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Comportamento

Depois de estudar artista carioca, crianças o ajudam a cobrir escola de arte

O artista plástico Ivan Cruz, esteve pela primeira vez em Campo Grande e ocupou paredes de 2 escolas, ao lado dos alunos

Thailla Torres | 01/11/2018 07:59
Artista preparou tintas para a criançada pintar. (Foto: Henrique Kawaminami)
Artista preparou tintas para a criançada pintar. (Foto: Henrique Kawaminami)

“A criança que não brinca não é feliz, ao adulto que quando criança não brincou, falta-lhe um pedaço no coração”. A frase que carrega no peito é a mesma que o artista plástico carioca Ivan Cruz, de 71 anos, leva de mensagem durante três dias de visita às escolas de Campo Grande.

Convidado por duas instituições, nesta semana ele esteve pela primeira vez em Mato Grosso do Sul. De um jeito descontraído, ele invadiu salas de aula para desenhar no quadro obras de sua série “Brincadeiras de Criança”.

Niederson estava encantado com os desenhos do artista. (Foto: Henrique Kawaminami)
Niederson estava encantado com os desenhos do artista. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Pipa”, “corre-corre”, “pula corda”, “amarelinha”, eram diversões que os alunos do primeiro ao oitavo ano do Ensino Fundamental tentavam adivinhar enquanto ele desenhava no quadro. Muitos não sabiam quem era Ivan pessoalmente, mas foi só o desenho ganhar forma no quadro que todo mundo identificou as obras do artista que, durante todo mês de outubro, foi trabalhada em sala de aula, especialmente, para resgatar as brincadeiras que dão sabor à infância e provar que arte pode colorir à vida.

Sem muita vaidade, Ivan parece não se preocupar com reconhecimento, mas quer que todo mundo reconheça a beleza das tintas e veja um futuro nas cores. “Tinta não mancha, tinta pinta, colore”, diz ao ver uma das funcionárias limpando a tinta de caiu no chão.

Enquanto prepara copinhos com tinta acrílica para entregar às crianças, o artista-plástico diz o quanto ficou maravilhado com a cidade. “Amei o calor, essa energia, as árvores. É bem o clima que eu gosto, fiquei muito feliz pelo convite”.

Amanda estava ansiosa por um autógrafo de Ivan. (Foto: Henrique Kawaminami)
Amanda estava ansiosa por um autógrafo de Ivan. (Foto: Henrique Kawaminami)

Nascido nos subúrbios do Rio de Janeiro, foi nas ruas de seu bairro que Ivan reconheceu o valor de uma brincadeira na infância. Formado em Direito, em 1990 ele abandonou a advocacia para se dedicar integralmente à arte e foi então que a vida de criança ganhou novos significados em seus quadros.

Hoje mais do que desenhar por onde é chamado, Ivan quer mostrar o valor que arte na vida de uma menina ou menino que sonha. “A arte não pode ter limite, ela não pode inibir, mas ela pode fazer essa criançada sonhar. Por isso eu chego desse jeito descontraído e que elas peguem na tinta, usem as cores primárias e se reconheçam ali. Porque arte transforma”, diz o artista.

Ivan retrata em suas obras piões, crianças pulando corda, jogando bola de gude, pulando amarelinha, soltando pipa, andando com pé de lata. Foi esse colorido que também inspirou a estudante Amanda Fochesatto, de 9 anos, que segurava um quadrinho pintado por ela quando tinha 6 anos, retratando a obra de Ivan. Ela aguardava ansiosa a explicação do artista para que pudesse autografar sua obra. “Essa vai ficar no meu quarto”, conta a estudante.

Ana Gabriela ficou feliz em pintar ao lado de Ivan. (Foto: Henrique Kawaminami)
Ana Gabriela ficou feliz em pintar ao lado de Ivan. (Foto: Henrique Kawaminami)
Do primeiro ao sétimo ano, alunos participaram da pintura em uma escola municipal. (Foto: Henrique Kawaminami)
Do primeiro ao sétimo ano, alunos participaram da pintura em uma escola municipal. (Foto: Henrique Kawaminami)

Também não faltou criança a espera para uma selfie ou ansiosa para receber um copinho de tinta e ter privilégio de pintar junto com o artista. Niederson Ortiz, de 6 anos, não escondia o sorriso. “A brincadeira que eu mais gosto é pular corda”, diz com os olhinhos encantados.

Enquanto isso Ana Gabriela Delfino, de 9 anos, escolhia a tinta amarela para dar cor à menina que brincava no pé de lata. “A professora ensinou tudo sobre ele. Ele gosta das brincadeiras igual a gente”, diz enquanto pinta.

Professora de Artes na escola Fauzze Scaff Gattas Filho, Laurizete Cação Nicolau, de 47 anos, foi quem teve a ideia de trazer o artista a Campo Grande pela primeira vez. “Eu entrei em contato e ele foi muito receptivo. Quando ele disse que viria sem cobrar nada, como um cachê, eu fiquei enlouquecida”, conta.

Em parceria com a escola Ursinho Panda, também no bairro Nova Campo Grande, as escolas realizaram o sonho de trazer o artista. “Para a gente é uma oportunidade muito importante, porque trabalhamos as obras do Ivan neste mês das crianças e mostramos aos nossos alunos o valor das brincadeiras, a importância de aproveitar a infância, e o quanto eles podem aprendeu com arte. E agora ter a marca do Ivan pela nossa escola é ainda mais emocionante”, diz a professora.

Hoje Ivan visita outra escola no Jardim Anache e a próxima parada é em Tocantins. “Minha vida é essa, quero levar arte para todas as crianças e mostrar que as brincadeiras são eternas. Que a pintura e o desenho também seu lado literário”, diz o artista.

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Suas obras estão tatuadas no braço, para que não precise andar com tela ou cadernos. (Foto: Henrique Kawaminami)
Suas obras estão tatuadas no braço, para que não precise andar com tela ou cadernos. (Foto: Henrique Kawaminami)
Na sala de aula, crianças tentavam adivinhar a brincadeira desenhada por Ivan. (Foto: Henrique Kawaminami)
Na sala de aula, crianças tentavam adivinhar a brincadeira desenhada por Ivan. (Foto: Henrique Kawaminami)
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