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Capital

Venda fácil a ferros-velhos faz furto de fios de cobre virar rotina na cidade

Somente neste mês, quatro casos de furtos de fiação foram registrados na Capital

Clayton Neves | 19/09/2019 15:20
Fios de cobre são valorizados no "mercado negro" e furtos alimentam a prática do crime em MS. (Foto: Arquivo)
Fios de cobre são valorizados no "mercado negro" e furtos alimentam a prática do crime em MS. (Foto: Arquivo)

Com preço por quilo que varia de R$ 12 a R$ 16, a venda de fios de cobre é considerada negócio rentável e ajuda a movimentar o comércio em ferros velhos e pontos de reciclagem de Campo Grande. Sabendo disso, criminosos desafiam limites e ignoram riscos para furtar fios de prédios e até mesmo de áreas públicas da cidade, aumentando os índices do crime na Capital.

“Esse tipo de crime acontece em áreas distintas, geralmente em imóveis abandonados, como os da área do Centro, ou em construções novas que ainda não têm morador e pouca vigilância”, explica a delegada Daniella Kades.

Depois de furtados, os criminosos fazem a queima dos fios para retirada do plástico que envolve o cobre. Em seguida, vendem o produto em lojas de sucatas, numa transação que resulta nos crimes de furto e receptação qualificados.

O Campo Grande News entrou em contato com alguns ferros velhos da Capital e constatou que não é difícil negociar o produto. Se passando por clientes, questionamos sobre a compra e venda do cobre e, em nenhum momento, fomos indagados sobre a procedência do material.

“Se não existisse quem compra, não haveria quem furta. Por causa disso as ações da polícia têm como um dos principais alvos quem faz a receptação”, explica a delegada.

Segundo a delegada Daniella Kades os alvos da polícia são os receptadores do cobre (Foto: Clayton Neves)
Segundo a delegada Daniella Kades os alvos da polícia são os receptadores do cobre (Foto: Clayton Neves)

Segundo ela, não é possível traçar um perfil dos criminosos, que vai desde moradores de rua e usuários de drogas, até técnicos com experiência na área elétrica. Como exemplo, Kades cita o caso de um eletricista, velho conhecido da polícia, que teria sido indiciado diversas vezes pelo crime. “Ele sabia como fazer a retirada dos fios de uma maneira mais segura, sem risco de levar choque, e se aproveitava disso”, relata.

Ela também cita o caso de um sobrado na região da Morada dos Baís, no Centro, que teve toda fiação levada por assaltantes. “O imóvel estava fechado para alugar. Eles isolaram os padrões e fizeram o limpa”, lembra.

Para quem é alvo dos criminosos, fica o prejuízo que, em proporção de valores, é bem maior do que o proveito dos bandidos.

Últimas Ocorrências - Somente neste mês, a região do Centro registrou quatro casos de furtos de fios de energia elétrica, nos dias 2, 4, 5 e 9. Os casos aconteceram na agência da Caixa Econômica Federal da Avenida Bandeirantes, no canteiro da Avenida Antônio Mendes Canale, na Agetec (Agência Municipal de Tecnologia da Informação e Inovação) e no Bairro São Conrado.

Antes disso, no dia 13 de agosto, a Prefeitura de Campo Grande precisou adiar a inauguração da nova iluminação da Orla Morena e da Avenida Duque de Caxias depois que descobriu que a fiação instalada para suportar a lâmpadas de LED foi furtada. Dias depois, agência do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) teve de cancelar dois dias de atendimento, porque fios do padrão foram levados e o prédio ficou sem luz.

Mortes - No dia 11 de julho, Cleber Miller Miguel da Silva, de 31 anos, foi atingido por descarga elétrica enquanto tentava furtar fios elétricos de um prédio no Centro. Por causa da explosão provocada pelo curto-circuito, todo o local ficou sem energia elétrica

Cinco dias depois, Julian Estácio de Souza, de 33 anos, foi encontrado morto na calçada de uma fábrica de telhas desativada na Avenida Gury Marques. A perícia concluiu que a vítima subiu em um poste de energia para furtar fios de cobre, mas foi eletrocutada e caiu de uma altura de 6 metros.

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