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Capital

Sigilo há 12 anos, “Operação X” manda ouvir Abadia sobre trama em presídio de MS

Alvo de sequestro seria filho do então presidente Lula, mas poucas informações foram divulgadas desde 2008

Aline dos Santos | 16/12/2020 13:00
Abadia ficou preso na penitenciária federal de Campo Grande e foi acusado de tramar sequestro. 
Abadia ficou preso na penitenciária federal de Campo Grande e foi acusado de tramar sequestro.

Há doze anos coberta pelo segredo de Justiça, a “Operação X”, realizada em 4  de agosto de 2008 pela PF (Polícia Federal), teve uma movimentação na reta final deste ano de 2020.

O juiz federal Dalton Igor Kita Conrado, da 5ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande, determinou expedição de edital para que o colombiano Juan Carlos Ramires Abadia, responda à acusação sobre a denúncia de associação criminosa.

Conforme divulgado à época, um plano teria sido arquitetado pelo traficante Fernandinho Beira-Mar de dentro da cela da penitenciária federal de Campo Grande para sequestrar um dos filhos do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O custo seria de 500 mil dólares e o valor financiado por um pool de criminosos, incluindo Abadia e José Carlos Girotti, preso pelo assalto ao Banco Central.

Abadia foi  preso em 2007, na cidade de São Paulo, e transferido para Mato Grosso do Sul. Ele era um dos líderes do cartel Vale do Norte e acusado de centenas de assassinatos.  Duas semanas depois da Operação X, o traficante foi extraditado para os Estados Unidos. Em novembro de 2018,  Abadia foi testemunha de acusação contra  El Chapo, ex-chefe do cartel de Sinaloa (México) e que acabou condenado à prisão perpétua.

De volta à “Operação X”, passados 12 anos, o processo continua em sigilo, enquanto que o usual é o trâmite aberto para consulta pública. Outro diferencial da ação foi ter agente da PF infiltrado, prática pouco comum no Estado.

Agora, o edital é para que Abadia responda, no prazo de dez dias, às acusações do MPF (Ministério Público Federal). “Caso não possua condições financeiras para arcar com despesas advocatícias, deverá procurar a Defensoria Pública da União”, informa o documento, datado de 24 de novembro. Com a extradição em 2008, o processo sobre o colombiano foi desmembrado.

O Campo Grande News questionou o MPF, em Mato Grosso do Sul, sobre o motivo de o processo ser mantido em segredo de Justiça após uma década. A reposta é que embora a ação penal apareça tramitando em MS, a atuação é do MPF de São Paulo, a quem a questão deve ser encaminhada.

 Questionamento similar foi feito à Justiça Federal, mas não houve retorno até a publicação da matéria.

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