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Interior

Professor universitário da Nigéria sofre agressão e racismo em fila de mercado

Mulher do agressor acusou filho do professor, de 6 anos, de tentar roubar seu carrinho de compras

Helio de Freitas, de Dourados | 04/08/2022 09:45
Sede da Polícia Civil em Dourados, onde caso de injúria racial foi registrado (Foto: Adilson Domingos)
Sede da Polícia Civil em Dourados, onde caso de injúria racial foi registrado (Foto: Adilson Domingos)

O professor universitário Sikiru Olaitan Balogun, 48, de origem nigeriana, foi chamado de “preto” e agredido fisicamente nesta quarta-feira (3) na fila de mercado atacadista em Dourados, a 233 km de Campo Grande.

Jaime Matias da Rui, 61, o agressor, foi autuado em flagrante por vias de fato e injúria racial, mas pagou fiança de um salário mínimo e foi solto ainda ontem. A mulher dele, que também participou das ofensas e tratou com preconceito o filho do professor, de 6 anos de idade, foi apenas arrolada como testemunha na Polícia Civil.

A confusão começou quando Sikiru Olaitan Balogun, que é doutor em química, professor da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e naturalizado brasileiro, fazia compras com a mulher, de 43 anos, e o filho do casal, de 6. O mercado atacadista fica localizado na Avenida Marcelino Pires, na saída para Campo Grande.

Sikiru disse à polícia que pediu ao filho para ficar na fila ao lado de um carrinho que ele acreditava que fosse o seu enquanto pesava as frutas. O estabelecimento é conhecido pelas longas filas, inclusive para pesagem de hortifrutigranjeiros, pois não possui balança nos caixas.

Quando voltou para a fila, o menino contou ao pai que tinha sido agredido por uma mulher que o acusou de tentar roubar o carrinho de compras dela. A mulher, de 62 anos, é esposa de Jaime da Rui.

Sikiru foi até a mulher para saber o que tinha acontecido e ela teria dito que eles estavam roubando seu carrinho na fila. Houve discussão envolvendo também Jaime da Rui que acompanhava a mulher durante as compras. O professor foi chamado de “preto” e levou um soco desferido por Jaime.

A Polícia Militar foi acionada e mandou equipe ao local. Funcionários do mercado mostraram imagens das câmeras de monitoramento comprovando que Sikiru tinha sido agredido fisicamente. Outra cliente, de 24 anos, se apresentou aos PMs afirmando que tinha presenciado os crimes e se prontificou a testemunhar contra os agressores.

Jaime e a mulher foram localizados no estacionamento do mercado. No próprio veículo, os dois acompanharam os policiais até a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário).

Segundo o boletim de ocorrência da PM, na delegacia, a mulher de Jaime se dirigiu a um dos policiais e negou que tivesse batido na criança, mas confirmou ter tirado a mão do menino de seu carrinho. Alegou ter feito isso porque em outra ocasião seu carrinho teria sido roubado por “esse tipo de pessoas”, se referindo a estrangeiros. Sikiru manifestou desejo de processar o casal por injúria racial e pela agressão física que sofreu.

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