Fachada da Santa Casa de Campo Grande vista do interior. (Foto: Ronie Cruz)
Fachada da Santa Casa de Campo Grande vista do interior. (Foto: Ronie Cruz)

A Santa Casa de Campo Grande precisa de R$ 8 milhões para colocar em dia o salário dos médicos, que falam em paralisar o atendimento a partir de sexta-feira (28), conforme o presidente da instituição de saúde, Esacheu Nascimento. O município informou estar repassando pouco mais de R$ 1 milhão nesta terça-feira (25) para ajudar no pagamento das despesas, o que não é suficiente segundo o hospital.

“A contrapartida do município e do Estado tem comprometido o pagamento. Em maio, a Santa Casa deixou de receber R$ 1,9 milhão referente ao mês de abril”, afirma Nascimento. Atualmente, a fonte principal de receita do hospital vem do SUS (Sistema Único de Saúde) e do município que é responsável pela gestão dos recursos que inclui contrapartida do estado.

Esacheu diz que as negociações ocorrem há pelo menos quatro meses com intermédio do MPF (Ministério Público Federal) e do MP-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). “A prefeitura diz que a arrecadação diminuiu e que não tem recursos, pois o estado não repassou. Notificamos extrajudicialmente o prefeito para que pague. Se essa solução não vier, a outra é entrar com uma ação judicial pedindo o bloqueio das contas do município”, afirmou.

O contrato da entidade com o poder público gira em torno de R$ 21 milhões, sendo que aproximadamente R$ 4 milhões são descontados pelo banco. O diretor afirma que a receita líquida é de R$ 17 milhões por mês que é usada para financiar a compra de materiais, medicamentos, serviços ambulatoriais e outros custeios. “Sei que há médicos que falam que o problema é nosso mas não é”, destaca.

Esacheu Nascimento, presidente da Santa Casa, em entrevista ao Campo Grande News nesta terça-feira (25). (Foto: Marina Pacheco)
Esacheu Nascimento, presidente da Santa Casa, em entrevista ao Campo Grande News nesta terça-feira (25). (Foto: Marina Pacheco)

Segundo o diretor, o contrato está defasado desde 2013 e os reajustes anuais dos custos dificultam a prestação de serviços da Santa Casa. “Só a inflação de insumos em 2017 era de 17%. Enquanto isso os salários são reajustados, conforme impõe o Ministério do Trabalho. E isso tudo leva a um momento de crise. Mas a crise não é nossa. É do poder público”, afirma.

A direção do hospital descarta tomar empréstimo bancário para custear as despesas no momento. “Até ano passado recebemos financiamentos bancários que mascarava. Mas os bancos não querem mais emprestar dinheiro pra saúde”, ressaltou Esacheu. Empréstimos levaram a Santa Casa a uma dívida bancária de R$ 143 milhões.

Uma reunião organizada pela CMB (Confederação das Santa Casas de Misericórdia) em Brasília nesta quarta-feira (26) deve discutir o financiamento da saúde pela União. “O governo nos empresta dinheiro para pagar a conta deles mas é o governo tem que pagar isso. Não é possível empurrar isso para hospitais”, finalizou.

Greve - Após audiência realizada na noite desta segunda-feira (24), médicos celetistas da Santa Casa de Campo Grande decidiram paralisar os atendimentos na unidade. A decisão se deu por conta de atraso no salário dos trabalhadores, que deveria ter sido pago no quinto dia útil deste mês, mas que, segundo eles, não foi repassado até agora.

De acordo com o Sinmed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), ao todo, cerca de 300 médicos celetistas trabalham na Santa Casa e a paralisação dos profissionais deve começar a partir das 19 horas de sexta-feira (28).

Por lei, os médicos são obrigados a manter funcionando 70% do setor de urgência e emergência e 30% do serviço ambulatorial. Segundo o Sinmed, caso a Santa Casa faça o pagamento do salário atrasado no prazo de 72 horas, até o início da suspensão dos serviços, a paralisação será descartada.

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