Estudo nacional reacende debate sobre tarifa zero em Campo Grande
Levantamento projeta gasto de R$ 78 bilhões com transporte gratuito e sugere modelo de financiamento
A proposta de implementar a tarifa zero no transporte público de Campo Grande, como solução para o alto custo das passagens e a falta de acessibilidade ao sistema, já é um tema recorrente nas discussões políticas da cidade. No entanto, apesar de ser um assunto que vem sendo debatido há anos, a implementação do modelo ainda é uma promessa distante, especialmente considerando o contexto financeiro e as dificuldades operacionais enfrentadas pelo sistema de transporte local.
RESUMO
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A implementação da tarifa zero no transporte público de Campo Grande enfrenta obstáculos significativos, apesar de ser tema recorrente nas discussões políticas. O assunto, debatido desde a gestão de Alcides Bernal (2013-2015), permanece sem avanços concretos devido a disputas políticas, crise fiscal e problemas operacionais. Um estudo recente da Frente Parlamentar em Defesa da Tarifa Zero indica que a implementação do modelo em 706 cidades brasileiras custaria R$ 78 bilhões. A proposta sugere uma reformulação do financiamento, com contribuições empresariais baseadas no porte e número de funcionários, substituindo o atual sistema de vale-transporte.
Durante a gestão de Alcides Bernal (PR), entre 2013 e 2015, o tema da tarifa zero foi colocado como uma das metas para o futuro da cidade, sendo defendido por vários segmentos da sociedade como uma alternativa para melhorar a mobilidade urbana e reduzir os custos para a população. No entanto, o projeto nunca avançou de maneira concreta. A proposta acabou ficando engavetada em meio a disputas políticas, crise fiscal e uma série de problemas relacionados à gestão do transporte público, que incluíam a precariedade da frota e o elevado número de reclamações dos usuários quanto à qualidade do serviço.
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Na gestão de Marquinhos Trad (PSD), que assumiu o cargo em 2017, a discussão sobre a tarifa zero também não encontrou um caminho claro. Embora a ideia tenha sido mencionada durante sua campanha eleitoral, com a promessa de melhoria no transporte coletivo e a implementação de soluções mais acessíveis, a prática mostrou-se mais complexa. A gestão enfrentou um cenário difícil: a falta de repasses adequados para o Consórcio Guaicurus, responsável pelo transporte, e o aumento da tarifa, que subiu várias vezes durante o período, foram alguns dos pontos que dificultaram a implementação de qualquer modelo inovador.
O Consórcio Guaicurus, com contratos de concessão que datam de 2012, se viu em uma situação financeira complicada, o que também dificultou o debate sobre a tarifa zero. Além disso, a falta de uma infraestrutura eficiente e de um planejamento consistente sobre como o modelo seria financiado agravou ainda mais a situação.
Estudo nacional - Estudo divulgado nesta quinta-feira (27) pela Frente Parlamentar em Defesa da Tarifa Zero trouxe à tona novamente a possibilidade de um modelo sem custos para o passageiro. A pesquisa aponta que a implementação da tarifa zero em 706 cidades brasileiras custaria cerca de R$ 78 bilhões. O valor, que representaria um aumento de 20% em relação ao custo atual do sistema, pode parecer elevado, mas a proposta sugere uma reformulação do modelo de financiamento do transporte público, utilizando uma contribuição das empresas, com base no porte e número de empregados, para cobrir os custos do sistema.
Apesar de ser um modelo que já foi testado em algumas cidades do Brasil, a proposta de tarifa zero continua sendo um tema polêmico e difícil de implementar em Campo Grande. A cidade já enfrenta um histórico de dificuldades com o transporte público, como a falta de investimentos adequados, a frota envelhecida e as constantes reclamações dos usuários sobre o serviço oferecido.
A principal proposta do estudo, para financiar o transporte gratuito, seria uma reforma no modelo do vale-transporte. Em vez de descontar diretamente do salário do trabalhador, como acontece atualmente, a contribuição viria das empresas, que pagariam de acordo com o número de funcionários. Segundo os pesquisadores, isso permitiria redistribuir os custos já existentes no vale-transporte, sem a necessidade de criar novos impostos.
No entanto, esse modelo também apresenta desafios. A implementação de uma nova política fiscal que envolva as empresas demandaria uma grande mudança na gestão do transporte público e um acordo entre o poder público e a iniciativa privada. Além disso, seria necessário garantir que a contribuição fosse bem aplicada para realmente cobrir os custos do sistema e garantir um serviço de qualidade para os usuários.
Desafio em Campo Grande - A gestão de transporte público em Campo Grande, que já sofreu com a falta de repasses financeiros e a pressão por melhorias, continua sendo um desafio. O Consórcio Guaicurus, embora tenha feito esforços para melhorar a qualidade do serviço, como o uso de tecnologias para otimizar a operação e reduzir custos, ainda enfrenta uma série de problemas, como a baixa qualidade da frota e os altos preços das passagens.
Além disso, a crise fiscal enfrentada pelo município, combinada com a necessidade de repactuar contratos e garantir os repasses necessários, torna a proposta de tarifa zero cada vez mais distante. Embora o tema seja constantemente debatido nas câmaras de vereadores e nas esferas políticas, a falta de um plano estruturado e de uma parceria efetiva entre a prefeitura, o Consórcio Guaicurus e as empresas privadas tem dificultado a implementação de qualquer modelo que de fato torne o transporte público mais acessível para a população.
Embora o modelo de tarifa zero ainda pareça um ideal distante, a realidade do transporte público em Campo Grande exige uma reflexão mais profunda sobre como melhorar a qualidade do serviço e garantir maior acessibilidade para os cidadãos. A proposta de uma tarifa zero, caso bem implementada, poderia beneficiar a população mais carente e melhorar a mobilidade urbana, mas, para isso, é necessário superar desafios financeiros, operacionais e políticos.
Com o estudo recente apontando soluções alternativas de financiamento e a pressão por mudanças no sistema de transporte público, é possível que o tema volte a ser discutido com mais seriedade nos próximos anos. No entanto, para que a tarifa zero se torne realidade em Campo Grande, será fundamental uma abordagem integrada entre todos os envolvidos: poder público, empresas e sociedade. Até lá, a promessa de transporte gratuito para todos segue como um sonho distante.
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