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Economia

Com déficit na pandemia, transporte trava batalha por socorro de R$ 4 bilhões

Congresso pode derrubar veto de presidente, que barrou auxílio ao setor

Aline dos Santos | 16/03/2021 09:45
Em Campo Grande, total de passageiros de ônibus caiu pela metade na pandemia. (Foto: Henrique Kawaminami)
Em Campo Grande, total de passageiros de ônibus caiu pela metade na pandemia. (Foto: Henrique Kawaminami)

O transporte coletivo trava batalha nesta semana em Brasília, onde o Congresso Nacional vai votar o veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao projeto de lei que prevê auxílio de até R$ 4 bilhões para o setor em cidade com mais de 200 mil habitantes.

De acordo com o presidente do Consórcio Guaicurus, João Rezende, que vai ao Distrito Federal hoje, a expectativa é de que os parlamentares derrubem o veto presidencial, destravando o dinheiro, ou que a União edite Medida Provisória com recursos para o setor.

Em Campo Grande, a pandemia derrubou o número de passageiros em 50%, obrigou a demissão de 600 trabalhadores e resultou em déficit de R$ 25 milhões.

“O setor de transporte, tanto o patronal quanto o laboral, está se movimentando. É um setor que anda não foi socorrido pelo governo federal. É uma situação muito delicada. Mesmo que o Congresso esteja operando on-line, vamos conversar com os parlamentares presentes. O transporte está numa zona de risco para paralisação. Em Teresina, são 30 dias sem transporte coletivo e quem perde é a população”, afirma Rezende.

De março de 2020 (quando o coronavírus chegou a Mato Grosso do Sul) a março de 2021, o prejuízo é alto. “Para ver o efeito da pandemia, basta uma conta bem simples. A diferença entre a entrada de recursos e a despesas é um déficit de R$ 25 milhões”, diz o presidente do Consórcio Guaicurus.

O comparativo entre fevereiro do ano passado e de 2021 mostra queda de 50% dos passageiros, passando de 3,6 milhões para  1,8 milhão. A frota em circulação é de 360 ônibus.

"É um setor que anda não foi socorrido pelo governo federal", afirma João Rezende. (Foto: Marcos Maluf)
"É um setor que anda não foi socorrido pelo governo federal", afirma João Rezende. (Foto: Marcos Maluf)

De acordo com Rezende, algumas cidades já estão subsidiando o transporte urbano. “O empresário precisa ser remunerado para transportar as pessoas que o poder público mandou transportar. No atual sistema, somos remunerados pela tarifa, que não está sendo suficiente”, afirma.

Outra questão é a estrutura viária, que precisa assegurar a rápida circulação dos ônibus. “Muitos afirmam que são obrigados a comprar moto porque o transporte público não os atendem, que o serviço é ruim. Pode ser que essa afirmação proceda, pois o transporte está sendo asfixiado, sufocado. Não tem as condições de tráfego que deveria ter”, avalia João Rezende.

Além do socorro financeiro, o setor pede ao governo federal mudança no marco regulatório, que abre caminho para que as prefeituras paguem as empresas por quilômetro rodado.

“As pessoas estão abandonando o transporte coletivo. É um circulo vicioso que tende só a piorar Precisamos de políticas para reverter esse quadro. O transporte coletivo é o que leva o idoso de graça, o estudante de graça, o deficiente de graça”.

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