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Comportamento

Dedo na cara também é violência contra a mulher, apesar da maioria não perceber

Lado B | 12/04/2017 08:22
Episódio de violência marcou a edição de 2017 do reality.
Episódio de violência marcou a edição de 2017 do reality.

O espancamento é, na maioria das vezes, o último estágio da violência contra a mulher. Em casos mais dramáticos, mas não menos frequentes, os assassinatos acabam com uma rotina de agressões não apenas físicas.

Os ataques psicológicos podem ser tão danosos quanto um tapa e iniciar com um dedo na cara. Karine Barbosa Salgado tem 37, atuou como psicóloga na Casa da Mulher Brasileira em Campo Grande, e conhece bem os sinais de um relacionamento abusivo. Para colaborar nessa discussão que ganhou força durante episódios do BBB-17, ela fala aqui no Voz da Experiência um pouco do que percebe em sua rotina de trabalho.

Imagem de campanha para aumentar denúncias de violência contra a mulher.
Imagem de campanha para aumentar denúncias de violência contra a mulher.

O que vimos esta semana em rede nacional, quando no BBB o suposto “namorado” de Emily, o Marcos, coloca o dedo em seu rosto, não foi apenas uma discussão. É intimidação e ameaça, porque ele fez valer a maior força, que no caso é a do homem. A maioria das pessoas não consegue distinguir a violência psicológica. Por isso, a mulher leva anos até perceber que é vítima de violência doméstica.

São sinais de relacionamentos abusivos que, infelizmente, são muito comuns e não escolhem a classe social, escolaridade, raça, cor e etnia. A maioria ocorre dentro do contexto familiar, o que dificulta a vítima identificar o problema.

Ela acaba se acostumando com a forma áspera de ser tratada, com a fala alterada, os xingamentos e as humilhações. Mas isto não é normal, é crime, segundo a Lei Maria Penha (11.340/2006).

Isto deve ser discutido nas escolas e, principalmente, em casa. Nossos meninos devem aprender a lidar com frustrações e as meninas precisam saber identificar um possível agressor para sair deste tipo de relacionamento.

Vivemos em uma sociedade machista, mas somos a maioria, além de mães da outra metade da população. Infelizmente, muitas mulheres carregam consigo o ranço do machista impregnado e não as culpo, culpo sim a nossa criação e nossa sociedade.

A culpa nunca é da mulher em situação de violência, mas o agressor consegue transferir toda essa responsabilidade à ela. Ele cria uma estrutura para que a vítima se sinta presa a ele, dependente de seu afeto. Ela passa a acreditar que não consegue fazer mais nada sem o companheiro, namorado ou ex, afastando-se de família e amigos.

Para quem trabalha ou já trabalhou com violência doméstica, ficou muito claro o que aconteceu no BBB-17. Além de críticas constantes, ele a encurralou contra a parede, intimidou, em seguida a humilhou. Tentou um beijo a força, imobilizou a moça, apertou seu braço e isso tudo é crime.

Podemos ver ali o ciclo da violência ocorrer em rede nacional. Temos um número alarmante e o que vivemos no dia a dia não é um reality, é vida real. Mulheres morrem vítimas de seus companheiros diariamente. 

Vale destacar que violência não é somente a física, quando a mulher chega a apanhar, com socos e tapas. Ela é classificada em 5 tipos que valem a pena ressaltar, principalmente, por ocuparmos o 5º lugar no ranking de agressões contra a mulher.

Temos a violência psicológica, que é xingar, humilhar, ameaçar, intimidar e amedrontar, criticar continuamente, desvalorizar os atos e desconsiderar a opinião ou decisão da mulher, debochar publicamente, diminuir a autoestima, tentar fazer a mulher ficar confusa ou achar que está louca, controlar tudo o que ela faz, quando sai, com quem e aonde vai, usar os filhos para fazer chantagem.

A violência física acontece quando se bate, espanca, empurra, sacode, morde, usa arma branca ou de fogo. Também a violência sexual onde o parceiro força relações sexuais quando a mulher não quer ou quando estiver dormindo ou sem condições de consentir.

A violência patrimonial é o controle de toda situação dentro do relacionamento e  a violência moral com comentários ofensivos na frente de estranhos, humilhação pública e exposição da vida intíma do casal.

No Brasil estima-se que a cada dois minutos uma mulher é espancada.

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