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Em Pauta

Individual ou coletivo. Como você cria seu filho?

Mário Sérgio Lorenzetto | 10/12/2018 07:10
Individual ou coletivo. Como você cria seu filho?

Já no quinto século, o filósofo grego Tucídides constratava o autocontrole e o estoicismo dos espartanos à indulgência e liberdade de pensamento dos atenienses. Hoje, o mundo parece o mesmo na questão dos maiores valores culturais de uma sociedade, de um país. Comportamentos e características singulares parecem enraizados nas diferentes sociedades.
Os italianos gesticulam muito quando falam. As crianças holandesas são notavelmente calmas e pouco exigentes. Os russos raramente sorriem em público. (A pesquisa não chegou ao Brasil, mas certamente seríamos o povo que se considera o campeão da alegria e da malandragem).
A Washington State University e o Bowdoin College trabalharam em quatorze países para descobrir se os maiores valores culturais são passados de pais para filhos. Conseguiram documentar diferenças marcantes nas personalidades das pessoas que vivem em diferentes partes do mundo. E mostraram como a cultura pode moldar esses valores.

Individual ou coletivo. Como você cria seu filho?

Pensar em si mesmo ou pensar nos outros?

Talvez o mais conhecido desses amplos valores culturais seja o individualismo e o coletivismo. Em algumas sociedades como os EUA e a Holanda, as pessoas são, em grande parte, impulsionadas para atividades de que se beneficiam. Espera-se que eles busquem reconhecimento pessoal e aumentem seu próprio status social e financeiro.
Em sociedades mais coletivistas, como a Coreia do Sul e o Chile, o alto valor é colocado no bem estar do grupo, especialmente na família, mas também no local de trabalho.
Os cientistas descobriram que o modo como os pais disciplinam seus filhos é fortemente influenciado por esses valores sociais e, provavelmente, serve para perpetuar esses valores de uma geração para outra.
Por exemplo, em comparação com os pais em culturas individualistas, os pais coletivistas são muito mais propensos, quando repreendem seus filhos, a direcioná-los a "pensarem" sobre seu mau comportamento e como esse comportamento errôneo pode impactar negativamente aqueles que o rodeiam.
Isso parece promover a harmonia do grupo e preparar uma criança para prosperar em uma sociedade coletivista. Ao mesmo tempo, se você esta constantemente sendo instruído a pensar como suas ações afetam os outros, você também pode estar mais propenso a sentir ansiedade, culpa e vergonha.
Eles dizem que as crianças nas culturas coletivistas tendem a expressar níveis mais altos de tristeza, medo e desconforto do que as crianças que crescem em sociedades individualistas.

Individual ou coletivo. Como você cria seu filho?

Livre para buscar a felicidade?

Um segundo conjunto de valores que estudaram foi indulgência versus restrição. Algumas culturas como os EUA, México e o Chile, tendem a permitir e promover a autogratificação. Outros como a Coreia do Sul, Bélgica e Rússia, encorajam a contenção. Os pais em sociedades indulgentes tendem a enfatizar a importância de desenvolver a auto-estima e a independência. Por exemplo, eles esperam que as crianças entrem na escola e durmam sozinhas. Quando um filho se comporta mal, eles costumam sugerir maneiras pela qual poderá construir a paz e reparar um dano.
A mensagem que a criança pode receber desse tipo de tratamento é que são elas que controlam sua felicidade e que devem ser capazes de consertar seus próprios erros. Ao mesmo tempo, quando se incentivam a busca por gratificações, as crianças podem estar mais propensas a buscar impulsivamente recompensas mais imediatas - seja comer um doce antes do almoço ou pegar um brinquedo em uma prateleira de uma loja - antes de obter permissão.
Enquanto isso em sociedades que priorizam a contenção, os pais são mais propensos a gritar e xingar ao disciplinar seus filhos. Isso pode torná-los mais obedientes. Mas também pode fazer com que as crianças sejam menos otimistas e menos propensas a se divertirem.
Esses cientistas também descobriram que os pais se tornaram mais individualistas nos últimos 50 anos, uma mudança que foi mais pronunciada nos países que alcançaram maior desenvolvimento econômico.

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