"Faroeste nas Moreninhas" chegou ao 3º assassinato entre famílias em 16 meses
Crimes começaram em 2022, com tentativa de homicídio que desencadeou execuções a partir de 2024
Aparente roteiro de vingança envolvendo duas famílias nas Moreninhas provocou três assassinatos nos últimos 16 meses em Campo Grande, sem contar com tentativa de homicídio em 2022.
RESUMO
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Um policial militar aposentado de 69 anos e seu neto de 21 foram executados a tiros na varanda de casa, no Bairro Moreninhas, em Campo Grande. O autor dos disparos, Guilherme Urbanek da Rocha, 23 anos, confessou o crime à Polícia Civil, alegando vingança pela morte do irmão em 2024. O caso é parte de uma série de acertos de contas entre grupos rivais. Apesar da violência, moradores afirmam que o bairro não é mais considerado perigoso como antigamente, e que o episódio não reflete a realidade atual da comunidade. A polícia investiga se uma das vítimas tinha envolvimento com episódios anteriores.
O capítulo mais recente dessa sequência aconteceu no último sábado (24), quando o policial militar aposentado Nelson Carvalho Vieira, de 69 anos, e o neto Denner Vieira Vasconcelos, de 21, foram mortos a tiros enquanto estavam sentados na varanda de casa.
O autor dos disparos, Guilherme Urbanek da Rocha, de 20 anos, se entregou à polícia na manhã desta quarta-feira (28), depois de mandado de prisão temporária expedido. Ele já responde por tráfico de drogas.
Segundo apurado, Guilherme pode ter agido por vingança, porque em janeiro de 2024, o irmão dele, de 17 anos, foi executado a tiros na mesma região, supostamente por engano.
Naquela ocasião, o adolescente foi atingido por diversos disparos de 9 mm na Rua Macaba, na Moreninha III, mesmo bairro do duplo homicídio deste mês. À época, a mãe da vítima relatou que, semanas antes, um homem esteve em uma conveniência perguntando pelo paradeiro de Guilherme. Ao não encontrá-lo, teria feito uma ameaça direta: “Se não achar ele, mato o irmão”. A promessa se concretizou no dia 15 de janeiro, quando o adolescente acabou morto. O inquérito sobre o caso ainda não foi encerrado, por dificuldade de identificar os autores, segundo a polícia.
A motivação do autor do crime em 2024 também seria vingança. Em março de 2022, Guilherme Urbanek foi apontado como o responsável por invadir uma festa e atirar contra Matias Madeira de Moraes, de 20 anos, que ficou gravemente ferido, mas sobreviveu.
O crime aconteceu após uma discussão no local, quando Guilherme teria invadido a casa armado e disparado contra a vítima, que foi atingida no tórax. O autor tentou fugir, se escondendo na casa de uma tia, mas foi capturado após cair do telhado ao tentar escapar da abordagem policial. Ele negou o atentado e nunca foi indiciado pelo crime.
Desde então, sem qualquer crime esclarecido, o ciclo se retroalimentou: um atentado, uma retaliação, e outra resposta fatal.
O que depende do depoimento de Guilherme, central na investigação, é a real ligação de Denner, neto do PM aposentado, com os episódios anteriores. A família acredita que ele e o avô foram mortos também por engano, alvos escolhidos apenas pelo sobrenome ou proximidade com desafetos de Guilherme e o que provocou o primeiro atentado em 2022.
Paz no bairro - Enquanto o caso segue sob investigação, a vida nas Moreninhas continua. O que mais se ouve nas esquinas é a dor da perda, mas também a convicção de que a violência não define mais o bairro. “Já vivemos com muito mais medo. Hoje, mesmo com tudo, vivemos em paz”, resumiu uma moradora.
Mesmo assim, moradores das Moreninhas garantem: o bairro não é mais o mesmo de antigamente. “Aqui já foi perigoso, mas não é mais. Acontece crime como em qualquer outro lugar. Esse caso não interfere na nossa vida, eles estão se matando e se vingando”, afirmou uma moradora da região onde viveu o autor do crime, sem se identificar.
Outra vizinha lamenta a tragédia, mas também diz que o episódio não representa a realidade atual da comunidade. “A gente conheceu esses meninos desde pequenos. Infelizmente entraram nesse mundo. Nosso coração fica em pedaços, mas não muda a forma como vivemos. A Moreninha já foi muito pior do que é hoje”.
Um comerciante que conhece ambas as famílias destaca que a disputa entre grupos não reflete no cotidiano da maioria. “Infelizmente vidas se foram, mas isso não tem ligação com o bairro. São jovens tirando a vida de jovens por motivos banais. Hoje, vivemos bem aqui na Moreninha”.
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