Novo painel reúne dados fragmentados sobre população LGBT de MS
Ferramenta traz informações oficiais sobre nome social, violência e políticas públicas

Com informações que vão do uso do nome social às políticas públicas, o Observatório da Cidadania de MS lançou, na manhã desta quarta-feira (26), um painel com dados sobre a população LGBTQIAPN+ do Estado. A cerimônia foi realizada na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
RESUMO
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O Observatório da Cidadania de Mato Grosso do Sul lançou um painel com dados sobre a população LGBTQIAPN+ do Estado. A ferramenta, desenvolvida ao longo de seis meses, reúne informações sobre nome social, casamentos, uniões estáveis, registros de violência e políticas públicas nos municípios. O projeto enfrenta desafios devido à escassez e fragmentação de dados oficiais. Atualmente, apenas Campo Grande, Bonito e Dourados possuem políticas públicas voltadas a este grupo. O painel integra uma série de sete painéis do Observatório, que em breve incluirá informações sobre povos originários e quilombolas.
O coordenador do observatório, Samuel Leite de Oliveira, relatou ao Campo Grande News que a construção do painel levou seis meses. Segundo ele, o principal desafio no processo foi a organização de dados oficiais que estavam fragmentados em diferentes fontes.
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“Hoje nós temos esse desafio, que é a escassez de informação, além de dados distribuídos em diferentes lugares, o que dificulta o trabalho de reunir tudo. Mas esse é o objetivo do Observatório: buscar, organizar e disponibilizar essas informações para a população do nosso Estado, para que o gestor público possa conhecer para quem ele trabalha e quais ações podem ser fomentadas para melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas”, explicou.
Dentro do painel, é possível encontrar informações sobre a quantidade de pessoas que aderiram ao nome social, número de casamentos e uniões estáveis, registros de violência e as políticas públicas existentes em cada município.
Por utilizar apenas dados de fontes oficiais, como a Secretaria de Segurança Pública, a Receita Federal e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), algumas abas ainda apresentam informações defasadas. Um exemplo são os dados sobre políticas públicas, cuja última atualização é de 2023. Na época, apenas Campo Grande, Bonito e Dourados contavam com alguma ação, somando cinco iniciativas.
“O que mais me chamou a atenção, embora não tenha me surpreendido, é a falta de informação. Essa talvez seja a principal mensagem que precisamos continuar trabalhando: reconhecer e visibilizar a população LGBTQIAPN+ no nosso Estado e no nosso País”, comentou.
Para manter o painel atualizado, pesquisadores do Observatório têm entrado em contato com os 79 municípios de Mato Grosso do Sul em busca de informações sobre as políticas públicas voltadas a esse grupo.
“Eu não consigo propor uma solução se não conheço os desafios que estão postos. A ideia do Observatório é levar dados, indicadores e evidências para quem está buscando soluções para problemas reais, ao mesmo tempo em que essas informações permitem reconhecer esses desafios”, reforçou.
Para a subsecretária de Políticas Públicas para a População LGBTQIA+, Mikaella Lima Lopes, o painel funciona como uma ponte para diminuir a subnotificação de dados. “Com esse canal de coleta, a importância é trazer a realidade como ela é, porque os municípios também estarão alimentando esses dados. Assim, podemos ter números mais concretos, mostrar à população e entender onde está essa população”, afirmou.
Como mulher trans, Mikaella relatou que os ataques e a violência ainda estão entre os maiores desafios enfrentados pela comunidade LGBTQIAPN+. “Eu, enquanto mulher trans, sei muito bem o que é isso, e hoje estar nesse espaço, representando essa comunidade, é de suma importância e uma responsabilidade enorme para levar essas políticas à nossa população”, disse.
“A partir desses dados, alimentados pelos municípios, a gente pode saber de fato onde está o problema, onde há maior índice de violência e maior falta de cuidado com a nossa população. Porque, antes de tudo, nós somos seres humanos e todos, perante a Constituição, têm direito à vida e à dignidade”, completou.
Sobre o painel – Atualmente, o Observatório da Cidadania de Mato Grosso do Sul conta com sete painéis: cidadania em números, mulheres em evidência, panorama racial, pessoas autistas, pessoas com deficiência, pessoas idosas e população LGBTQIAPN+.
Segundo a assessoria da UFMS, responsável pelo desenvolvimento dos painéis, nos próximos meses devem ser lançados mais dois: um com informações sobre povos originários e outro sobre a população quilombola.
Os painéis estão disponíveis gratuitamente para toda a população. Os dados podem ser acessados pelo site do Observatório da Cidadania. Acesse clicando aqui.
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