Saída para Três Lagoas desperta para força imobiliária após décadas de espera
Parcelamento do Bairro Maria Aparecida Pedrossian foi aprovado em novembro de 1984 e avançou no pós-pandemia
Há 40 anos, quando o casal paraguaio Ângelo e Adélia se mudou para Campo Grande e escolheu morar no Vivendas do Parque, o parcelamento do Bairro Maria Aparecida Pedrossian tinha apenas quatro casas construídas.
RESUMO
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O bairro Vivendas do Parque, em Campo Grande, passou por uma transformação significativa nas últimas quatro décadas. Inicialmente uma área rural com apenas quatro casas, o local começou a se desenvolver após o loteamento da antiga fazenda em 1984. O casal paraguaio Ângelo e Adélia, pioneiros no bairro, construiu sua casa em meio a um cenário de isolamento e falta de infraestrutura. O crescimento foi lento, com melhorias como transporte público, iluminação e asfalto chegando apenas nos últimos anos. A Associação de Moradores teve papel crucial nesse desenvolvimento, promovendo a instalação de equipamentos públicos e a manutenção dos terrenos. Durante a pandemia, o bairro atraiu novos moradores em busca de tranquilidade, impulsionando a construção de casas e o surgimento de negócios locais. A abertura de vias de acesso e a segurança comunitária, monitorada por grupos de WhatsApp, reforçaram a qualidade de vida, consolidando o Vivendas do Parque como uma área em ascensão.
Ao longo das décadas, o limite do município mais a leste de Campo Grande se transformou, deixando para trás os ares de fazenda, tendo o auge de crescimento nos últimos anos.
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"Era tudo mato. Não tinha nada, não tinha nem rua", lembra o aposentado Ângelo Acosta, de 72 anos, que, na época, trabalhava como pedreiro. Ele conta que, antes dos lotes serem divididos, a região era uma fazenda. Com a morte do dono, a família vendeu a propriedade para uma imobiliária, que fez o loteamento da área.
De acordo com a mapoteca da Prefeitura de Campo Grande, o parcelamento foi aprovado em novembro de 1984.
A compra do terreno foi uma conquista para o casal. "Eu morava no Bairro São Bento, na casa de um engenheiro. Aí, depois, eu comprei esse terreno porque não tinha dinheiro e aqui era mais barato. Naquele tempo eu paguei R$ 1.500", completa.
Nas folgas de fim de semana, ao lado da esposa, a dona de casa, Adélia Garcia, de 66 anos, o aposentado construiu a casa da família. Os primeiros anos no bairro foram praticamente isolados e sem luz. Segundo eles, demorou para o bairro começar a crescer.
Hoje eles são donos de um bar no coração do Vivendas do Parque e sentem as mudanças no dia a dia. A própria clientela é um parâmetro, já que o estabelecimento recebe basicamente os amigos e conhecidos do casal. Ângelo conta que, quando os primeiros jovens começaram a frequentar o bar levando seus narguilés, ele deu o recado: poderia até vender a bebida, mas os novos clientes não poderiam ficar no local.
Crescimento tardio
Para o casal, o acesso ao transporte público marca o desenvolvimento do Vivendas do Parque. Quando se mudaram, o ônibus passava apenas poucas vezes por dia na rodovia BR-262. "Se a gente quisesse pegar ônibus fora do horário, tinha que descer a pé até o Maria Aparecida Pedrossian, senão não tinha. Hoje o ônibus passa por todo o bairro", descreve Adélia.

O aposentado acredita que a demora do crescimento do bairro foi causada pela falta de infraestrutura, como energia, asfalto e transporte público nos primeiros anos do loteamento. Para eles, a região só começou a se desenvolver há cerca de 10 anos, e a atuação da Associação de Moradores teve um papel importante, com a mobilização para instalação de iluminação pública e a construção de uma pista de caminhada na pracinha do bairro.
O atual presidente da Associação do Vivendas do Parque, Paulo Alves Lunguinho, conhecido como Paulinho do Vivendas, se mudou para o bairro em 2015. Ele lembra que, na época, a Associação, criada em 1992, estava abandonada e começou a atuar para melhorar as condições da região.
"O espaço estava com os vidros quebrados, o mato tomando conta de tudo, à noite era um breu e um ponto de droga. A gente acabou assumindo lá, fomos devagarzinho fazendo funcionar a associação", contou. As reuniões com os moradores definiram as prioridades, como o cercamento da praça para evitar que carros usassem o espaço, a instalação de pista de caminhada, de academia ao ar livre e playground infantil.

Segundo ele, o bairro continua crescendo e a manutenção dos terrenos comprova a tendência. Um levantamento feito pela Associação mostra a diminuição de lotes abandonados. Há sete anos, quando assumiu a entidade, Paulinho notificou 292 terrenos para que fosse feita a limpeza. Em 2024, a Associação notificou 170 lotes, uma queda de 48%. O presidente do bairro vê isso como resultado do cuidado das áreas e início de novas construções.
Ele ainda aponta um crescimento desta movimentação durante a pandemia de Covid-19. "Muitas pessoas vieram para as casas aqui para meio fugir da pandemia. Essas pessoas acabaram gostando do local, do ambiente, começaram a investir", afirmou. Ele conta que percebeu um aumento de construção de casas para venda e o uso de mais áreas.
Este é o caso dos autônomos Severino Mareco, de 31 anos, e Ana Carolina Oliveira Camargo, de 27 anos, que se mudou e abriu um negócio no Vivendas do Parque há quatro anos. O casal sempre morou e cresceu na região, ele no Jardim Noroeste, ela no Panorama. A escolha veio ao perceber as mudanças no bairro.

"A gente estava com o intuito de montar um negócio. É difícil você se manter num bairro que já está bem grande, como é o caso do Noroeste. E aqui, como está crescendo, a gente resolveu montar aqui justamente por causa disso, para crescer junto", contou Severino.
Para Ana Carolina, o asfalto nas ruas principais e a abertura do acesso aos condomínios Damha pela Rua Oscar Braga garantiram mais movimento. Foi justamente nessa rua que o casal abriu a loja que vende de tudo um pouco.
"Quando eu vim morar aqui, ainda não tinha esse asfalto na Londrina e na Mombassa, então o bairro tá crescendo muito. E as pessoas vindo mais para cá, com essa entrada, tem muitas pessoas passando dentro do bairro", avalia. Ela ainda aponta que as ruas do Vivendas são alternativas para a saída para Três Lagoas.

Tranquilidade
Outro ponto fundamental para o casal se mudar para o bairro foi a tranquilidade. Severino conta que os moradores se ajudam e monitoram juntos a segurança da rua por meio de um grupo no WhatsApp. "Eles sempre ficam em alerta. Às vezes, 2 horas da manhã, está passando alguém na rua e alguém já manda no grupo um vídeo com o alerta", explica.
Para Ana Carolina, essa tranquilidade possibilita uma infância melhor para o filho, que, na manhã daquele dia, estava indo para a praça brincar e, quando era mais novo, se divertia indo às áreas de pastagem para ver animais diferentes, que não circulam no centro da cidade.
"A intenção é não sair nunca mais daqui", garantiu Severino.
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