Há 17 anos, mãe e filha transformam bar de bairro em ponto tradicional
Maria Auxiliadora e Rosa lideram espaço que virou símbolo de acolhimento no Parque dos Laranjais
Em um cantinho do Parque dos Laranjais, um bar simples reúne a vizinhança. Nesse sábado (9), o local fez o tradicional arraiá e nem o frio assustou quem bate ponto todos os anos. Apesar da fama da festa, a história vai muito além disso. Chamado de Bar da Loira, o lugar é tradição há 17 anos para amigos, vizinhos e quem gosta de bom papo. Quem comanda tudo é Maria Auxiliadora e a mãe, Rosa.
RESUMO
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O Bar da Loira, localizado no Parque dos Laranjais em Campo Grande, é um estabelecimento familiar que há 17 anos reúne vizinhos e amigos. Comandado por Maria Auxiliadora e sua mãe Rosa, de 72 anos, o bar se tornou ponto de encontro tradicional no bairro, conhecido por seus pastéis caseiros, caldos semanais e campeonatos de sinuca. O estabelecimento, que começou no bairro São Francisco antes de se mudar para o atual endereço, é famoso por seu arraial anual, tradição que já dura 12 anos. O ambiente familiar já foi palco de diversas histórias, incluindo o início do romance entre Djamir José da Silva e Iara Medeiros, frequentadores assíduos que estão juntos há uma década.
Maria até tentou deixar o nome como homenagem aos amigos, mas nunca pegou. Formada em contabilidade, mas sem nunca ter se identificado com o mundo corporativo, ela conta que não troca o trabalho ao lado da mãe por nada.
“Minha mãe ficou doente, teve depressão e eu precisei ficar em casa com ela. Como era só nós duas, eu resolvi abrir um bar. Na verdade, os vizinhos deram a ideia. A gente juntou um dinheiro e abriu. Antes era Bar dos Amigos, mas nunca pegou, todo mundo falava ‘vamo lá na loira’ e ficou. Eu gostei da coisa e não troco mais, não. Trabalhei em várias empresas, mas não volto pra isso. Gosto de trabalhar com pessoas, conversar. Aqui vem os pé de cana, mas é tranquilo.”
Maria conta que, antes do Parque, o bar ficou durante quatro anos no bairro São Francisco, mas como elas já moravam ali, resolveram mudar. “A vizinhança aceitou bem, é um bar família, de bairro. O arraiá tem 12 anos. O movimento estava fraco quando uma vizinha teve a ideia de fazer o arraiá: reuniu uma que queria vender pastel, outra salgadinho, e eu entrei com a bebida. Na época não tinha asfalto ainda.”
A Loira, como é chamada, explica que faz campeonato de sinuca toda sexta-feira e até aniversário para cliente. “Eu gosto de público. Eu vendo, além da cerveja, o refrigerante, caipirinha, salgado, pastel. Minha mãe faz o pastel. Tem porção e o caldo uma vez por semana. Temos um grupo de sinuca e eu jogo também.”
A mãe dela, Dona Rosa, 72 anos, é a alma da cozinha. Quem prova os caldos ou os pastéis feitos por ela sabe que ali tem um toque de carinho, de tradição.
“Criamos o bar porque era o que a gente tinha no momento para começar. Depois que meu irmão faleceu, veio a minha mãe, ela tem 97 anos e tinha que ajudar. Assim ela ficava junto com a gente. Lá no São Francisco era alugado e fomos assaltados. Viemos pra cá. Eu fico mais na cozinha, faço caldo, pastel, tudo caseiro.”
Antes de ter o bar, Rosa sequer imaginava que seria dona de algo. Lavadeira a vida toda, ela conseguiu estudar apenas na terceira idade.
“Eu gosto disso. Antes nem mexia com comércio, eu lavava roupa para fora. Estudei depois de mais velha até a quinta série. Aqui é só amigo, não tem os bebum, acho que vem os mais tranquilos. No arraiá eu só dou uma olhadinha, gosto de festa, mas fico cansada.”
Ao longo dos anos, o local foi palco de inúmeros momentos e encontros. Um deles foi o do casal Djamir José da Silva, 64 anos, e Iara Medeiros, 58 anos. O homem frequenta o bar desde o começo, quando ele ainda estava em outro endereço.
“Aqui tem amigos, é bom, o atendimento, a família dela também. É o acolhimento que faz a diferença. O arraiá frequento desde quando ela começou. Sempre venho tomar a minha cervejinha mesmo. O bairro aqui é pequeno e compensa mais. Eu saí de longe pra vir aqui, moro no Jardim Ima. Venho durante a semana também.”
Quem revela a ligação com o bar é a esposa. “Aqui é um lugar que me faz me sentir feliz. Foi aqui que eu comecei o meu romance com meu esposo. Ele me convidou para vir e temos 10 anos juntos. Eu bebo cerveja sem álcool.”
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