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Comportamento

‘Obrigada Deus por estar viva’, diz quem teve 60% do corpo queimado

Em 2013, ela sofreu o acidente que a deixou quatro meses no hospital

Jéssica Fernandes | 11/08/2022 07:01
uqGabriela Schell teve 60% do corpo queimado durante acidente. (Foto: Kísie Ainoã)
Gabriela Schell teve 60% do corpo queimado durante acidente. (Foto: Kísie Ainoã)

Em outubro de 2013, Gabriela Schell Marques, de 27 anos, teve 60% do corpo queimado após sofrer um acidente em Dourados, a 251 km de Campo Grande. Na época, aos 18 anos, ela ficou meses internada no CTI (Centro de Terapia Intensiva). Sete anos depois, a experiência, que resultou em cicatrizes e um novo olhar sobre a vida, é relatada no primeiro livro de Gabriela.

A bacharel em educação física lembra em detalhes o que aconteceu na varanda da casa do ex-namorado. Ao Lado B, ela comenta a verdadeira história sobre o ocorrido, que também é apresentada na obra ‘Ative a força que está dentro de você’.

Ela explica a razão por ter escondido a real dinâmica do acidente. "Quando comecei a compreender o propósito que Deus tinha referente ao que vivi uma das coisas que veio na minha cabeça é: ‘Não faz sentido eu querer ajudar as pessoas em cima de uma mentira’. Então, tive que criar coragem e comecei a contar a verdade”, diz.

Jovem ficou quatro meses internada na Santa Casa. (Foto: Arquivo pessoal)
Jovem ficou quatro meses internada na Santa Casa. (Foto: Arquivo pessoal)

No dia do acidente, ela e o namorando estavam lavando a moto que, posteriormente, não conseguiram ligar. “Passou na cabeça dele que tinha água na gasolina. [...] Ele falou o seguinte: ‘Vou pegar a gasolina, passar pro balde, jogar no chão e pegar um isqueiro. Se eu bater e não pegar quer dizer que tem'. Eu fiquei na frente da gasolina”, lembra.

Por milésimos de segundos, conforme Gabriela, ela teve um vislumbre do que iria acontecer. “Passou a cena no meu olho de tudo pegando fogo, eu gritei não. Quando gritei, ele tava com a mão no isqueiro. O fogo é surreal de rápido, incendiou toda varanda e começou a pegar fogo na minha perna”, diz.

Na tentativa de apagar o fogo, ela começou a bater na própria perna. “Eu só aumentei mais o fogo em mim”, afirma. A ex-sogra foi quem prestou socorro ao jogar uma coberta na Gabriela que depois foi levada até o banheiro pelo namorado. No chuveiro, ela ficou aguardando a chegada do Corpo de Bombeiros.

Após receber alta, ela precisou usar cadeira de rodas durante 2 meses. (Foto: Arquivo pessoal)
Após receber alta, ela precisou usar cadeira de rodas durante 2 meses. (Foto: Arquivo pessoal)

De Dourados, Gabriela foi encaminhada para a Santa Casa de Campo Grande. O trajeto é lembrado por ela, porém a chegada ao CTI não. "Eu cheguei, fiquei na ala vermelha, me levaram no CTI e por causa da sedação mais forte só consigo lembrar o que as pessoas falam ou flashs da situação", comenta.

No hospital, ela relata que recebeu de pessoas próximas toda a ajuda que precisava. “Quando eu estava internada aqui a rede de apoio foi surreal de amigos, eles fizeram camisetas, cartazes”, conta. A mãe é quem mais ficava no hospital. “Eu necessitava de uma pessoa comigo, eu não comia sozinha, eu não fazia xixi sozinha. Tinha que ter outra pessoa, então era 24 horas ela sozinha comigo”, comenta.

No livro, Gabriela detalha algumas das situações que viveu no hospital. Dos 4 meses internada, ela foi três vezes para o CTI, contraiu bactéria e precisou passar por procedimento de retirada de água do pulmão. Ao sair do hospital em fevereiro de 2014, a jovem precisou utilizar cadeira de rodas durante dois meses.  Em julho, ela retomou os estudos, mas em Campo Grande.

Gabriela relembra o acidente ocorrido em 2013. (Foto: Kísie Ainoã)
Gabriela relembra o acidente ocorrido em 2013. (Foto: Kísie Ainoã)

Sobre as cicatrizes, a escritora fala que pessoas sempre questionam qual instante ela as aceitou. “Eu cheguei à conclusão que foi no exato momento em que apagou meu fogo. Quando apagou, eu olhei pro teto, falei: ‘Obrigada meu Deus por eu estar viva’. Por isso que no momento que estava internada, depois que sai não questionei as minhas cicatrizes e elas são 60% do meu corpo”, destaca.

Durante a pandemia, ela diz ter passado por mais uma transformação importante que resultou no desejo de querer escrever um livro. "Meu coração falou: ‘Chegou a hora de você começar a estudar’. Aí comecei a ler inteligência emocional e comecei a entender muita coisa do que agi na hora do acidente e qual foi o resultado. Também foi através do Pablo Marçal que comecei a ler a bíblia”, justifica.

A fé também foi algo essencial na trajetória dela que é contada a cada capítulo da obra. "Se você destrinchar meu livro, o meu testemunho, você vê que Deus estava a todo momento". conclui.

Quem quiser adquirir o livro ‘Ative a força que está dentro de você’, o contato dela no Instagram é @_gabrielaschell

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