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Comportamento

Mantra da maternidade, "vai passar" realmente acontece depois dos 3 meses

Eu sei que para quem está no meio do furacão a frase irrita e não ajuda em nada, mas é a pura verdade. Vai passar, vai passar...

Paula Maciulevicius Brasil | 15/12/2019 09:11
Mantra da maternidade, "vai passar" realmente acontece depois dos 3 meses

Este é o mantra da maternidade que eu e milhares de mães repetem para si mesmas durante o choro interminável do bebê ou quando ele acorda pela milésima vez a noite. O "vai passar, vai passar, vai passar" pode não representar nada para quem está no meio do furacão, mas deve ser visto sim como uma luz no fim do túnel. A frase dita até pelos profissionais é a mais pura verdade e é nela que a gente precisa se apegar.

Eu repetia muito isso para mim, às vezes já com raiva, enquanto embalava meu primeiro bebê pela casa ou esperava 40 minutos com ele na vertical para arrotar. O bichinho tinha refluxo e precisava ficar assim depois de mamar. Eram os 40 minutos mais longos da minha vida.

Nos consultórios, tanto da GO como da pediatra, ouvi muitas vezes a frase que era repetida também para uma amiga com quem dividi as lamentações dos primeiros três meses. Vitória, mãe do Rafael, teve bebê na mesma época que eu e me disse, em dois momentos, que durante as madrugadas parecia que era só ela no mundo acordada, porque do alto do prédio em que morava não avistava nenhuma luz ou movimento. Ela também me dizia que sabia exatamente quantos passos davam da sala até a cozinha de tanto cruzar o mesmo caminho tentando fazer Rafael ninar.

Uma das coisas que mais me ajudou neste período foi entender que os três primeiros meses do bebê aqui fora não significava que ele sabia que estava vivendo fora da barriga. Há uma teoria que se chama "Exterogestação" e prega que o neném nasce sem ainda estar totalmente preparado. Que seriam necessários mais três meses para se ele dar conta de que a vida será diferente. É como se precisassem de três meses para ele entender que saiu do útero e neste mesmo período, tudo o que remetesse ao conforto do líquido amniótico e da bolsa que o envolvia era sinônimo de calmaria.

A teoria não explica com essas palavras, mas foi assim que busquei interpretar. O bebê precisa de três meses aconchego, colo, sling, muito peito e até o som de útero - que quase me deixou louca em casa. Com esse combo ele se acalmava, e eu, por consequência, também. Depois de passados os três meses, começava a interação dele com o mundo ao redor, outras pessoas e até dava para deixá-lo no bercinho sem chorar. 

O "vai passar" realmente passa. Leva em média 90 dias, mas passa. E geralmente vem com o primeiro sorrisinho da criança. Foi justamente neste período que bati à porta da Keyth, psicóloga de quem já falei aqui algumas vezes. "A rotina muda, a mãe muda, e nestes primeiros meses ela até não se reconhece. Os primeiros 90 dias do bebê são altamente intensos e é preciso que essa mãe passa se vincular com esse bebê". São essas as palavras que ela escolhe para dizer a uma mulher que acabou de ser diplomada mãe. 

"É um momento de grandes descobertas, dela perceber e entender que esse bebê precisa de cuidado, afeto, carinho, que é preciso ter paciência, resiliência e se perdoar". E na última palavra eu me apego "perdoar". Perdoar a nós mesmas porque tudo o que a gente falou durante a gravidez que não faria é exatamente o que estamos pondo em prática hoje. "E isso acontece porque o bebê vem com as próprias demandas. É preciso respeitar o tempo dela, do bebê e de solicitar ajuda. O bebê tem uma família. Ele é neto de alguém sobrinho de alguém".

Para estes três primeiros meses: se cuide, se respeite, se perdoe e tenha em mente: vai passar, porque vai.

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