Bancada eleita do Estado tem 66% de brancos e apenas 9% de pretos
Pela primeira vez na história, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) exigiu que os eleitores que quisessem concorrer a um cargo eletivo declarassem sua raça ou cor. Em Mato Grosso do Sul, da nova bancada da Assembleia é composta por 34% de pretos ou pardos e 66% de brancos. Dos 24 deputados estaduais, só dois são pretos. Já os novos congressistas são 100% brancos.
Dos 24 deputados estaduais eleitos, 16 se declararam brancos (66%), seis afirmaram serem pardos (25%) e apenas dois pretos (9%). Como a metodologia do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) considera negros como o somatório de pretos e pardos, logo há 34% de negros na Assembleia Legislativa do Estado.
Já os nove representantes de Mato Grosso do Sul no Congresso Nacional para a próxima legislatura, oito deputados federais e uma senadora, declaram à Justiça Eleitoral serem da cor/raça branca. Mesma resposta dada pelos dois candidatos ao Governo do Estado que disputarão o 2º turno das eleições.
“Essa proporção para Mato Grosso do Sul está muito coerente com a distribuição da nossa população, com exceção falta de representatividade do contingente indígena, por volta de 45 mil eleitores, seria preciso que a totalidade do grupo votasse em apenas um deputado. Está bastante equilibrada, diferentemente de outros Estados brasileiros, em que a população afro-descendente é bem maior, como no caso da Bahia”, pondera o sociólogo Paulo Cabral.
Para a titular da Cppir/MS (Coordenadoria Especial de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial do Governo de Mato Grosso do Sul), Raimunda Luzia de Brito, ainda falta consciência na população negra para galgar mais espaço na política.
“Temos que esperar para ver se algum dos que se declararam negros vão fazer algum trabalho específico. Nós temos votar em negro que faça uma discussão democrática séria. Só assim a gente se politiza, e na nossa sociedade ainda falta discussões de política racial que possam mudar essa realidade”, afirmou Raimunda.
Paulo Cabral aponta ainda que a maior disparidade na nova bancada, tanto estadual quanto federal, é muito maior se levado em conta questão do gênero, uma vez que apenas três mulheres se tornaram deputadas estaduais e apenas uma federal, um percentual de 12,5% nas duas Casas.
De acordo com o último censo do IBGE, divulgado em 2010, o percentual de brancos, em Mato Grosso do Sul, declarados foi 47,3%, o de pretos 4,9% e o de pardos 43,6%, o que leva à soma de 48,5% negros. Segundo o TSE, em todo o país, cerca de 44 % das candidaturas são de pretos e pardos, enquanto os candidatos brancos somam quase 55 %, embora, na população brasileira, metade das pessoas sejam negras e pardas e 47 % brancas.
Confira o que cada deputado eleito declarou sobre sua raça/cor:
Marquinhos Trad (PMDB) – Parda
Paulo Corrêa (PR) – Branca
Grazielle Machado (PR) – Branca
Renato Câmara (PMDB) – Branca
Junior Mochi – Branca
Zé Teixeira (DEM) – Parda
Eduardo Rocha (PMDB) – Branca
Ângelo Guerreiro – Branca
Professor Rinaldo (PSDB) – Parda
Felipe Orro (PDT) – Branca
Beto Pereira (PDT) – Parda
Flávio Kayatt (PSDB) – Branca
Onevan de Matos (PSDB) – Branca
Lídio Lopes (PEN) – Branca
Mara Caseiro (PT do B) - Parda
Márcio Fernandes (PT do B) – Branca
Maurício Picarelli (PMDB) – Branca
Antonieta Amorim (PMDB) – Branca
Barbosinha (PSB) – Branca
Cabo Almi (PT) – Parda
João Grandão (PT) – Preta
Amarildo Cruz (PT) – Preta
Pedro Kemp (PT) – Branca
George Takimoto (PDT) – Branca
Bancada Federal
Zeca do PT - Branca
Carlos Marun (PMDB) - Branca
Geraldo Resende (PMDB) - Branca
Tereza Cristina (PSB) - Branca
Luiz Henrique Mandetta (DEM) - Branca
Vander Loubet (PT) - Branca
Dagoberto Nogueira (PDT) - Branca
Marcio Monteiro (PSDB) - Branca
Senado
Simone Tebet (PMDB) - Branca
