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Capital

Comandante diz a família de morto por PM que punição sai em 30 dias

Paula Maciulevicius e Mariana Lopes | 07/11/2012 10:38
Familiares foram atendidos pelo comandante geral da PM nesta manhã de quarta-feira (Foto: Minamar Júnior)
Familiares foram atendidos pelo comandante geral da PM nesta manhã de quarta-feira (Foto: Minamar Júnior)

O policial militar da Cigcoe (Companhia Independente de Policiamento de Crises e Operações Especiais), Bonifácio dos Santos Júnior, 36 anos, pode ser expulso da Polícia Militar do Estado, depois de ser indiciado por homicídio pela morte de Ike Cézar Gonçalves.

A decisão, se o PM será expulso ou não sai em 30 dias, período em que Bonifácio será julgado pela Corregedoria da Polícia Militar. O comandante da PM, coronel Carlos Alberto Davi dos Santos recebeu os familiares de Ike nesta quarta-feira, na sede do Comando, em Campo Grande.

A reunião era um pedido dos dois lados. Tanto pela PM quanto pelos familiares que queriam respostas e a segurança de que Bonifácio vai pagar pelo crime que cometeu.

A portas fechadas na sala do comandante, a reunião durou cerca de 1h. Entre mãe, tios e primos, eram 15 os familiares de Ike. Segundo o comandante a reunião foi solicitada diante do indiciamento do PM e pelo fato de Ike também ser sobrinho de um policial militar.

Para a família o comandante explicou os procedimentos que virão adiante, paralelos ao processo penal, a apuração dos fatos pela Corregedoria da PM.

Para a mãe de Ike, Jaci Vieira do Nascimento, 49 anos, o coronel garantiu que Bonifácio ficará no Presídio Militar, onde já está preso, até ser julgado. “A Justiça está sendo feita lentamente, mas compreendi que estes são os trâmites e temos que esperar”, desabafou.

A esposa da Ike, também presente na reunião, Tatiana Virgínia Silva de Oliveira, 29 anos, falou que vai entrar na Justiça pedindo indenização pela morte do marido, pai de três filhos.

Um conselho de disciplina com três oficiais será formado pela Corregedoria da PM para analisar o caso de Bonifácio. As testemunhas do processo serão ouvidas todas de novo e a decisão final sobre a saída do PM da corporação será dada pelo Comando Geral da Polícia do Estado, depois de analisado o processo administrativo.

Em relação à indenização, o coronel explicou que se Bonifácio for condenado pelo homicídio de Ike pela Justiça, o Estado deve pagar a indenização e posteriormente, entrar com ação de regresso contra o policial. Ou seja, ele terá de ressarcir os cofres públicos.

O coronel reforçou à família que lamenta a atitude do policial militar. “Esse comportamento ele não aprendeu na corporação, não foi este o treinamento que ele recebeu. O papel era defender o cidadão arriscando até sua própria vida”.

Os familiares do técnico em enfermagem morto na madrugada do dia 28 de outubro pelo tiro dado por Bonifácio, saíram com as dúvidas esclarecidas, porém com um vazio impossível de ser preenchido.

Mãe desabafa que mesmo com PM preso, ela não terá o filho de volta. (Foto: Minamar Júnior)
Mãe desabafa que mesmo com PM preso, ela não terá o filho de volta. (Foto: Minamar Júnior)

“Satisfeita eu nunca vou estar. Por mais que ele fique preso a vida inteira, isso não vai trazer o meu filho de volta”, disse Jaci.

A esposa de Ike ainda sofre com os filhos que perguntam dele a todo momento. “Eles sentem muita falta dele, estão tendo até febre”.

Caso - Na madrugada do dia 28 de outubro, Bonifácio dos Santos Júnior, 36 anos, lotado na Cigcoe (Companhia Independente de Policiamento de Crises e Operações Especiais) estava com o amigo Osni Ribeiro de Lima, também 36 anos, na casa de show quando ao sair se deparou com uma confusão no local. Segundo a PM, por volta das 4h da manhã, alcoolizado o policial começou a atirar nas pessoas, quando Ike, que não estava envolvido na confusão, foi perguntar por que ele estava atirando. Nesse momento Bonifácio atirou e atingiu a vítima na testa.

Após o crime, o amigo do policial deu fuga para ele em um veículo Peugeot. Os dois foram presos e levados para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do bairro Piratininga.

Ike chegou a ser socorrido, levado ao posto de saúde e devido aos ferimentos, foi encaminhado para a Santa Casa. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu 2h depois de ser baleado.

Bonifácio e o amigo que deu fuga a ele no dia do crime, Osni, foram indiciados ontem pela Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio, por homicídio simples.

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