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Cidades

Novo painel reúne dados fragmentados sobre população LGBT de MS

Ferramenta traz informações oficiais sobre nome social, violência e políticas públicas

Por Geniffer Valeriano | 26/11/2025 13:03
Novo painel reúne dados fragmentados sobre população LGBT de MS
Jovem acessando dados sobre a população LGBTQIAPN+ no painel do observatório (Foto: Geniffer Valeriano)

Com informações que vão do uso do nome social às políticas públicas, o Observatório da Cidadania de MS lançou, na manhã desta quarta-feira (26), um painel com dados sobre a população LGBTQIAPN+ do Estado. A cerimônia foi realizada na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

RESUMO

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O Observatório da Cidadania de Mato Grosso do Sul lançou um painel com dados sobre a população LGBTQIAPN+ do Estado. A ferramenta, desenvolvida ao longo de seis meses, reúne informações sobre nome social, casamentos, uniões estáveis, registros de violência e políticas públicas nos municípios. O projeto enfrenta desafios devido à escassez e fragmentação de dados oficiais. Atualmente, apenas Campo Grande, Bonito e Dourados possuem políticas públicas voltadas a este grupo. O painel integra uma série de sete painéis do Observatório, que em breve incluirá informações sobre povos originários e quilombolas.

O coordenador do observatório, Samuel Leite de Oliveira, relatou ao Campo Grande News que a construção do painel levou seis meses. Segundo ele, o principal desafio no processo foi a organização de dados oficiais que estavam fragmentados em diferentes fontes.

“Hoje nós temos esse desafio, que é a escassez de informação, além de dados distribuídos em diferentes lugares, o que dificulta o trabalho de reunir tudo. Mas esse é o objetivo do Observatório: buscar, organizar e disponibilizar essas informações para a população do nosso Estado, para que o gestor público possa conhecer para quem ele trabalha e quais ações podem ser fomentadas para melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas”, explicou.

Dentro do painel, é possível encontrar informações sobre a quantidade de pessoas que aderiram ao nome social, número de casamentos e uniões estáveis, registros de violência e as políticas públicas existentes em cada município.

Novo painel reúne dados fragmentados sobre população LGBT de MS
Samuel durante a apresentação das funcionalidades do painel (Foto: Osmar Veiga)

Por utilizar apenas dados de fontes oficiais, como a Secretaria de Segurança Pública, a Receita Federal e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), algumas abas ainda apresentam informações defasadas. Um exemplo são os dados sobre políticas públicas, cuja última atualização é de 2023. Na época, apenas Campo Grande, Bonito e Dourados contavam com alguma ação, somando cinco iniciativas.

“O que mais me chamou a atenção, embora não tenha me surpreendido, é a falta de informação. Essa talvez seja a principal mensagem que precisamos continuar trabalhando: reconhecer e visibilizar a população LGBTQIAPN+ no nosso Estado e no nosso País”, comentou.

Para manter o painel atualizado, pesquisadores do Observatório têm entrado em contato com os 79 municípios de Mato Grosso do Sul em busca de informações sobre as políticas públicas voltadas a esse grupo.

“Eu não consigo propor uma solução se não conheço os desafios que estão postos. A ideia do Observatório é levar dados, indicadores e evidências para quem está buscando soluções para problemas reais, ao mesmo tempo em que essas informações permitem reconhecer esses desafios”, reforçou.

Novo painel reúne dados fragmentados sobre população LGBT de MS
Subsecretária de Políticas Públicas para a População LGBTQIA+, Mikaella Lima (Foto: Osmar Veiga)

Para a subsecretária de Políticas Públicas para a População LGBTQIA+, Mikaella Lima Lopes, o painel funciona como uma ponte para diminuir a subnotificação de dados. “Com esse canal de coleta, a importância é trazer a realidade como ela é, porque os municípios também estarão alimentando esses dados. Assim, podemos ter números mais concretos, mostrar à população e entender onde está essa população”, afirmou.

Como mulher trans, Mikaella relatou que os ataques e a violência ainda estão entre os maiores desafios enfrentados pela comunidade LGBTQIAPN+. “Eu, enquanto mulher trans, sei muito bem o que é isso, e hoje estar nesse espaço, representando essa comunidade, é de suma importância e uma responsabilidade enorme para levar essas políticas à nossa população”, disse.

“A partir desses dados, alimentados pelos municípios, a gente pode saber de fato onde está o problema, onde há maior índice de violência e maior falta de cuidado com a nossa população. Porque, antes de tudo, nós somos seres humanos e todos, perante a Constituição, têm direito à vida e à dignidade”, completou.

Sobre o painel – Atualmente, o Observatório da Cidadania de Mato Grosso do Sul conta com sete painéis: cidadania em números, mulheres em evidência, panorama racial, pessoas autistas, pessoas com deficiência, pessoas idosas e população LGBTQIAPN+.

Segundo a assessoria da UFMS, responsável pelo desenvolvimento dos painéis, nos próximos meses devem ser lançados mais dois: um com informações sobre povos originários e outro sobre a população quilombola.

Os painéis estão disponíveis gratuitamente para toda a população. Os dados podem ser acessados pelo site do Observatório da Cidadania. Acesse clicando aqui.

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