Pet sozinho por muito tempo pode ter depressão e não é frescura
Especialista explica que animais podem desenvolver problemas emocionais reais e às vezes graves
Ficar algumas horas longe de casa faz parte da rotina de muita gente, mas, para cães e gatos, o silêncio que fica depois que o tutor fecha a porta nem sempre é tranquilo: deixar os pets sozinhos por muito tempo pode virar um problema emocional. Segundo o médico-veterinário Antonio Defanti Junior, os animais podem desenvolver problemas emocionais reais e, às vezes, graves, quando passam longos períodos sozinhos.
“Cães são animais sociais e dependem muito do contato com o tutor”, explica o especialista da Clínica Veterinária Bourgelat. Segundo ele, isso significa que a ausência prolongada não causa apenas saudade, mas pode desencadear ansiedade, estresse e até depressão canina.
Entre os sinais mais comuns, o veterinário cita “latidos, uivos, destruição de objetos, automutilação, xixi pela casa e até vômitos”. Em casos mais profundos, o pet pode apresentar apatia, perda de interesse em brincadeiras, alterações no sono e no apetite, além de comportamentos compulsivos, como lamber as patas ou correr atrás do rabo.
Mas, afinal, quanto tempo um cão aguenta ficar sozinho?

A resposta não é única, mas o veterinário aponta referências:
Adultos equilibrados: ideal entre 4 e 6 horas. Oito horas podem ser toleráveis, mas já no limite.
Filhotes: no máximo 2 a 3 horas, porque exigem supervisão constante e companhia para um desenvolvimento saudável.
Idosos: ainda menos tempo, pois demandam mais suporte físico e emocional.
E os gatos? Eles realmente “não ligam”?
A ideia de que gatos são totalmente independentes não passa de mito. “A gente acha que gato não liga, mas isso não é verdade. Gatos são independentes, mas não são indiferentes”, afirma Antonio.
Quando ficam sozinhos por muito tempo, eles podem apresentar estresse por tédio ou falta de controle do ambiente; comer demais ou parar de comer, “ambos perigosos”, alerta o veterinário.
Também podem ocorrer episódios de agitação noturna, miados altos e comportamentos destrutivos, além de doenças relacionadas ao estresse, como a cistite idiopática felina, que é bastante comum.
Gatos adultos bem adaptados podem ficar sozinhos de 24 a 48 horas, mas somente se tudo estiver perfeito, com água fresca, comida suficiente, caixa limpa e ambiente seguro.
Emocionalmente, porém, o ideal é não ultrapassar 12 a 24 horas, principalmente no caso de gatos ansiosos ou muito apegados.
Filhotes: entre 3 e 6 horas.
Idosos: evitar longos períodos sozinhos.
O veterinário Antonio Defanti explica que vários fatores pesam na definição do impacto emocional dos pets. “Existem cães e gatos muito independentes e outros extremamente dependentes”, pontua.
Dentro de cada particularidade, alguns detalhes interferem no comportamento:
Rotina previsível: animais com horários estáveis tendem a se estressar menos.
Enriquecimento ambiental: brinquedos, arranhadores, janelas para observar o ambiente, esconderijos e pet food puzzles fazem muita diferença.
Gasto de energia: “Um cão que faz passeio antes de ficar sozinho tolera melhor ficar sem o tutor.”
Experiência prévia: pets acostumados de forma gradual sofrem menos, embora isso não torne a situação ideal.
Com a rotina cada vez mais corrida, muitas famílias recorrem a soluções profissionais que ajudam a manter o bem-estar dos animais. “Existem creches, day care, pet sitter, dog walker. Isso contribui muito para o bem-estar dos pets”, reforça o médico veterinário.
No fim, a mensagem é de que cães e gatos podem até ficar sozinhos, mas não nasceram para isso. Quanto mais o tutor entende seus limites e necessidades, mais saudável e feliz será a vida do pet.
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