Em caravana contra cassação, Glauber Braga pede apoio aos parlamentares de MS
Segundo o deputado federal do Rio de Janeiro metade da bancada sinalizou solidariedade

Mato Grosso do Sul foi o 16º estado que o deputado federal pelo Rio de Janeiro, Glauber Braga (PSOL), visitou em busca de apoio contra a cassação do seu mandato por falta de decoro parlamentar ao expulsar um integrante do MBL (Movimento Brasil Livre) da Câmara dos Deputados com chutes e empurrões em abril de 2024.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
O deputado federal Glauber Braga, do PSOL, realiza uma caravana por todos os estados brasileiros em busca de apoio contra a cassação de seu mandato, prevista para ser votada em 1º de julho. Ele enfrenta a acusação de falta de decoro parlamentar após expulsar um membro do MBL da Câmara. Braga, que já passou por 16 estados, destaca o apoio de alguns parlamentares de Mato Grosso do Sul e afirma ser alvo de perseguição política. Braga relaciona a tentativa de cassação a suas denúncias sobre irregularidades no orçamento secreto, mencionando sua atuação como testemunha em um inquérito da Polícia Federal. Ele acredita que a caravana ampliará sua capacidade de denunciar abusos e que conseguirá apoio suficiente para barrar a cassação. A jornada do deputado se encerrará no dia 26, com um ato no Rio de Janeiro, antes de retornar a Brasília.
Depois de 9 dias de greve de fome, o parlamentar está percorrendo os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal nos 60 dias dado pelo presidente da Casa de Leis, Hugo Motta (Republicanos-PB), para sua defesa. Segundo ele, o pedido de cassação deve ser votado no plenário da Câmara no dia 1º de julho e dos dois deputados federais de Mato Grosso do Sul metade sinalizou solidariedade a sua causa.
“Ontem o deputado Dagoberto Nogueira (PSDB) estava presente na atividade manifestando a sua posição contrária a essa cassação. O deputado Vander Loubet (PT) e a deputada Camila Jara (PT) também já se manifestaram contra o processo de cassação. Na minha avaliação, outros parlamentares ainda podem fazê-lo publicamente. Porque mesmo entre parlamentares, que não necessariamente são de esquerda, existe uma avaliação política que se trata de algo desproporcional e uma perseguição”, detalhou Braga.
Ele ainda aponta que recebeu mensagem de mais um sul-mato-grossense. Durante a caravana o parlamentar faz questão de contar como a expulsão do integrante do MBL aconteceu e que é vítima de perseguição do ex-presidente Câmara, deputado federal Arthur Lira (PP-AL) por sua postura crítica em relação ao orçamento secreto.
“Essa foi a minha reação a um provocador do MBL que por sete vezes me atacou em espaços públicos e que na 5ª vez, além de me atacar também atacou a mãe de maneira covarde, que já estava com Alzheimer avançado, e que veio a falecer alguns dias depois, e eu de fato botei ele para fora da Câmara”, relembrou. De acordo com ele, os ataques começaram em 2023 durante ações do mandato.
Para Braga o real motivo da cassação são suas denúncias. O parlamentar é testemunha no inquérito da Polícia Federal que investiga irregularidades no destino das emendas de comissão da Câmara dos Deputados.
“O meu depoimento está numa ação que suspendeu, no final do ano passado, o pagamento de 4 bilhões de reais em emendas com uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino. E no meu depoimento eu citei diretamente o Arthur Lira, o papel que ele cumpriu nessa história. Combinado com isso, eu citei diretamente o município de Rio Largo, em Alagoas, onde ele tem uma atuação política muito forte e que lá acontecem absurdos em relação ao dinheiro do Orçamento Secreto. Esse município, num espaço de tempo curtíssimo, recebeu 90 milhões de reais de Orçamento Secreto”, detalhou.
Faltando 20 dias para o fim da caravana, Braga acredita que conseguirá apoio e votos para barrar a cassação. “Se a tentativa do Lira com essa história era me silenciar, é o contrário, eu estou amplificando a minha capacidade de falar e de denunciar os orçamentos secretos, e de denunciar a perseguição e arbitrariedade que ele está fazendo”, completou.
De Mato Grosso do Sul, o deputado segue para Mato Grosso, na sequência vai para Tocantins e na segunda feira (9) estará em Alagoas, estado de Arthur Lira. A caravana termina no dia 26 com um ato no Rio de Janeiro, data em que Braga começará uma nova jornada até Brasília. Nos seis dias até a data em que a cassação deve ser votada o parlamentar ainda passará por 26 municípios.
Greve de fome - O deputado conta que a ideia da greve de fome surgiu durante a reunião do conselho político do mandando. De início Glauber disse que jamais se imaginou fazendo, as mordeu a língua. “Eu falei, greve de fome eu não faço, porque eu tenho filho e me conheço, se não tiver um recuo do lado de lá, eu não vou sair. Só que na primeira meia hora daquela reunião, que durou seis horas, eu já não conseguia pensar em outra coisa”, lembra.
Antes de começar ele procurou quem tinha experiência nessa tática: Frei Sérgio Görgen, que vê a greve de fome como instrumento. “Ele falou para mim você vai sentir ânsia por comida nos três primeiros dias. Depois vai passar, só dele falar isso eu não senti nem nos três primeiros dias. Durante esse período de nove dias eu fui disciplinado com a ingestão dos líquidos que eram permitidos e eu estava completamente concentrado para dar cumprimento àquela tarefa”, contou.
Com o compromisso de Motta e o fim da greve a volta para a rotina foi gradual. “Tem um protocolo, uma dieta. Não pode simplesmente voltar a comer porque senão você pode ter um choque no seu organismo. Tem que ir aos poucos. A primeira coisa que comi foi um caldo de galinha preparado pela minha sogra. O segundo dia foi macarrão bem molhado e arroz molhado. E aí a partir de então que você pode começar a comer proteínas mais sólidas”, finalizou.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.