Gatilho, o gato resgatado, transformou a rotina da Delegacia da Mulher
Filhote quase morreu na rua, foi salvo por delegada e hoje ajuda a acolher vítimas e crianças na DAM

A Delegacia de Atendimento à Mulher de Paranaíba ganhou um integrante que, aos poucos, transformou silenciosamente o clima de um dos ambientes mais sensíveis da segurança pública. Pequeno, manso e carinhoso, Gatilho chegou quase sem vida, rejeitado pela mãe, e acabou encontrando no colo da delegada Eva Maira Cogo o primeiro gesto de cuidado que o salvaria. Hoje, ele é apoio emocional para vítimas, crianças e servidores e um símbolo inesperado de acolhimento dentro da unidade.
RESUMO
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A história começa na calçada da própria delegacia. Uma gata de rua pariu quatro filhotes, mas deixou de lado justamente o menor. “Ele estava morrendo mesmo. Se não o pegasse, ele ia morrer”, contou a delegada. No fim de semana, enquanto fazia o flagrante, ela viu o filhote fraquinho, incapaz de comer. Levou para casa, cuidou por cerca de dez dias e só depois o levou para a delegacia. Ali, ele ficou.
Desde então, a rotina mudou. “Ele é tão folgado que nos finais de semana, quando a delegacia fecha, ele não fica sozinho. Às vezes vai para a casa da estagiária, às vezes vem para a minha casa. A gente se reveza para ele não ficar muito sozinho”, explica Eva. A equipe inteira abraçou o filhote manso que, aos poucos, se tornou parte do ambiente.
A transformação também alcançou o atendimento. “Ajudou bastante com as crianças. Às vezes elas chegam travadas para o depoimento especial e a gente deixa brincar com o gato primeiro. Torna o ambiente mais gostoso, mais leve, e as crianças amam”, relatou. Para as vítimas adultas, o efeito é semelhante. Gatilho aparece deitado em uma das cadeiras da recepção, chamando atenção, recebendo carinhos e abrindo espaço para conversas que exigem escuta sensível.
O impacto, segundo a delegada, atingiu até quem trabalha ali. “É um ambiente pesado, né? Crime contra mulher, violência, muita dor. E ele realmente modificou o clima no local. Para você ter ideia, eu não gostava de gato. Nunca tive gato. Mas ele tava morrendo e acabou transformando tudo. Hoje eu tô toda boba”, brincou.
O nome, escolhido por um familiar da delegada, virou uma forma de ressignificar um termo comum no vocabulário policial. “Eu queria uma coisa original nossa, não queria um nome que já tivesse muitos. E ‘Gatilho’ acabou sendo o mais autêntico”, contou Eva. A ideia virou símbolo: ali, a palavra que normalmente remete à violência agora aponta para afeto, acolhimento e cuidado.
Gatilho não é só mascote. Passou a ser companhia constante, presença segura na recepção e um primeiro gesto de conforto para quem chega depois de viver situações de medo. Em um espaço marcado por histórias difíceis, ele se tornou lembrança viva de que proteção também pode nascer da ternura.
E no fim, o gato que quase morreu na calçada da delegacia hoje é quem ajuda a devolver leveza ao lugar. Para a equipe da DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) de Paranaíba, ele não é só um animal resgatado. É parte da missão.
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