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Capital

Especialistas atribuem aumento de casos de violência à justiça tardia

Lidiane Kober | 30/01/2014 16:01
Casos de violência aumentam e abarrotam Delegacia da Mulher (Foto: Graziela Rezende)
Casos de violência aumentam e abarrotam Delegacia da Mulher (Foto: Graziela Rezende)

O aumento de casos de violência contra a mulher em Campo Grande assustou e deixou em alerta especialistas no assunto. Para eles, o problema é reflexo de um conjunto de fatores, como a justiça tardia que dá a sensação de impunidade, associada ao modelo de sociedade patriarcal e machista, além da falta de políticas públicas de prevenção e de promoção de autonomia da ala feminina.

Nos 12 meses de 2013, seis mulheres foram assassinadas por companheiros na Capital. Somente no primeiro mês deste ano, foram três casos, fora a morte de uma douradense na Espanha e da suspeita de espancamento da jovem Giovanna Nantes Tresse de Oliveira, de 18 anos.

“É reflexo das festividades de final de ano, do excesso de bebida, de drogas, do ciúmes doentio, da dificuldade financeira e da cultura machista a patriarcal”, analisou a subsecretária da Mulher e da Promoção da Cidadania do Governo de Mato Grosso do Sul, Elza Maria Loschi.

Para o sociólogo e professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), David Tauro, a “democracia é uma farsa e o que existe é uma oligarquia machista”. “Os homens acham que a mulher é uma posse, que podem abusar delas. Para piorar a situação, as leis são brandas, a justiça é tardia e dá a sensação de que os agressores podem escapar da punição”, comentou.

Assustada e preocupada com a avalanche de violência contra a mulher, a vereadora Carla Stephanini (PMDB) destaca a necessidade de “mudar o comportamento da sociedade”. “O fenômeno da violência é um problema social, cultural e ideológico”, disse. “Isso só vai mudar à medida que as pessoas tomarem consciência de que o modelo machista e patriarcal é errado e que o certo é uma sociedade justa e igualitária”, emendou.

Presidente do CDDH (Centro de Defesa dos Direitos Humanos Marçal de Souza), Paulo Ângelo de Souza também atribui o momento à falta de ações na área educacional e social. “À medida que as mulheres recebem formação, vão se apropriando dos direitos e enfrentam com mais sabedoria o problema”, avaliou. “A mulher mais escolarizada vai lutar para tirar o marido do alcoolismo e lutar por seus direitos”, reforçou.

Outro problema, na visão do professor da UFMS, é a dificuldade de a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) de agir. “Falta policiamento e atendimento 24 horas”, frisou. “Pior que o problema virou jogo eleitoreiro e só será resolvido a partir do momento que os políticos se dediquem aos fins para que foram eleitos e pararem de brigar entre si”, acrescentou.

A vereadora Carla cobrou ainda urgência na instalação da Secretaria Municipal da Mulher e a reativação imediata do Conselho Municipal da Mulher. “Estamos sem controle em Campo Grande e impedidos de captar recursos federais para promover ações de combate à violência”, ressaltou.

Outra saída, na visão dos especialistas, é aumentar as ações de prevenção, ampliando as palestras educativas nas escolas e nas igrejas. “A mulher precisa romper o silêncio”, defendeu Elza. “Também precisamos de leis mais rigorosas”, emendou o professor da UFMS.

Questionada sobre as ações do Governo do Estado, a subsecretária da Mulher informou que ainda em 2014 será construída a Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande, onde funcionará a Deam por 24 horas. “O Governo Federal já assinou contrato para uma empresa construir a casa, que também disponibilizará viaturas para ir até o local do crime”, destacou.

Em março, quando é comemorado o Dia Internacional da Mulher, o governo intensificará rodada de palestras e trará profissionais de renome nacional para debater o assunto. Além disso, uma unidade móvel irá até os bairros e assentamentos para orientar as mulheres.

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