Filha de Siqueira chora e diz que pai não teve intenção de dar golpes
Flávia, a mãe e a tia foram interrogadas hoje
Ao fim do interrogatório em juízo nesta segunda-feira, Flávia Siqueira, filha do empresário Gernival Siqueira, dono da garagem Siqueira Automóveis, chorou. Em lágrimas, disse que o pai não teve intenção de aplicar golpes. “Meu pai sempre trabalhou. Nunca teve intenção de dar golpe em ninguém”, disse.
Ela, o pai, a irmã Fábia, a mãe Aparecida e a tia Ione da Silva, são acusados de estelionato, lesando clientes com compra e venda de veículos. De acordo com a acusação, entre 2007 e 2008, a empresa lesou 25 pessoas de duas maneiras: pagamento com cheques sem fundos e não quitação de financiamento de veículos lá vendidos ainda financiados.
Além dela, foram interrogadas Aparecida e Ione. Uma vítima da empresa prestou depoimento. Gernival e a filha Fábia já tinham sido interrogados em outra audiência.
Vítima- Um ex-cliente da revenda de veículos contou à Justiça que havia vendido um Fiat Uno à empresa, recebeu metade do pagamento à vista e o restante em cheque para 20 dias.
O ‘dinheiro de papel’ voltou por falta de fundos e então o homem voltou à garagem e recebeu apenas R$ 3 mil do total de R$ 5,8 mil do cheque. A diferença ele nunca mais recebeu e ainda teve que arcar com quatro parcelas do financiamento do carro.
“Eu me dirigi à loja várias vezes sem sucesso”, declarou sobre as diversas tentativas de receber o que lhe era de direito.
O homem já havia feito negócio outras vezes com o comércio e tudo transcorrido normalmente. Outras vítimas já foram ouvidas pela Justiça.
Ione- Esposa do empresário, ela disse que sempre foi dona-de-casa e só ia à loja quando saía de casa para ir ao centro e que era sócia da empresa somente no papel. “Eu nunca trabalhei na empresa”.
A mulher contou que seu marido “não dizia muita coisa” sobre a empresa. “Dizia que estava com dificuldade”.
Ela falou ainda que Genival foi ameaçado de morte por várias vezes e até foi vítima de sequestro relâmpago. “Pegaram ele oito, nove horas e deixaram ele meio-dia”.
Aparecida - Irmã de Gernival, ela falou que trabalhou como recepcionista na Siqueira Automóveis entre 2007 e 2008 e encaminhava clientes ao setor correto: vendas ou financeiro.
Segundo relato dela em juízo, atendeu muitos clientes quando a empresa já estava sem dinheiro. “Eles chegavam nervosos e diziam que os cheques tinham voltado”.
Flávia- “Nunca tivemos intenção de dar golpe em ninguém”. “A empresa do meu pai faliu e não tínhamos mais condições de pagar”. Foram estas as primeiras palavras da filha do garagista à Justiça. E foi com frase semelhante, e em lágrimas, que ela encerrou o interrogatório. “
Ela declarou que trabalhava no setor de cadastro e de lá saiu em 2008, para trabalhar na empresa do ex-marido. Falou também que emprestava folhas de cheque para o pai e não soube explicar se sabia que não havia dinheiro para compensação, mas que antes da ‘crise’, o pai depositava o valor referente em sua conta.
A jovem relatou também que a família já havia passado por outras crises financeiras. “Achávamos que iríamos nos recuperar”, falou contando que já tinham superado outros momentos difíceis.
Explicação para o calote nos clientes, ela deu duas: a crise financeira mundial à época e também notícia veiculada na imprensa que o ponto comercial utilizado por eles seria vendido.
O processo - Agora, as partes - acusação e defesa - têm prazo para apresentar alegações finais e somente depois disso o juiz profere a sentença.
Gernival Siqueira continua preso.