ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, SEXTA  10    CAMPO GRANDE 25º

Capital

Em viaduto da UFMS, "estrutura está arrebentando", alerta engenheiro

"De zero a 10 eu daria uma nota 4,0 para este viaduto”, complementa o projetista de pontes José Francisco de Lima.

Liniker Ribeiro | 12/02/2019 08:06
Caminhão passa no limite do viaduto da UFMS. (Foto: Kisie Ainoã)
Caminhão passa no limite do viaduto da UFMS. (Foto: Kisie Ainoã)

A situação dos viadutos da Capital continua chamando a atenção de especialistas. Desta vez, o ponto crítico está na Rua Rui Barbosa, sobre a Costa e Silva, na região da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). 

É possível encontrar rachaduras nos pilares e observar a falta de concreto na parte debaixo da alça superior, o que permite avistar até mesmo a estrutura de ferro que dá suporte para o cimento. Para o engenheiro e projetista de pontes José Francisco de Lima, os problemas aumentam ainda mais os riscos de acidentes.

“A estrutura está arrebentando e precisa recuperá-la o mais rápido possível. Aqui nós conseguimos ver que os pilares estão se rompendo e isso é muito grave”, aalerta. A principio, as rachaduras parecem escondidas e quem passa de carro por baixo do viaduto, pela Avenida Costa e Silva, pode não perceber. Mas basta analisar a parte de trás dos pilares para encontrar fissuras e até mesmo pontos onde parte do concreto já se soltou.

Pilar rachado na base, no viaduto da Rui Barbosa com a Costa e Silva.
Pilar rachado na base, no viaduto da Rui Barbosa com a Costa e Silva.
Parte do concreto foi arrancado por veículos maiores na parte de baixo da alça superior do viaduto da UFMS (Foto: Kisie Ainoã)
Parte do concreto foi arrancado por veículos maiores na parte de baixo da alça superior do viaduto da UFMS (Foto: Kisie Ainoã)

“Com o tempo, a armadura começa a oxidar, ela alarga, e o concreto cai”, revela Francisco. No mesmo local, é possível perceber que a parte superior da estrutura também está danificada, possivelmente devido aos veículos altos que passam “arranhando” o concreto e acabam levando embora parte do cimento. “Querendo ou não, isso já está afetando a estrutura, pode trazer danos mais graves”, afirma o especialista.

Uma placa instalada na alça superior do viaduto indica que apenas veículos menores de 4 metros e 70 centímetros podem passar pelo local. Mas não é preciso muito tempo de observação para avistar caminhões passando que quase atingem o limite. “Isso é um tipo de coisa que vai afetando profundamente a estrutura”, revela José Francisco.

Mesmo não sendo possível prever em quanto tempo as condições do viaduto podem motivar um acidente, o especialista alerta para a necessidade de uma manutenção urgente no local. “De zero a 10 eu daria uma nota 4,0 para este viaduto”, complementa.

Ernesto Geisel - Mas as atenções também devem se voltar para outros pontos da Capital. Na Avenida Ernesto Geisel, por exemplo, dois viadutos e uma ponte com alta concentração de veículos também necessitam de manutenção. Por mais que as estruturas montadas estejam “em bom estado”, conforme o engenheiro, alguns cuidados periódicos não estão sendo tomados.

Engenheiro José Francisco apontado para borracha de apoio desgastada na Ernesto Geisel com Manoel da Costa Lima(Foto: Kisie Ainoã)
Engenheiro José Francisco apontado para borracha de apoio desgastada na Ernesto Geisel com Manoel da Costa Lima(Foto: Kisie Ainoã)
Neoprene, borracha colocada para diminuir atrito do viaduto com o pilar de sustentação (Foto: Kisie Ainoã)
Neoprene, borracha colocada para diminuir atrito do viaduto com o pilar de sustentação (Foto: Kisie Ainoã)

“Os neoprenes (suportes em borracha que dão apoio para diminuir o atrito das pontes com os pilares de sustentação) estão desgastados. A vida útil desses aparelhos é de 20 anos, mas o ideal é que eles sejam trocados antes”, revela. Ainda de acordo com a explicação do especialista, sem a borracha, o atrito do viaduto com o pilar seria ainda maior, o que provocaria um grande desgaste na estrutura.

Uma das alternativas para o problema, de acordo com José Francisco, seria erguer os viadutos – mesmo que um lado de cada vez – para fazer a substituição do equipamento. No cruzamento da Avenida Ernesto Geisel com a Rua Manoel da Costa Lima, no bairro Guanandi, é perceptível o desgaste da borracha. O material, que possui uma forma quadrada, já está inclinado.

Buraco no asfalto do viaduto da Salgado Filho expõe a lage e pode provocar problemas na estrutura. (Foto: Kisie Ainoã)
Buraco no asfalto do viaduto da Salgado Filho expõe a lage e pode provocar problemas na estrutura. (Foto: Kisie Ainoã)

Na Ernesto Geisel com a Salgado Filho, as falhas devido à falta de manutenção também são visíveis e vão da falta de concreto em pilares ao asfalto. “Com o viaduto em si está tudo certo. Mas percebemos que falta manutenção e a estrutura é igual carro, se você não faz manutenção, estraga”, ressalta José Francisco. No local é possível encontrar pilares que perderam algumas lascas de concreto e, mesmo a situação ainda não sendo crítica, “é o que dá início ao processo que pode provocar fissuras maiores”, afirma o especialista.

Na parte superior, buracos no asfalto indicam que a pavimentação na Avenida Salgado Filho necessita de melhorias. “Parece um problema pequeno, mas é possível avistar a laje do viaduto onde o asfalto está quebrado. Isso pode começar a afetar de perto a estrutura do viaduto”, avalia o engenheiro.

Grade de proteção quebrada em viaduto da Mascarenhas de Morares (Foto: Kisie Ainoã)
Grade de proteção quebrada em viaduto da Mascarenhas de Morares (Foto: Kisie Ainoã)

Risco para pedestre - Alguns quilômetros à frente, na Avenida Ernesto Geisel com a Avenida Mascarenhas de Morares, nenhum problema na estrutura do viaduto foi encontrado pelo especialista. Mas também são necessárias manutenções. “Aqui o risco maior é para o pedestre. Quem passa por aqui à noite pode encontrar dificuldades”, avalia ele, referindo-se a um pedaço da grade de proteção quebrada e ao concreto que divide o espaço dos pedestres e veículos.

No sábado passado, o Campo Grande News já havia publicado matéria sobre o viaduto da Avenida Ceará e da Afonso Pena. No local, o arquiteto e urbanista Elvio Garabini revelou problemas aparentes, que precisam ser resolvidos antes que representem alto risco para a população.

Sobre o viaduto da Ceará, a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) respondeu, por meio da assessoria de imprensa, que engenheiros foram enviados até o local, "onde não foi constatado nenhum problema estrutural". A Sisep informa que serão feitos alguns reparos pontuais, de rotina, que não comprometem a segurança das travessias.

Já sobre o viaduto da UFMS, a Sisep apenas confirmou que a situação é ruim, mas não detalhou o que será feito no local.

 

Confira a galeria de imagens:

  • Concreto quebrado em pilar do viaduto da Salgado Filho (Foto: Kisie Ainoã)
  • Caminhão passando embaixo da alça superior do viaduto da UFMS  (Foto: Kisie Ainoã)
  • Concreto que divide espaço dos pedestres e dos carros está caído no viaduto da Mascarenhas de Moraes  (Foto: Kisie Ainoã)
Nos siga no Google Notícias