ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  18    CAMPO GRANDE 18º

Capital

Operando sem contrato, Santa Casa continua funcionando como ‘postão’

Acordo previa redução de 30% na demanda, mas pronto-socorro recebeu quase 2 mil pacientes a mais no primeiro quadrimestre de 2017 em relação o mesmo período de 2016

Anahi Zurutuza e Yarima Mecchi | 10/05/2017 07:11
No pronto-socorro, pacientes menos graves esperam sentados por atendimento (Foto: Marcos Ermínio)
No pronto-socorro, pacientes menos graves esperam sentados por atendimento (Foto: Marcos Ermínio)

Operando desde o início do ano com contratos “tampões”, a Santa Casa de Campo Grande continua sobrecarregada com pacientes menos graves – os chamados de casos de baixa complexidade, na escala de classificação de risco criada pelo Ministério da Saúde. Nos primeiros quatro meses de 2017, o pronto-socorro do hospital recebeu quase 2 mil pacientes mais que no primeiro quadrimestre no ano passado.

A direção reclama, desde sempre, que os atendimentos oneram as contas da instituição, que já estão no vermelho.

Há um mês, a prefeitura e dirigentes da Santa Casa acordaram que os repasses mensais do município para o hospital continuariam em R$ 20 milhões, valor que era pago pelos atendimentos mensais até dezembro do ano passado.

Mas, ambas as partes tomariam providências para que o maior hospital de Mato Grosso do Sul se concentrasse nos pacientes de média e alta complexidade, deixando de ser um “postão” de saúde e assim, economizando 30% dos gastos com as urgências e emergências.

Na prática, nada mudou e estatísticas provam. Conforme a assessoria de imprensa da Santa Casa, de janeiro a abril deste ano, 33.439 pacientes passaram pelo pronto-socorro – média diária de 278 pessoas. Foram atendidos 1.940 doentes a mais que no mesmo período de 2016, quando 31.499 foram recebidos e tratados na emergência do hospital – diariamente, a média de 18 pacientes a menos.

O cenário no hospital é o mesmo: corredores lotados e horas de espera, inclusive de pacientes sentados em cadeiras, que dependendo do caso, poderiam estar sendo tratados em um dos dez postos de saúde 24 horas da cidade – as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e os CRSs (Centro Regionais de Saúde), mantidos pelo Executivo municipal.

Cena que não muda, macas nos corredores por falta de espaços nas alas da emergência (Foto: Marcos Ermínio)
Cena que não muda, macas nos corredores por falta de espaços nas alas da emergência (Foto: Marcos Ermínio)
Na entrada do pronto-socorro, pacientes e acompanhantes amargam espera (Foto: Marcos Ermínio)
Na entrada do pronto-socorro, pacientes e acompanhantes amargam espera (Foto: Marcos Ermínio)

Sem contrato – É que por enquanto o combinado feito no gabinete do prefeito Marquinhos Trad (PSD) no dia 6 de abril não foi assinado. De janeiro a abril, a Santa Casa está operando com contratos “tampões” que só prorrogam – primeiro, por 90 dias (até o fim de março) – o acordo que estava em vigor até o ano passado.

Um novo convênio deve ser assinado para viabilizar o pagamento pelos pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) recebidos na instituição filantrópica em abril.

A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) admitiu, por meio da assessoria de imprensa, “no momento a prefeitura não possui um contrato com a Santa da Casa” e que as partes ainda estão em negociação. A secretaria, portanto, ainda não teria a obrigação de resolver a questão da triagem de pacientes antes que eles sejam enviados ao hospital.

Demanda espontânea – A Sesau informou, no entanto, que está reestruturando a regulação – central onde ficam médicos e outros profissionais para avaliar casos recebidos nos postos de saúde, pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e Corpo de Bombeiros.

O objetivo é justamente filtrar melhor os pacientes encaminhados para a Santa Casa para reduzir a demanda em 30%, percentual estimado de sobrecarga. Contudo, ainda conforme a Sesau, o reflexo só será sentido a médio prazo.

Outra dificuldade para enfrentar a superlotação é a demanda espontânea, de pessoas quem procuram o hospital sem passar pelos postos ou precisarem do socorro do Samu ou bombeiros.

A direção da instituição e a administração municipal estão negociando a presença de uma equipe da Sesau para auxiliar na triagem de quem chega ao hospital sem encaminhamento. Estes profissionais analisariam previamente o caso para orientar o paciente sobre onde procurar atendimento.

Nos siga no Google Notícias