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Meio Ambiente

MS reduz desmatamento e Pantanal lidera queda no Brasil em 2024

Redução ocorre depois da Lei do Pantanal, que entrou em vigor no início de 2024

Por Guilherme Correia | 15/05/2025 06:20
MS reduz desmatamento e Pantanal lidera queda no Brasil em 2024
Incêndio em meio a pasto em propriedade rural no Pantanal sul-mato-grossense. (Foto: Divulgação/WWF Brasil)

Pela primeira vez em seis anos, todos os biomas brasileiros registraram queda no desmatamento — com exceção da Mata Atlântica, que se manteve estável após redução significativa no ano anterior. No caso de Mato Grosso do Sul, dados do RAD (Relatório Anual do Desmatamento) 2024, produzido pela iniciativa MapBiomas Alerta, apontam redução de 47,8% na área desmatada no Estado, de 87.108 hectares em 2023 para 45.424 ha em 2024. A boa notícia é reflexo da Lei do Pantanal, que passou a vigorar em fevereiro de 2024.

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Desmatamento no Brasil cai em 2024, com Pantanal liderando a queda. Todos os biomas, exceto a Mata Atlântica, apresentaram redução, com destaque para o Pantanal, que diminuiu o desmatamento em 58,6%. Mato Grosso do Sul, apesar da queda de 47,8% no desmatamento, continua entre os dez estados que mais desmatam. Corumbá, município sul-mato-grossense, reduziu o desmatamento em 57,5%, mas ainda figura entre os dez municípios com maior índice. Cerrado lidera desmatamento, apesar da queda. Embora tenha apresentado redução de 41,2%, o Cerrado permanece como o bioma mais desmatado, representando 52,5% do total nacional. Amazônia e Cerrado juntos somam 89% da área desmatada em 2024. Goiás lidera a queda no desmatamento entre os estados, com redução de 71%. A área total desmatada no Brasil caiu 32,4% em 2024, com a agropecuária sendo apontada como o principal vetor.

A retração é impulsionada, sobretudo, pelo desempenho do Pantanal, bioma que abrange parte significativa do território sul-mato-grossense. Em 2024, o Pantanal teve maior queda proporcional do País, com redução de 58,6% na área desmatada — passando de 30.532 hectares em 2023 para 12.636 hectares neste ano.

O município de Corumbá, no Pantanal sul-mato-grossense, apesar de ainda figurar entre os dez municípios que mais desmataram no Brasil, reduziu em 57,5% sua área desmatada (de 26.284,5 ha para 11.164,3 ha).

A Lei do Pantanal (Lei nº 6.160) foi sancionada pelo governador Eduardo Riedel em 18 de dezembro de 2023 e entrou em vigor em 18 de fevereiro de 2024, após um período de 60 dias conforme previsto em seu texto legal. Serviços e Informações do Brasil

Essa legislação estabelece diretrizes para a conservação, proteção, restauração e exploração ecologicamente sustentável da Área de Uso Restrito da Planície Pantaneira no estado de Mato Grosso do Sul. Ela também criou o Fundo Estadual de Desenvolvimento Sustentável do Bioma Pantanal, que apoia ações de preservação e desenvolvimento sustentável na região.

Os efeitos já eram percebidos entre agosto e novembro de 2024. Nesse tempo, o Pantanal teve uma queda no desmatamento de 77,2% em comparação ao mesmo período de 2023. A estimativa de tamanho de desmate no bioma foi de 146,15 km², conforme dados divulgados pelo MMA (Ministério do Meio Ambiente).

Mesmo com tais avanços, Mato Grosso do Sul ainda figura entre os dez estados que mais desmataram no País em 2024, ocupando a 8ª posição, com 3,7% da área desmatada nacional. Desde 2019, o Estado perdeu mais de 289 mil hectares de vegetação nativa.

Em Mato Grosso do Sul, quase todo o desmatamento ocorreu em áreas cadastradas no CAR, sistema de registro de imóveis rurais. No Pantanal, 99,5% da área desmatada em 2024 estava registrada no CAR.

Cerrado líder em desmatamento — Pelo segundo ano consecutivo, o Cerrado foi o bioma com a maior área desmatada no Brasil, com 652.197 hectares — o equivalente a 52,5% do total nacional.

Apesar disso, o bioma teve queda expressiva de 41,2% em comparação com 2023.

No Brasil, o desmatamento atingiu todos os biomas, com reduções no Pantanal (-58,6%), Pampa (-42,1%), Cerrado (-41,2%), Amazônia (-16,8%), Caatinga (-13,4%) e Mata Atlântica, estável após queda de quase 60% em 2023

No acumulado, Amazônia e Cerrado continuam liderando o desmatamento, com quase 89% da área total suprimida em 2024.

A Amazônia perdeu 377.708 hectares (30,4% do total nacional), enquanto a Caatinga ficou em terceiro lugar, com 174.511 ha (14%). Já os biomas Pantanal, Mata Atlântica e Pampa somaram juntos apenas 3,1% da área total desmatada.

Estados que menos desmataram — O estado que mais reduziu desmatamento em 2024 foi Goiás, com queda de 71% (de 69.388 ha para 19.467 ha). Em seguida, Paraná (-64,8%) e Distrito Federal (-95,1%).

Já os três estados com maior aumento proporcional foram Roraima (94%), Rio Grande do Sul (70%) — que segundo a publicação, foi impactado por eventos climáticos extremos — e o Acre (30%).

Já os que mais desmataram em números absolutos de território foram Maranhão (218.298 ha), Pará (156.990 ha) e Tocantins (153.310 ha), Piauí (142.871 ha) e Bahia (133.334 ha). Quatro deles fazem parte do MATOPIBA, região que representa a principal frente de desmatamento do Cerrado. Sozinhos, MATOPIBA e Pará responderam por mais de 65% da área desmatada no País.

Desmatamento mais lento — O RAD 2024 aponta queda de 32,4% na área total desmatada no Brasil, que somou 1.242.079 hectares em 2024. O número de alertas validados caiu 26,9%, e o tamanho médio dos desmatamentos também recuou: alertas acima de 100 ha caíram 31%.

A média nacional de perda foi de 3.403 ha por dia (ou 141,8 ha por hora). No Cerrado, a taxa foi de 1.786 ha/dia; na Amazônia, de 1.035 ha/dia — o equivalente a sete árvores por segundo.

O desmatamento em Unidades de Conservação caiu 42,5%, com perda de 57.930 ha de vegetação nativa em 2024. Já as Terras Indígenas tiveram redução de 24%, totalizando 15.938 ha desmatados — o equivalente a 1,3% da área nacional.

A plataforma MapBiomas Alerta consolidou dados de diversos sistemas de monitoramento por satélite e validou cada alerta com imagens em alta resolução.

Ao todo, mais de 273 mil eventos de desmatamento foram detectados desde o fim de 2020, somando 5,8 milhões de hectares.

O principal vetor segue sendo a agropecuária, responsável por mais de 97% da perda de vegetação nativa nos últimos seis anos.

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