Por reajuste, médicos suspendem atendimento a planos até dia 17

Em pauta, o reajuste no repasse de consultas e procedimentos e o fim da interferência dos planos de saúde na relação médico-paciente. Na prática, braços cruzados para o atendimento aos planos de saúde de hoje até o dia 17 de outubro.
Durante coletiva na manhã de hoje, no CRM (Conselho Regional de Medicina), o vice-presidente do Conselho, Alberto Cubel Júnior, falou que a decisão foi tomada depois de longa negociação das entidades médicas, Conselho, Associação Médica e Sindicato dos Médicos, com as operadoras de saúde.
“Tentamos durante o ano passado a negociação de reajuste, como não obtivemos êxito, vamos paralisar os atendimentos eletivos e retornamos do dia do médico”. A paralisação segue o movimento nacional, que para por 15 dias. No entanto, na avaliação dos dirigentes de classes médicas, a fragilidade da saúde no Estado traria muitos prejuízos à população.
Os serviços de urgência e emergência continuam e o o CRM recomenda que usuários que se sentirem prejudicados, procurem a ANS (Agência Nacional de Saúde).

Dados levantados pelas entidades médicas mostram que de 2003 a 2011, o reajuste da mensalidade dos planos foi em torno de 200%. “E nós médicos recebemos em torno de 60%. São 140% a menos, pagos pelos clientes dentro das operadoras”, ressalta Cubel.
Entre as tentativas de negociação com as operadoras, entre elas as quatro de maior atuação em Mato Grosso do Sul: Cassems, Funserv, Unidas e Unimed, o presidente do CRM sustenta que o ouvido foi que os planos não tem condições de dar reajuste.
“Para onde está indo o dinheiro então? Está faltando gestão nas operadoras”, acrescenta.
Em relação ao fim da intervenção na autonomia do médico, a categoria considera influência antiética. “É muito comum os planos negarem procedimentos de alto custo. É o que não pode haver, interferência se o médico necessita operar”, completa.
O último reajuste que os médicos de planos de saúde receberam foi ano passado. Quando o repasse da consulta, em média, foi de R$ 45 para R$ 60. “Essa também é a nossa briga, por critérios claros, colocar isso em lei, normatizar reajustes anuais”, levantou.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos, Marco Antônio Leite, o que o movimento está pedindo é a consulta paga em cima da tabela nacional e mais 20%. Com isso, o valor chegaria a R$ 80.

Marco Antônio levantou que todo o lucro dos últimos 10 anos não foi repassado para os médicos. “Temos procedimento que se paga 10 reais. Tem plano que segue a classificação de 1996”, diz. Na avaliação do Sindicato e também na prática, o que se veem entre agendamento de consultas é que algumas especialidades estão realmente deixando de existir nos planos de saúde.
Em um comparativo feito pelo movimento nacional e apresentado pelo Sindicato para um procedimento como biópsia o repasse das operadores é de R$ 8,17. “Isso enquanto uma recarga de celular é de R$8. São coisas absurdas, nós não estamos querendo ganhar dinheiro”, justifica.
Outro exemplo é o exame de eletrocardiograma. “É repassado ao médico em média R$ 10. Uma revista semanal custa R$ 9,90”.
Com a paralisação, Marco Antônio considera que é possível melhorar a qualidade do serviço. “Estaremos indiretamente melhorando o atendimento para o usuário, contribui para a população a partir de quando o profissional for valorizado”, enfatiza.
Em termos de negociação, as entidades esperam que ao fim do movimento possam sentar novamente com os dirigentes das operadoras. “Vamos apresentar a lista de reivindicação e decidir critérios anuais”, disse. Sobra a interferência dos planos, Marco Antônio finaliza “é inadmissível, a palavra em cima de um procedimento é do profissional que decide. A operadora tem que bancar, tem que pagar”.
Como orientação final aos usuários, o Sindicato orienta para que aqueles que sentirem necessidade, vão até o plano, combinem o preço a ser pago pela consulta ao médico e peça o ressarcimento