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Interior

Viúva de major lamenta adiamento de júri: "desapontada, agora é esperar"

Defesa pede mudança de local de júri, o que adiou audiência este mês; Paulo Setteravall foi morto com facada no tórax, em Bonito

Silvia Frias | 03/03/2020 16:31
Elaine no dia de sepultamento do marido: hoje, terapia do luto e espera por júri (Foto/Arquivo: Henrique Kawaminami)
Elaine no dia de sepultamento do marido: hoje, terapia do luto e espera por júri (Foto/Arquivo: Henrique Kawaminami)

A professora Elaine Settervall aguardava para hoje o julgamento que definiria a sentença do homem que matou seu marido, o militar reformado Paulo Settervall, assassinado com facada no tórax, em 2019. O júri foi adiado para evitar a possível anulação em caso de condenação. “Estou extremamente desapontada, mas o que eu posso fazer? Agora é esperar”.

Paulo Settervall foi morto com facada no tórax, no dia 14 de abril de 2019, em Bonito, a 257 quilômetros de Campo Grande. O acusado, o servente de pedreiro Bruno da Rocha, 31 anos, foi preso 30 horas depois, alegando que foi chamado de “trombadinha” ao pedir um cigarro.

O desaforamento é medida que desloca a competência de processo de uma comarca para outra. Neste caso, a defesa de Bruno da Rocha alegou que os jurados de Bonito poderiam estar “contaminados” pelas informações divulgadas pelo crime e não teriam discernimento necessário para julgamento imparcial.

O argumento é baseado na lista prévia dos convocados aos júris de 2020 e o rastreamento das respectivas redes sociais, em que alguns compartilharam reportagens sobre o crime e fizeram comentários contra o réu. Também alegou que não seria possível que os três defensores estivessem presentes na data marcada.

Paulo ao lado da esposa. (Foto/Arquivo)
Paulo ao lado da esposa. (Foto/Arquivo)

Inicialmente, o desembargador Cláudio Bonassini negou o pedido de desaforamento e, depois, a juíza de Bonito, Adriana Lampert, suspendeu o julgamento para evitar que na avaliação do mérito dessa liminar, o desaforamento fosse concedido e o júri, se tivesse sido realizado, anulado.

“Não havia necessidade de entrar com pedido de desaforamento, foi só para truncar o processo, mas o risco era maior”, diz Elaine, que também temia a revogação da prisão preventiva do acusado. Ainda não há data prevista para o julgamento do mérito do desaforamento.

A viúva criticou a motivação da defesa do réu, que estaria interessada na publicidade gerada, por ter sido caso de grande repercussão. “É falta de respeito muito grande, comigo e com meu filho”. Desde o crime, ela e o adolescente fazem terapia de luto.

O advogado João Ricardo Batista, que faz a defesa de Bruno Rocha limitou-se a comentar que a viúva está no direito de se manifestar, mas que é “direito do réu ter a defesa técnica e os motivos pelos quais os advogados trabalham nessa defesa competem ao réu e a própria defesa”.

Crime – na noite de 14 de abril de 2019, o militar reformado estava em frente a hotel, fumando. De bicicleta, Bruno se aproximou e disse “Ô, coroa, me dá um cigarro aí?”. Segundo o réu, o pedido foi negado e ele ainda foi chamado de “trombadinha”. O acusado saiu, deixou a bicicleta na esquina e voltou, dizendo “Ô, coroa, olha aqui o trombadinha!” e o esfaqueou no tórax.

O réu diz que a intenção era dar susto, pois “ele desdenhou e fez pouco caso” dele. Bruno disse que estava com a faca por que queria encontrar o ex-cunhado, com quem havia brigado horas antes.

O MPMS (Ministério Público de MS) ofereceu denúncia, aceita pela justiça por homicídio qualificado por motivação fútil. Um laudo psicológico chegou a ser feito na tentativa de alegar inimputabilidade, mas, apesar de atestar o consumo de álcool e drogas, a perícia atestou que Bruno era capaz de responder por seus atos.

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